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FUTEBOL
Dispensado em 1986, com o fim do movimento liderado por Sócrates, técnico deixa atletas participarem de decisões
Juninho reativa "democracia corintiana"
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ex-integrante da "democracia
corintiana", Juninho trouxe de
volta ao clube uma pitada do movimento liderado por Sócrates no
início da década de 80.
Promovido do time júnior para
o profissional, o técnico ouve os
atletas antes de tomar decisões.
Ele deu liberdade para os jogadores opinarem sobre como o Corinthians deve atuar e qual a melhor maneira de corrigir os erros.
No passado, Sócrates e seus
companheiros participavam de
todas as decisões do futebol.
Segundo o atacante Gil, uma
das primeiras atitudes de Juninho, que assumiu o time na terça,
foi pedir aos atletas que falassem
como preferem atuar.
"Não são todos os treinadores
que dão essa liberdade para os jogadores, por isso precisamos
aproveitar e render bem para que
isso continue", declarou Gil.
De cara, os atletas deram palpites sobre a maneira de o time se
posicionar nas cobranças de falta
contra e a favor. No último domingo, os corintianos levaram
um gol logo após cobrança do goleiro são-paulino Rogério. Livre, o
atacante Diego pegou o rebote e
fez o primeiro gol da vitória do
São Paulo por 3 a 0.
O toque de democracia de Juninho no Parque São Jorge torna
ainda mais emblemática a escolha
dele para ser o técnico-tampão,
provavelmente até o final do ano.
O presidente Alberto Dualib,
que deu a última palavra sobre a
sua promoção, dispensou Juninho quando ele era zagueiro.
Em 1986, Dualib era vice de futebol e afastou Juninho junto com
remanescentes da "democracia
corintiana", como o ex-lateral
Vladimir. Juninho estava na equipe desde 1982. As dispensas impediram qualquer tentativa de o
movimento ser retomado.
Para substituir Júnior, Juninho
sofreu a resistência de conselheiros que até hoje não enxergam
com bons olhos os que participaram daquele grupo.
Hoje, o diretor técnico Rivellino
diz aprovar o estilo adotado por
Juninho. "Quem sente a dificuldade em campo é o jogador, então
ele precisa ter liberdade até para
mudar algumas coisas", afirmou.
Na época em que jogava, Juninho conviveu com situações
opostas no Corinthians e na seleção brasileira. Enquanto desfrutava de liberdade no clube, no time
nacional era dirigido por Telê
Santana, que fazia seus jogadores
seguirem uma disciplina rígida.
"Aprendi um pouco com cada
situação, com cada treinador. O
que posso dizer é que gosto do
diálogo com os jogadores", disse
o técnico em sua apresentação.
Quem trabalhou com ele no time amador assegura que Juninho
não herdou a linha-dura de Telê
-o ex-treinador chegou a proibir
seus comandados de usarem penteados extravagantes.
"Em seis meses de trabalho com
o Juninho, nunca ouvi ele dar
uma bronca num jogador", disse
o lateral-esquerdo Vinícius.
Nos primeiros treinos, Juninho
gritou pouco e várias vezes parou
o trabalho para se reunir com os
atletas no gramado.
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