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FUTEBOL
Goleiro titular do Grêmio é o jogador há mais tempo em um único time
Danrlei bate o recorde de
estabilidade entre atletas
RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O goleiro Danrlei Hinterholz,
27, viu passar pelo Grêmio três
presidentes, quatro patrocinadores, nove técnicos e dez duplas de
zaga. E ele lá, no mesmo lugar.
Na atualidade, é o jogador que
está há mais tempo em um mesmo clube e no posto de titular (oito temporadas), algo cada vez
mais raro em tempos de passe livre e transações milionárias.
""Tive propostas para sair, mas
acabei ficando por vários motivos", afirmou o goleiro.
Ele enumera as razões:
1) o Grêmio não é um time vendedor; 2) o mercado para goleiro
é restrito; 3) o passe do jogador
dessa posição é menos valorizado;
4) sua fama de briguento causada
por expulsões e brigas em campo;
e 5) sua identificação com o clube,
Porto Alegre e o Estado.
Com contrato até o final de
2003, ele já soma 427 atuações pelo time. E a próxima partida, hoje,
contra o São Caetano, é decisiva
para o retorno do Grêmio para a
Taça Libertadores, torneio sul-americano conquistado em 1995 e
almejado novamente agora que o
clube tem uma parceria com a
empresa suíça ISL.
É justamente essa época que
Danrlei classifica como a melhor
fase da carreira até o momento.
""Entre 1994 e 1997, ganhei tudo o
que imaginei."
Foram dois títulos gaúchos
(1995/96), dois da Copa do Brasil
(1994/97), o Brasileiro (1997) e a
Libertadores (1995). Só faltou o
Mundial interclubes, quando os
gremistas perderam para o Ajax,
da Holanda.
Por outro lado, o pior momento
foi em 1999, quando se separou da
mulher -o litígio judicial afetou
seu rendimento em campo.
Ainda com seus bens em juízo,
tenta reerguer sua vida financeira
montando uma franquia de relógios suíços em um shopping.
A primeira vez que Danrlei pisou o gramado do estádio Olímpico foi em 1986, quando tinha 13
anos. Seu tio Beto era goleiro reserva do Grêmio e levou o garoto
para acompanhar um treino.
Danrlei morava em Crissiumal,
cidade próxima à fronteira com a
Argentina, mesmo local onde
cresceu outro goleiro: Taffarel.
Ele tinha ido à capital gaúcha
nas férias de inverno. Como o tio
tinha medo de que ele se perdesse,
ordenou que ficasse atrás do gol,
servindo de gandula. ""Não queria
que a bola fosse longe, me atirava
para defendê-la. Um diretor de
Grêmio viu e me disse para fazer
um teste", afirmou o jogador.
Terminado o ano e a oitava série, Danrlei se internou no Grêmio para uma estada que já dura
13 anos. ""Nos dois primeiros
anos, eu era muito interiorano e
quase não saía do clube."
Com 16 anos, foi vice-campeão
em 1991 da Copa São Paulo de juniores, competição com jogadores até 21 anos.
Mas precoce mesmo foi sua ascensão ao time profissional em
meados de 1993. Os três goleiros
do Grêmio se contundiram, e
Danrlei, na época com 19 anos, foi
chamado da equipe júnior.
Duas boas atuações convenceram o técnico Luiz Felipe Scolari a
confirmá-lo como titular.
Vieram os títulos e as convocações para a seleção brasileira. Sua
estréia foi na equipe pré-olímpica,
em outubro de 1994, contra o Chile do então novato Marcelo Salas.
Vitória do Brasil por 4 a 0.
Como reserva, Danrlei esteve na
Olimpíada de Atlanta e, depois,
foi convocado para a seleção principal. Sua última convocação foi
para a Copa América de 1995,
quando o Brasil foi vice-campeão.
Teve uma proposta do La Coruña e outra do Flamengo para sair,
mas optou por ficar.
""Em uma transferência, ganharia os 15%, que corresponderiam
a US$ 150 mil. Para isso, prefiro ficar em Porto Alegre e lucrar com
meus negócios", afirmou.
Ele reclama da imagem de briguento que conseguiu. ""Sou um
cara da fronteira, lugar de um
passado de lutas. Entro em campo
para ganhar e, às vezes, faço muita
besteira. Mas estou peleando pelo
meu time", declarou. ""Quem me
conhece do dia-a-dia sabe como
eu sou. Não sou um descontrolado", completou.
Danrlei busca agora uma redenção após ter um começo meteórico de carreira, seguido por temporadas estacionárias.
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