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FUTEBOL
Jogo com casa cheia entre o líder Santos e o Vasco vai anteceder sorteio de carros em estádio de São José do Rio Preto
"Final" do Brasileiro é preliminar de bingo
FÁBIO VICTOR
MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADOS ESPECIAIS A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Primeiro, um espetáculo de futebol. Depois, um show de prêmios. Neste domingo, às 16h, Santos e Vasco decidirão o Brasileiro
e serão preliminar do bingo mensal do estádio Benedito Teixeira,
em São José do Rio Preto.
A realização da partida na cidade do interior, acordada entre a
direção santista e o América local,
criou uma situação inusitada.
Para que o Teixeirão visse o
maior jogo de sua história, a solução foi mudar o horário do sorteio
das 10h para as 20h, duas horas
depois do fim do Nacional. Isso
significa que, se houver festa santista no domingo, será breve.
"Na comemoração eles não vão
permanecer ali. O máximo que
vão ficar são 15 minutos. A capacidade de evacuação é grande, são
12 portões", afirmou Pedro Rodrigues Filho, coordenador operacional do 17º Batalhão da Polícia Militar do interior.
Para a diretoria, a realização de
dois eventos de grande porte no
mesmo dia não preocupa."Não
será preciso evacuar todo mundo,
porque muitos vão ficar para o
sorteio", afirmou Dourival Lemes, vice de futebol do América.
A necessidade de acomodar os
dois eventos já era sabida havia
duas semanas. O impasse era o local onde ocorreria o bingo, que
aguarda cerca de 20 mil participantes, concorrentes a cinco carros zero. Cogitou-se até a mudança para o estádio Riopretão, mas a
diretoria do América optou por
mantê-lo no Teixeirão. Além disso, outras cidades, como Presidente Prudente, tentavam levar a
decisão para seus limites.
O retorno do assunto, porém,
irritou o presidente do clube,
Joacy Antônio Lopes. "Estamos
diante da maior decisão do ano e
você vem me perguntar de bingo", disse o dirigente à Folha.
A locação do estádio para a promoção do bingo renderá, segundo o vice-presidente Ari Rezende,
R$ 5.000 ao América, que em 2005
voltará à elite do Estadual.
Já a visita dos santistas renderá
aos cofres do clube cerca de R$
9.000 -o equivalente a 8% da
renda bruta. Ontem, todos os
36.426 ingressos se esgotaram. A
carga é maior que os 35.378 que o
site da FPF informa ser a capacidade do estádio. "Deve ser algum
engano da federação, porque reduzimos para 36.700 lugares para
adequar o estádio ao Estatuto do
Torcedor", disse Rezende. Segundo a PM, o ofício enviado pelo
Santos também não batia com a
carga de bilhetes divulgada -falava em 35 mil ingressos à venda.
Na venda dos ingressos derradeiros ontem, em Rio Preto, não
faltou tumulto. Torcedores se
aglomeravam violentamente em
frente à bilheteria do Teixeirão, o
que obrigou a polícia a recorrer à
tropa de choque e usar gás pimenta. Na confusão, houve desmaios
e pelo menos um cambista foi
preso. Segundo o major Jean
Charles, subcomandante do 17º
Batalhão, a culpa foi dos organizadores do evento. No domingo,
370 soldados estarão no local.
O presidente do América, Joacy
Antônio Lopes, tratou o assunto
com tranqüilidade. "É assim em
todo lugar em uma decisão como
essa, devido à quantidade de gente que quer ver o jogo e fica sem
ingressos", afirmou.
Questionado sobre o maior jogo
da história do estádio, inaugurado em 1996, o dirigente foi direto.
"É esse aí mesmo. Teve um jogo
da seleção contra Gana em 1999,
mas nem teve torcida."
Colaborou Edson Dialves, free-lance para a Agência Folha, em Rio Preto
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