São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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Palmeiras usa defesa para atacar melhor

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Sobe, sobe mais. Sai daí", grita incessantemente Estevam Soares a seus jogadores durante o treino. A ordem é para que o time saia de trás e arme rápido contra-ataque.
No ensaio, tudo vai bem, mas no jogo de hoje, contra o Juventude, às 18h, em Caxias do Sul, o Palmeiras terá de superar mais do que a "timidez" ofensiva que demonstrou no coletivo. A começar pelo esquema montado pelo treinador palmeirense e pelo discurso de seus jogadores.
Estevam optou por oficializar o 3-5-2 no Palmeiras. Pela primeira vez no ano, o clube jogará com três zagueiros de fato: Daniel, Nen, que já vinham atuando como titulares, e Gabriel.
No entanto o treinador não abriu mão da proteção extra à sua defesa. O volante Marcinho, especialista em marcação e que no sistema de jogo anterior -um 3-5-2 disfarçado- tinha a incumbência de completar a trinca defensiva, foi mantido no time. Com isso, o Palmeiras que atuará hoje em Caxias do Sul terá seus quatro melhores marcadores em campo.
Marcinho, que tem média de 20,5 desarmes por jogo, Nen (17,5), Daniel (17) e Gabriel (12,8) são os maiores ladrões de bola da equipe neste Brasileiro.
Como comparação, a média individual do quarteto é bem superior à individual geral da equipe. Enquanto os quatro fazem 16,9 roubadas por confronto, o restante dos palmeirenses desarma apenas 6,9 vezes por partida.
O potencial aumento do poderio defensivo palmeirense fez com que os jogadores passassem a manifestar abertamente a disposição de apenas evitar levar gols contra o time gaúcho, que é rival direto na luta por vaga na Libertadores-2005 -o Palmeiras acumula 56 pontos no campeonato, três a menos que o Juventude.
"Vamos fazer uma linha de quatro no meio-campo. O Estevam disse que dali a bola não pode passar", afirmou Diego Souza.
"Vamos ficar fechadinhos. Estamos preparados para quando eles atacarem", completou o meia.
A vocação defensiva apontada pelo jogador também foi detectada por seus companheiros.
"Vamos ver se o esquema do Estevam dá certo e a gente pára de levar gols bobos", opinou Marcinho, que, no entanto, não vê a postura como retranca.
"Não digo retranca. Vamos jogar com cautela. A preocupação primeiro é defender, para depois sair para o ataque", afirmou.
Apesar da fala dos atletas, que entendem que a postura palmeirense em Caxias do Sul será primordialmente defensiva, o técnico refuta essa idéia.
Estevam acredita que, mesmo atuando com tantos marcadores, o Palmeiras não ficará excessivamente atrás e não irá abdicar de atacar. Para ele, o time não dependerá somente dos contragolpes.
"Treinamos para atacar. Para ir à frente e procurar o gol. Vamos marcar na nossa intermediária", diz Estevam. "Falam que jogamos na retranca, mas não é assim. Retranca é deixar o time todo dentro da área, dando chutão para a lateral e parando a jogada com faltas", justifica o treinador.
No Juventude, o técnico Ivo Wortmann, outro adepto do 3-5-2 neste Nacional, poderá voltar a utilizar o esquema. O time gaúcho, que tem como seu ponto forte o setor defensivo, terá a volta do zagueiro Índio, recuperado de lesão, e dos alas Jancarlos e Zé Rodolpho, que cumpriram suspensão. O desfalque será o goleiro Eduardo Martini, que recebeu o terceiro cartão amarelo.


Colaborou a Agência Folha

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