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FUTEBOL
Classificação da seleção esfria em Brasília campanha pela renúncia do dirigente da CBF, e só CPI pode mudar quadro
Agora, oposição acha que Teixeira não sai
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
A vitória da seleção na última
quarta-feira, em São Luís (MA),
sobre a Venezuela, que garantiu
uma vaga ao Brasil na Copa do
Mundo de 2002, era o balde de
água fria que faltava para esfriar a
campanha comandada pelo ministro Carlos Melles (Esporte) pela renúncia de Ricardo Teixeira da
presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Parlamentares que estiveram
com o ministro, deputado federal
licenciado (PFL-MG), afirmaram
que ele já vê como muito remota a
possibilidade da saída do dirigente da entidade antes da Copa, como previa seu plano inicial.
Além disso, o ministro teme o
desgaste por ter liderado uma
campanha infrutífera. Melles deixará o governo em março para
concorrer novamente a uma vaga
na Câmara Federal.
Pesou contra ele também a
aproximação de seu partido com
a CBF em torno da pré-candidatura de Roseana Sarney (PFL) à
Presidência em 2002.
Nos Estados Unidos, onde passou por exames cardíacos, Teixeira prepara sua volta ao comando
da CBF para o início de janeiro.
No retorno ao Brasil (ainda sem
data prevista), mesmo licenciado
da CBF até o início do ano que
vem, Ricardo Teixeira irá cuidar
pessoalmente da escolha de um
nome para assessorar o técnico
Luiz Felipe Scolari na Copa.
O dirigente também irá propor
mudanças na estrutura da CBF e
acertar os detalhes para a campanha brasileira na Ásia.
Mas as iniciativas relativas ao
futebol devem esperar dezembro.
O último obstáculo a ser enfrentado pelo dirigente agora é o relatório final da CPI do Futebol, no
Senado, que tem data de apresentação marcada para os dias 4 e 5
do mês que vem.
Segundo o relator da comissão,
Geraldo Althoff (PFL-SC), Teixeira não será poupado, pois as investigações, iniciadas em outubro
do ano passado, encontraram fortes indícios de irregularidades nas
contas do dirigente e da CBF.
Teixeira foi investigado por suspeitas de sonegação de impostos,
evasão de divisas e apropriação
indébita. Ele nega as acusações.
Com a seleção classificada, o relatório passou a ser a última arma
dos adversários de Teixeira para
pressioná-lo a deixar a entidade,
na qual ocupa o cargo de presidente desde 1989.
A idéia é utilizar o relatório de
Althoff para mostrar que Teixeira
não reúne condições de estar à
frente da entidade na Copa, o
mesmo argumento evocado pelo
ministro Carlos Melles.
Um fundamentado pedido de
indiciamento ao Ministério Público, com o carimbo do Senado, pode dar início na Justiça a uma nova devassa contra o dirigente.
Mas os defensores de Teixeira já
se articulam para barrar o relatório. O principal argumento é que,
mesmo vasculhando a vida do dirigente há mais de 12 meses, a CPI
não encontrou provas de que ele
tenha cometido os crimes pelos
quais vem sendo acusado desde o
ano passado.
Se o relatório fosse votado hoje,
o grupo contrário a Althoff e Álvaro Dias (PDT-PR), presidente
da CPI, venceria. Eles têm a maioria dos 13 votos da comissão.
Enquanto Teixeira não reassume efetivamente seu posto, Alfredo Nunes, o presidente em exercício, ficará no cargo.
Segundo ele, Teixeira deve retornar ao comando após a Assembléia Geral que a entidade fará no dia 16 de janeiro, com a presença de toda a base de apoio do
presidente nas federações e nos
clubes da primeira divisão.
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