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FUTEBOL
Presidente da comissão do Senado que investiga o futebol suspeita que empresa foi criada para burlar o Fisco
CPI vai quebrar sigilo da Palmeiras Ltda.
FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
A CPI do Futebol, que na última
quinta-feira encerrou suas atividades deste ano, vai quebrar os sigilos bancário e fiscal da Palmeiras Futebol Ltda., empresa que foi
criada pela diretoria do clube
paulista em dezembro de 1999.
A Folha revelou anteontem que
a Sociedade Esportiva Palmeiras,
seu presidente, Mustafá Contursi,
e quatro vices transformaram o
clube em uma empresa de capital
fechado com patrimônio de cerca
de R$ 45 milhões, o que a coloca
entre as 300 maiores do país de
acordo com ranking elaborado
pelo jornal "Gazeta Mercantil".
O presidente da comissão instalada no Senado para investigar o
futebol, Álvaro Dias (PSDB-PR),
afirmou, em entrevista por telefone, que vai devassar a vida bancária da Palmeiras Futebol Ltda..
"Certamente vamos quebrar o
sigilo dessa empresa. O Corinthians, o Vasco e o Cruzeiro também utilizaram esse tipo de artifício, que obviamente tem indícios
de que é feito para sonegar imposto", declarou o parlamentar, que
vai apresentar requerimento após
o fim do recesso do Congresso,
marcado para fevereiro de 2001.
A CPI do Futebol tem fechado o
cerco contra os maiores clubes do
país e seus dirigentes.
Antes do depoimento do presidente da Confederação Brasileira
de Futebol, Ricardo Teixeira, foram aprovados requerimentos
para devassar as vidas fiscal e bancária de 16 grandes clubes -entre
eles o Palmeiras- e de dirigentes.
Mustafá Contursi e os deputados Eurico Miranda (PPB-RJ),
presidente eleito do Vasco, e Zezé
Perrela (PFL-MG), que comanda
o Cruzeiro, foram atingidos.
No total, a CPI quebrou 56 sigilos de pessoas, empresas e entidades ligadas ao futebol.
"As quebras são um dispositivo
importantíssimo para a comissão
poder verificar quais empresas ou
pessoas cometeram crimes fiscais", explicou Álvaro Dias.
Na semana passada, a Folha revelou que o mundo futebolístico
-que inclui clubes, federações, a
CBF, empresários e jogadores-
tem uma dívida de quase R$ 110
milhões com a Receita Federal.
Já o débito com a Previdência
Social já alcança R$ 218 milhões,
segundo dados divulgados pelo
ministro Waldeck Ornélas.
A Sociedade Esportiva Palmeiras, que tem sido elogiada por
seus rivais pela implantação da
política do bom e barato, lidera,
entre os times paulistas, o ranking
de devedores aos dois órgãos do
governo federal.
À Previdência, o time do Parque
Antarctica deve cerca de R$ 17 milhões -só perde para Flamengo e
Fluminense. Já a Receita autuou o
clube em R$ 4,8 milhões.
Sem a quebra de sigilo da Palmeiras Futebol Ltda., os parlamentares não teriam acesso a boa
parte dos negócios do clube realizados em 2000.
De acordo com o contrato social
da empresa, registrado na Junta
Comercial do Estado de São Paulo, as principais transações do clube envolvendo compra e venda de
jogadores foi feita por meio da
empresa de capital privado criada
pela diretoria palmeirense.
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