São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2010

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Superpoderoso

Com peso decisivo no destino de verbas públicas e privadas, COB assume funções antes fora de sua área de atuação, como a preparação de atletas

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Na lei, o Ministério do Esporte se tornou o órgão mais poderoso na gestão do esporte de alto rendimento no Brasil, excluído o futebol.
Na prática, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) dá as cartas no projeto de transformar o país em potência olímpica nos Jogos do Rio-2016.
Desde a vitória da candidatura carioca à Olimpíada, a entidade estendeu de forma muito mais intensa seu braço da preparação do atleta até a destinação de todos os recursos nesta área.
Em uma ponta, passou a atuar diretamente na preparação de atletas, tarefa que era das confederações até os Jogos de Pequim, em 2008.
De outra, passou a ter atuação decisiva sobre a aplicação de fontes de dinheiro público, como o Bolsa Atleta, recursos diretos do governo e projetos na lei de incentivo, além, claro, da Lei Piva. Até investimentos privados têm recebido o crivo do comitê antes de chegar às confederações ou aos esportistas.
"Já que a gente assumia [os resultados da Olimpíada], ou davam para nós a responsabilidade do resultado bom ou ruim, resolvemos e passamos a atuar com as confederações de forma mais ativa", contou o superintendente de esportes do COB, Marcus Vinícius Freire, que cita como uma das razões a vitória na candidatura do Rio.
Antes de Pequim, o comitê só investia em preparação de atletas às vésperas dos Jogos.
De resto, repassava recursos às confederações e gastava com sua administração.
Agora, conversa com suas filiadas de cada esporte para montar um plano. Mas é o COB quem dá a palavra final.
É o que fica claro quando Freire é questionado sobre o que acontece quando há discordância. "Toco o meu projeto 2016", disse ele. "Poucas vezes isso aconteceu. Com essa estrutura que temos, temos um respeito. Um respaldo técnico muito forte."
Para isso, o COB está montando uma estrutura com um laboratório e um centro de treinamento para lutas em prédio no Parque Aquático Maria Lenk -no futuro, contará com um CT completo montado pelo governo federal. Ainda foi formada uma equipe com profissionais como psicólogos e fisiologistas.
Já são 14 esportistas treinando sob o comando do comitê até agora. Mas mesmo outros competidores sofrem influência direta do COB.
É um colegiado composto por seis membros do comitê e dois do ministério que decide a destinação de aplicação de recursos federais diretos nas confederações, para além da Lei Piva. Haverá R$ 40 milhões disponíveis só em 2010.
Com a aprovação do comitê, o governo repassa o dinheiro por meio de convênio.
A opinião do comitê olímpico também é ouvida sobre projetos para confederações nacionais apresentados à lei de incentivo ao esporte.
"O colegiado é o aprovador técnico dos projetos das confederações. Vem para cá a pauta, e a gente diz as nossas prioridades. A gente não escolhe nem aprova nada. A gente diz, dos 50 projetos, esses dez são nossas prioridades", disse Freire.
No caso do Bolsa Atleta, a lei ainda prevê que o COB seja ouvido para a definição dos novos beneficiados.
Até patrocinadores privados, como um grande banco, procuram o comitê para saber onde investir. O objetivo, contou Freire, é ter uma política única para o esporte de alto rendimento. Política essa que fica nas mãos do COB.


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