São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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DAY AFTER

Atacante reclama por ser acordado ao meio-dia após noite de festejos e se diz "despreparado" para jogar no exterior

Robinho afirma que seu melhor ainda está por vir

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O atacante Robinho, 18, herói santista da final do Brasileiro, reclamou com a mãe, Marina da Silva Souza, 42, porque ela o acordou às 12h de ontem para tomar café da manhã.
Depois de participar das comemorações pelo título, chegar em casa às 4h e deitar às 8h, a principal revelação do campeonato só queria dormir. "Ele já acordou bravo. Não gosta que a gente chame, mas, se deixar, dorme o dia todo", disse a mãe.
No prédio onde a família mora, no bairro José Menino (classe média alta), em Santos (SP), nada indicava a presença do maior ídolo santista, já apelidado de "Pelezinho" pelos torcedores.
Para o pai, Gilvan da Silva, 42, o dia foi normal. Ele só poderia ver o filho à noite. Logo cedo, saiu para trabalhar, numa unidade da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), onde há 22 anos é ajudante de encanador.
Com receio de ir ao Morumbi -no jogo anterior foi hostilizada ao passar inadvertidamente com o carro entre torcedores corintianos-, Marina Souza preferiu assistir à final pela televisão, na casa de amigas, no bairro Parque Bitaru (classe média baixa), em São Vicente, onde Robinho nasceu e a família morava até um mês e meio atrás.
Tomando café ao lado do primo Tião, Robinho disse já sonhar com as férias, embora esteja convocado, com os companheiros Diego e William, para a seleção brasileira sub-20 que disputará o Sul-Americano da categoria, em janeiro, no Equador.
"Não vê o Diegão? Com esse esforço todo, sentiu", afirmou o atacante, em referência à lesão muscular que, aos 4min do primeiro tempo, tirou da partida o amigo, com o qual trocou de camisa ao ascender para o profissional -no time juvenil do Santos, Diego usava a número 7, e Robinho, a 10. "Comigo, não tem essa de número de camisa. Jogo com a que o treinador me der."
Autor do primeiro gol e das jogadas que resultaram nos outros dois marcados pelo Santos, Robinho conteve a emoção enquanto assistia pela televisão aos lances do jogo, mas gargalhou ao ver as entrevistas dos colegas. "Vou zoar no treino", disse, ao perceber que o zagueiro André Luis não encontrava as palavras para articular uma frase.
Robinho ainda se diz incapaz de dimensionar a importância do feito dele e dos companheiros para a torcida do Santos, que não comemorava tão intensamente uma conquista desde 1984.
Para o jovem, o desempenho na partida, na qual se converteu no principal destaque com o goleiro Fábio Costa, ainda está longe do que ele acredita ser capaz de exibir. "Minha melhor atuação ainda está por vir. Não me contento com pouco." Apesar da fama e das propostas que deverá receber, Robinho, com contrato até 2005, ainda se diz "despreparado" para viver fora. (FS)


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