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FUTEBOL
Ao todo, 53 jogadores foram convocados para os 10 jogos da seleção brasileira nas eliminatórias da Copa de 2002
Entra-e-sai é desafio para Leão em 2001
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
O entra-e-sai de jogadores virou
marca registrada da seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002.
A nove rodadas do término da
competição, a seleção envereda
por um caminho perigoso e repete, em sua preparação para o
Mundial da Coréia do Sul e do Japão, um erro que foi fatal em 1966.
Após dez jogos nas eliminatórias sul-americanas, o Brasil ainda
não tem um time-base formado.
Pior: conseguiu a proeza de não
repetir uma vez sequer a mesma
equipe durante a competição.
A balbúrdia na qual se transformou a seleção fica clara nos números. Durante as eliminatórias,
foram convocados 53 jogadores-seis goleiros, sete laterais,
dez zagueiros, 16 meio-campistas
e 14 atacantes. Ou seja, daria para
formar quase cinco times.
Durante a fase de preparação
para o Mundial de 66, na Inglaterra, por exemplo, o Brasil fez 20 jogos e jamais repetiu o mesmo time -45 atletas foram convocados, e a seleção caiu rápido, logo
na primeira fase da Copa.
O ex-técnico da seleção Wanderley Luxemburgo, que comandou a equipe brasileira nas oito
primeiras partidas das eliminatórias, chegou a anunciar no início
da disputa que convocaria, no
máximo, 35 jogadores ao longo
da competição. Errou nas previsões e acabou chamando 48.
O auxiliar Candinho, que sucedeu Luxemburgo interinamente
no jogo contra a Venezuela, foi
obrigado a usar o Vasco da Gama
como base da seleção.
"A base é fundamental não só
no futebol, mas em qualquer segmento. Sem ela, você não consegue chegar a lugar algum", afirmou o técnico do Flamengo, Zagallo, que integrou a comissão
técnica da seleção nas duas últimas Copas do Mundo.
Durante a preparação para a
Copa-94, foram chamados 28 jogadores. O técnico Carlos Alberto
Parreira, no entanto, só utilizou
23 atletas no torneio.
Diferentemente de hoje, a equipe de Parreira possuía uma base,
que foi mantida até a Copa. Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha,
Márcio Santos, Branco, Mauro
Silva, Dunga, Zinho, Raí, Bebeto e
Muller atuaram na maioria das
partidas. "Não dá para chegar às
eliminatórias sem um time formado. Eu e o Parreira formamos
uma base para as eliminatórias e
para a Copa", disse Zagallo.
"Se você não monta uma estrutura, está perdido. Foi o que aconteceu com o Luxemburgo. O Leão
tem agora um rabo de foguete nas
mãos", acredita o treinador.
De fato, a situação do novo técnico da seleção brasileira, Emerson Leão, é complicada.
Até o momento, apenas um jogador, Cafu, parece ter a posição
de titular assegurada. Mesmo assim, por falta de bons laterais-direitos no futebol do país.
No gol, Dida era o preferido de
Luxemburgo, mas perdeu o lugar
para Rogério. Este, por sua vez,
pode ceder a vaga para Bosco, que
conta com a simpatia de Leão.
A dupla de zagueiros também é
uma incógnita. No início das eliminatórias, Aldair e Antônio Carlos eram os titulares.
Aos poucos, porém, foram sucumbindo devido às más atuações. Lúcio e Roque Júnior são as
bolas da vez.
No meio-campo, Emerson e
Vampeta reinavam como volantes. O primeiro se contundiu e só
deve voltar a atuar em 2001. Vampeta foi para a Inter de Milão e
amargou a reserva na equipe italiana. De volta ao Brasil, quer arrumar um time para jogar, sair do
ostracismo e se firmar como titular da equipe de Leão.
Nem mesmo Rivaldo, que foi
eleito o melhor jogador do mundo em 99, tem lugar assegurado
na seleção do entra-e-sai.
A presença do jogador no time
brasileiro vem sendo contestada
em razão de suas fracas atuações.
Rivaldo ameaçou até abandonar a
seleção após ser criticado no jogo
contra a Colômbia. E os problemas não param por aí.
O ataque brasileiro é, de longe, o
setor mais indefinido da equipe.
Até agora foram testadas nove
duplas diferentes.
Dos 21 gols anotados pela seleção nas eliminatórias, apenas oito
foram feitos por atacantes- sete
de Romário e um de Euller.
A média, de apenas 0,8 gol por
partida, é inferior à dos meias, que
marcaram nove gols no torneio.
Esse é o "rabo de foguete" ao
qual se referiu Zagallo e que Leão
terá nas mãos daqui em diante. O
treinador, contudo, já tem a solução na ponta da língua: "O ideal é
ter uma base e mexer pouco no time se for possível".
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