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BASQUETE
Terra de cego
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Quatro, no máximo cinco
equipes costumam jogar pelo título do Paulista masculino.
Um pelotão intermediário luta
apenas para se classificar ao Nacional e, assim, preservar o projeto basquete ao longo de todo o
"ano fiscal". Completam a primeira divisão os chamados "times de três meses", geralmente
montados às pressas, com objetivos tão despretensiosos quanto
seus borderôs.
Neste ano, as circunstâncias esvaziaram o grupo de elite. Limitaram, pelo menos na teoria, a luta pela taça a duas equipes.
A fuga do patrocinador implodiu o campeão brasileiro, Bauru.
Forças de tradição, como Franca
e Mogi, com (alguns meses, sem) o
dinheiro contado, persistem na
árdua e longa marcha da reconstrução -o último remontou o time quase inteiro neste semestre.
Restaram dois clubes, ambos
respaldados por instituições de
ensino privado (o motor que menos quebra nos boxes do basquete
nacional nos anos 2000): Ribeirão
Preto e Araraquara.
Uma série de contusões e um
certo deslumbramento, natural
após o inesperado e contagiante
sucesso nos torneios anteriores,
minaram a campanha desta.
Nada minou a daquela.
Com o projeto mais antigo e um
sólido parceiro (COC), Ribeirão
Preto mostrou entrosamento, preparo físico, força política e tranquilidade emocional e literalmente sobrou no Estadual.
A equipe ostenta o melhor ataque. É a mais prolífica, 98,8 pontos por partida. E é a mais precisa
entre os 17 participantes, tanto
nos tiros de dois pontos (58,9%)
como nos de três (38,6%).
O investimento na capacidade
atlética, que norteou a formação
do elenco, rendeu dividendos. O
time atropela nos contra-ataques.
Chuta quase sempre na segurança -até os armadores, posição
fadada a arremessos de desespero, exibem 57% de pontaria. E cava muitas faltas -só dois classificados, Franca e Casa Branca, atiram mais lances livres.
Ao fazer prevalecer sua velocidade, força física e aplicação tática, garante fluidez ofensiva. Por
isso lidera o ranking de assistências, passes perfeitos que redundam em cestas (20,6). Os cinco titulares pontuam na casa de dois
dígitos, embora nenhum atue
mais de 30 minutos por jogo.
Pelos mesmos motivos, Ribeirão
Preto exibe, também, a melhor
defesa. É a menos vazada, média
de 77,3 pontos. E é a que mais faz
suar os rivais, como comprovam
os seguintes números, todos sem
paralelo no torneio: 12,7 assistências permitidas, 19,7 "turnovers"
forçados e 12,2 bolas roubadas.
Acossados, os adversários não
conseguem acertar mais de 33%
dos arremessos de quadra, outro
recorde deste campeonato.
A disciplina e o equilíbrio repetem-se na quadra defensiva. Embora seja a 12ª equipe mais faltosa (23,4), nenhum de seus atletas
registra mais de três infrações por
partida, o que a distingue das outras sete classificadas.
O time excele, ainda, no jogo
vertical. Encabeça tanto o ranking de tocos (4,6) como o de diferencial de rebotes (+ 8,1).
Assim, tamanha a superioridade, varou invicto a fase de classificação. Ainda que seja levado em
conta o baixo nível do Estadual,
trata-se de uma proeza (inédita?).
Ter mantido a chama acesa durante 30 rodadas, num ritmo frenético de três confrontos por semana, foi o principal mérito do
técnico Lula e de sua comissão.
Ribeirão 1
O ala Renato é o jogador talentoso e lúcido do time. Mas Alex sobressai no Paulista: 18,1 pontos (60% de precisão nos arremessos),
4,7 rebotes, 4,1 assistências, 2,9 desarmes e 1 toco. Fosse mais alto
-e tivesse uma pitada de visão de jogo-, o explosivo ala-armador de 1,89 m e 22 anos não faria estrago só em território nacional.
Ribeirão 2
Que fique claro, os playoffs de janeiro podem ser um campeonato
distinto. Os adversários virão reforçados. Franca, por exemplo, enfim reestreará Helinho. E a interrupção para as festas de fim de ano
constitui ameaça para quem se acostumou a jogar no embalo.
Torneira
"Hoje sei que o presidente da CBB, embora bem intencionado, toma posições e decisões políticas, visando seu interesse pessoal na
permanência no cargo. Lamentável." Palavras de Hélio Rubens.
E-mail melk@uol.com.br
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