São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2008

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sem encanto

Mediocridade une Brasil e Argentina

Com Dunga e Basile, rivais não se renovam após fracasso na Copa-06 e, após último fiasco, técnico argentino se demite

Países que sempre dividiram topo no continente agora pecam nos mesmos pontos e deixam Paraguai dominar as eliminatórias da Copa-2010


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Na maior parte da história, um estava em alta, enquanto o outro vivia em baixa. Mas, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, os dois arqui-rivais sul-americanos caminham juntos na mediocridade, e com problemas parecidos.
Depois de dez rodadas, brasileiros e argentinos têm, somados, 33 pontos e 28 gols marcados. Nas eliminatórias para o Mundial de 2002, nesse mesmo ponto do torneio e com ordem idêntica de jogos, esses números eram, respectivamente, 45 e 43. Nas de 2006, 39 pontos e 39 tentos. Números que estão longe de ser pontuais.
No ranking da Fifa, o Brasil, que só empatou com a Colômbia anteontem, no Rio, hoje é o quarto, e a Argentina, derrotada pelo Chile, a sétima. Isso para dois países que encabeçavam a lista no início da década.
Contando também amistosos, a Argentina só ganhou três dos dez jogos que disputou em 2008 e tem a ridícula média de 1,1 gol por jogo. O Brasil é somente um pouco melhor. São quatro vitórias em dez confrontos e 1,2 tento por partida.
Tanta mediocridade resultou, nos últimos meses, em uma semelhança na situação dos treinadores, com crítica e torcida pedindo suas cabeças.
A diferença é que, na Argentina, o treinador Alfio Basile não resistiu à pressão e entregou, na noite de ontem, sua carta de demissão à AFA, a federação argentina, que relutava em fazer uma troca de comando. Não foi definido um substituto, mas cogita-se que Maradona possa integrar a comissão técnica.
Dunga, por enquanto, assegura o emprego graças à vice-liderança nas eliminatórias, mesmo sem apoio público de Ricardo Teixeira, da CBF.
Tanto Basile quanto Dunga não conseguiram fazer renovação de verdade nas seleções, após a eliminação nas quartas-de-final na Copa da Alemanha. A Argentina, com Basile, apostava em veteranos como Zanetti, Heinze e Riquelme. O Brasil de Dunga ainda confia em Juan, Lúcio e Gilberto Silva.
Os grandes rivais na América do Sul ainda coincidem na cobrança de seus maiores astros, acusados de não repetirem nas seleções a atuação nos clubes.
Contra a Colômbia, Kaká não chutou uma vez sequer ao gol. Diante do Chile, Messi passou em branco e novamente foi criticado por seu individualismo.
Os jogadores brasileiros tiveram posições divergentes sobre a atuação de anteontem.
O atacante Robinho, que admitiu não ter jogado bem, lamentou a fraqueza do Brasil em casa. Já o goleiro Júlio César exaltou a vice-liderança. "Sabemos que o empate não era o esperado, mas estamos em segundo. Estamos jogando para nos classificarmos para a Copa e estamos na zona de classificação. Se conseguirmos a vaga, o objetivo será alcançado."


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