São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2000

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FUTEBOL
Presidente da comissão do Senado que investiga o futebol suspeita que empresa foi criada para burlar o Fisco
CPI vai quebrar sigilo da Palmeiras Ltda.

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

A CPI do Futebol, que na última quinta-feira encerrou suas atividades deste ano, vai quebrar os sigilos bancário e fiscal da Palmeiras Futebol Ltda., empresa que foi criada pela diretoria do clube paulista em dezembro de 1999.
A Folha revelou anteontem que a Sociedade Esportiva Palmeiras, seu presidente, Mustafá Contursi, e quatro vices transformaram o clube em uma empresa de capital fechado com patrimônio de cerca de R$ 45 milhões, o que a coloca entre as 300 maiores do país de acordo com ranking elaborado pelo jornal "Gazeta Mercantil".
O presidente da comissão instalada no Senado para investigar o futebol, Álvaro Dias (PSDB-PR), afirmou, em entrevista por telefone, que vai devassar a vida bancária da Palmeiras Futebol Ltda..
"Certamente vamos quebrar o sigilo dessa empresa. O Corinthians, o Vasco e o Cruzeiro também utilizaram esse tipo de artifício, que obviamente tem indícios de que é feito para sonegar imposto", declarou o parlamentar, que vai apresentar requerimento após o fim do recesso do Congresso, marcado para fevereiro de 2001.
A CPI do Futebol tem fechado o cerco contra os maiores clubes do país e seus dirigentes.
Antes do depoimento do presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, foram aprovados requerimentos para devassar as vidas fiscal e bancária de 16 grandes clubes -entre eles o Palmeiras- e de dirigentes.
Mustafá Contursi e os deputados Eurico Miranda (PPB-RJ), presidente eleito do Vasco, e Zezé Perrela (PFL-MG), que comanda o Cruzeiro, foram atingidos.
No total, a CPI quebrou 56 sigilos de pessoas, empresas e entidades ligadas ao futebol.
"As quebras são um dispositivo importantíssimo para a comissão poder verificar quais empresas ou pessoas cometeram crimes fiscais", explicou Álvaro Dias.
Na semana passada, a Folha revelou que o mundo futebolístico -que inclui clubes, federações, a CBF, empresários e jogadores- tem uma dívida de quase R$ 110 milhões com a Receita Federal.
Já o débito com a Previdência Social já alcança R$ 218 milhões, segundo dados divulgados pelo ministro Waldeck Ornélas.
A Sociedade Esportiva Palmeiras, que tem sido elogiada por seus rivais pela implantação da política do bom e barato, lidera, entre os times paulistas, o ranking de devedores aos dois órgãos do governo federal.
À Previdência, o time do Parque Antarctica deve cerca de R$ 17 milhões -só perde para Flamengo e Fluminense. Já a Receita autuou o clube em R$ 4,8 milhões.
Sem a quebra de sigilo da Palmeiras Futebol Ltda., os parlamentares não teriam acesso a boa parte dos negócios do clube realizados em 2000.
De acordo com o contrato social da empresa, registrado na Junta Comercial do Estado de São Paulo, as principais transações do clube envolvendo compra e venda de jogadores foi feita por meio da empresa de capital privado criada pela diretoria palmeirense.


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