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FUTEBOL
Encanto e desencanto
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
No Flamengo, muito mais
importante do que as saídas
do Júnior Baiano e do Fábio
Baiano, foi a contratação do Zinho. Com o seu futebol inteligente
e solidário, Zinho organizou o
meio-campo. O Flamengo tem
agora três armadores protegendo
os zagueiros. Quando o time recupera a bola, o jovem Ibson e o veterano Zinho chegam à frente, cada um no seu ritmo.
Felipe continua dando show.
No início de sua carreira, ele jogava de lateral. Depois atuou de armador pela esquerda, de volante
e de ala. Abel o colocou em nova
posição, de meia ofensivo, livre,
próximo dos dois atacantes, sem
obrigação de recuar e marcar. Luxemburgo fez o mesmo com Alex,
no Cruzeiro.
Felipe está agora driblando
mais perto do gol ou pelas laterais
e não no meio-campo, como fazia. Não se pode deixá-lo dominar a bola e ficar de frente para o
marcador. A sua arrancada inicial é fantástica. Não há como desarmá-lo.
Se o Felipe jogar no Campeonato Brasileiro metade do que joga
no Estadual, terá de ser convocado para a seleção e reconhecido
como um craque nacional e não
apenas um craque do Rio, do Maracanã. Os grandes jogadores do
futebol carioca e brasileiro brilharam em diferentes situações. Por
isso foram craques. Os Estaduais
de todo o Brasil não são parâmetros para se avaliar um atleta. A
maior parte dos times é ruim.
O futebol do Felipe já me encantou e desencantou várias vezes.
Preciso de mais tempo para ficar
novamente encantado.
Rótulos
No clássico paulista, o Corinthians confirmou que tem um time fraquíssimo, ainda mais sem
os seus dois melhores jogadores,
Rogério e Gil. O São Paulo mostrou que o grande reforço do time
é o Cicinho, embora tenha jogado
menos do que no Atlético.
Grafite foi uma boa contratação. Ele é alto, forte, veloz e faz
uma boa dupla com Luis Fabiano. Porém tinha grandes esperanças nos jovens Kléber e Diego Tardelli, que já atuaram bem no ano
passado. Kléber foi embora, e Cuca esqueceu do Tardelli.
O São Paulo contratou bons armadores, mas o melhor continua
sendo o Fábio Simplício. Ele não é
excepcional, mas é um bom volante. Nesse jogo, como em várias
ocasiões, Fábio Simplício deu ótimos passes que os atacantes não
aproveitaram.
Diferentemente da maioria dos
volantes brasileiros, que atua numa pequena faixa de campo, que
somente desarma ou faz faltas e
toca a bola para o lado e que raramente chega à frente, Fábio
Simplício marca, apóia e participa bem do ataque.
No início de sua carreira, Fábio
Simplício foi rotulado de grosso,
de brucutu. Ele passou a jogar
bem, cada vez melhor, mas não
perdeu o rótulo. Depois de carimbado, é difícil perder a marca.
Pouco mudou
Se o Cruzeiro não jogasse nesse
meio de semana pela Libertadores, Rivaldo atuaria hoje contra a
Irlanda, no lugar do Kaká. Após
quase dois anos da Copa, a única
modificação na seleção foi a troca
de um zagueiro (Edmilson) por
um armador (Zé Roberto). Dida
entrou no lugar do Marcos, porém não faz diferença, já que os
dois são excepcionais.
Zé Roberto atuou em todas as
partidas amistosas e pelas eliminatórias. Ele não tem substituto.
Como há excelentes meias ofensivos na reserva, um deles poderia
ser experimentado na posição do
Zé Roberto, pelo menos como opção tática.
Mesmo se não contundisse, Juninho Pernambucano seria hoje
reserva do Kléberson, que nunca
foi um craque (é um excelente jogador), que não fez uma única
partida brilhante depois do Mundial e que é reserva do Manchester United. Juninho Pernambucano e Renato do Santos continuam
muito bem nos seus clubes.
Parece também que Edmilson,
Roque Júnior, Lúcio e Juan sempre foram excepcionais zagueiros
e que estão em grande forma, já
que nunca perdem os seus lugares
na seleção.
Rivaldo deve recuperar no Cruzeiro o seu excepcional futebol.
Mas, mesmo se isso não acontecer e Kaká e Alex continuarem
brilhando no Milan e no Cruzeiro, Rivaldo será o titular nas eliminatórias.
Não se justifica trocar vários jogadores, porém é necessário, aos
poucos, experimentar novos atletas, mesmo que seja para escolher
os reservas e/ou para concluir que
os preferidos mereçam ser titulares da seleção.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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