São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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São Paulo blinda até o refeitório pelo título

Diretoria "exila" elenco de tietagem interna para manter foco só no Brasileiro

Mesas demarcadas só para os atletas são exemplo das medidas, intensificadas após perda da Libertadores, para evitar tetravice no ano

LUÍS FERRARI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Lugar de boleiro é entre boleiros, longe da euforia pela liderança folgada e da cobrança de quem acha que o tetra virou obrigação após três vices seguidos. O São Paulo blindou seus jogadores para não deixar escapar pelos dedos o título que resta neste ano: o Brasileiro.
A couraça do São Paulo -segundo colocado no Paulista, na Libertadores e na Recopa Sul-Americana nesta temporada- foi moldada para que os jogadores tenham apenas uma preocupação: jogar futebol.
"Após a perda da Libertadores, só restava o Brasileiro. E existia pressão, gente querendo pregar crise, programa de TV exibindo caixão, essas babaquices... O planejamento e a estrutura do clube não deixaram o elenco se abalar", disse o volante Josué, que exemplifica com a decisão de antecipar as concentrações para certas partidas.
Os cuidados do clube não se restringem ao pagamento em dia de salários e prêmios. Nos bastidores é que a blindagem é mais necessária.
Nas viagens em vôos fretados, os atletas e a comissão técnica viajaram nas últimas fileiras dos aviões e dois seguranças marcavam uma "fronteira", para impedir o assédio aos atletas.
Já a parte da frente da aeronave era destinada a dirigentes, conselheiros e convidados. Segundo João Paulo Jesus Lopes, vice de futebol, as instruções vão além. "Na chegada, primeiro jogadores e comissão técnica saem de ônibus. Só depois dirigentes e convidados deixam o avião. Na volta é o contrário. Como os atletas ficam para entrevistas, entram por último", disse Jesus Lopes, que em alguns casos poupa os são-paulinos até de passar pelo saguão. "Quando dá, eles descem a escada [do avião], pegam o ônibus na pista e vão para o hotel."
Outro detalhe é que no ônibus dos jogadores somente o presidente, o vice de futebol, o gerente e o superitendente acompanham os atletas. Nem mesmo o ex-presidente Marcelo Portugal Gouvêa, atual diretor de planejamento, tem vaga. Ele usa o ônibus dos dirigentes e convidados nas viagens.
No centro de treinamento, a política de preservação é mantida. No refeitório, por exemplo, a divisão é nítida: há mesas reservadas para uso exclusivo dos jogadores. Ao lado, o lugar para os integrantes da comissão técnica, que servem de anteparo para convidados e dirigentes, que almoçam na mesa próxima à sala de televisão.
"Na verdade, a gente sabe que jogador não gosta de ser incomodado. Eles [atletas] às vezes se constrangem. Isso é comum em boleiros, e essas medidas são para deixá-los à vontade", comentou Lopes.
Nos hotéis, os cuidados também existem. "Às vezes, até o quarto do técnico [Muricy Ramalho] fica longe dos jogadores para evitar algum tipo de desgaste. Para lidar com grupo, a gente procura tomar muitos cuidados", disse o superintendente Marco Aurélio Cunha.


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