São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2001

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FUTEBOL

Classificação da seleção esfria em Brasília campanha pela renúncia do dirigente da CBF, e só CPI pode mudar quadro

Agora, oposição acha que Teixeira não sai

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

A vitória da seleção na última quarta-feira, em São Luís (MA), sobre a Venezuela, que garantiu uma vaga ao Brasil na Copa do Mundo de 2002, era o balde de água fria que faltava para esfriar a campanha comandada pelo ministro Carlos Melles (Esporte) pela renúncia de Ricardo Teixeira da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Parlamentares que estiveram com o ministro, deputado federal licenciado (PFL-MG), afirmaram que ele já vê como muito remota a possibilidade da saída do dirigente da entidade antes da Copa, como previa seu plano inicial.
Além disso, o ministro teme o desgaste por ter liderado uma campanha infrutífera. Melles deixará o governo em março para concorrer novamente a uma vaga na Câmara Federal.
Pesou contra ele também a aproximação de seu partido com a CBF em torno da pré-candidatura de Roseana Sarney (PFL) à Presidência em 2002.
Nos Estados Unidos, onde passou por exames cardíacos, Teixeira prepara sua volta ao comando da CBF para o início de janeiro.
No retorno ao Brasil (ainda sem data prevista), mesmo licenciado da CBF até o início do ano que vem, Ricardo Teixeira irá cuidar pessoalmente da escolha de um nome para assessorar o técnico Luiz Felipe Scolari na Copa.
O dirigente também irá propor mudanças na estrutura da CBF e acertar os detalhes para a campanha brasileira na Ásia.
Mas as iniciativas relativas ao futebol devem esperar dezembro.
O último obstáculo a ser enfrentado pelo dirigente agora é o relatório final da CPI do Futebol, no Senado, que tem data de apresentação marcada para os dias 4 e 5 do mês que vem.
Segundo o relator da comissão, Geraldo Althoff (PFL-SC), Teixeira não será poupado, pois as investigações, iniciadas em outubro do ano passado, encontraram fortes indícios de irregularidades nas contas do dirigente e da CBF.
Teixeira foi investigado por suspeitas de sonegação de impostos, evasão de divisas e apropriação indébita. Ele nega as acusações.
Com a seleção classificada, o relatório passou a ser a última arma dos adversários de Teixeira para pressioná-lo a deixar a entidade, na qual ocupa o cargo de presidente desde 1989.
A idéia é utilizar o relatório de Althoff para mostrar que Teixeira não reúne condições de estar à frente da entidade na Copa, o mesmo argumento evocado pelo ministro Carlos Melles.
Um fundamentado pedido de indiciamento ao Ministério Público, com o carimbo do Senado, pode dar início na Justiça a uma nova devassa contra o dirigente.
Mas os defensores de Teixeira já se articulam para barrar o relatório. O principal argumento é que, mesmo vasculhando a vida do dirigente há mais de 12 meses, a CPI não encontrou provas de que ele tenha cometido os crimes pelos quais vem sendo acusado desde o ano passado.
Se o relatório fosse votado hoje, o grupo contrário a Althoff e Álvaro Dias (PDT-PR), presidente da CPI, venceria. Eles têm a maioria dos 13 votos da comissão.
Enquanto Teixeira não reassume efetivamente seu posto, Alfredo Nunes, o presidente em exercício, ficará no cargo.
Segundo ele, Teixeira deve retornar ao comando após a Assembléia Geral que a entidade fará no dia 16 de janeiro, com a presença de toda a base de apoio do presidente nas federações e nos clubes da primeira divisão.


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