São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Encanto e desencanto

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

No Flamengo, muito mais importante do que as saídas do Júnior Baiano e do Fábio Baiano, foi a contratação do Zinho. Com o seu futebol inteligente e solidário, Zinho organizou o meio-campo. O Flamengo tem agora três armadores protegendo os zagueiros. Quando o time recupera a bola, o jovem Ibson e o veterano Zinho chegam à frente, cada um no seu ritmo.
Felipe continua dando show. No início de sua carreira, ele jogava de lateral. Depois atuou de armador pela esquerda, de volante e de ala. Abel o colocou em nova posição, de meia ofensivo, livre, próximo dos dois atacantes, sem obrigação de recuar e marcar. Luxemburgo fez o mesmo com Alex, no Cruzeiro.
Felipe está agora driblando mais perto do gol ou pelas laterais e não no meio-campo, como fazia. Não se pode deixá-lo dominar a bola e ficar de frente para o marcador. A sua arrancada inicial é fantástica. Não há como desarmá-lo.
Se o Felipe jogar no Campeonato Brasileiro metade do que joga no Estadual, terá de ser convocado para a seleção e reconhecido como um craque nacional e não apenas um craque do Rio, do Maracanã. Os grandes jogadores do futebol carioca e brasileiro brilharam em diferentes situações. Por isso foram craques. Os Estaduais de todo o Brasil não são parâmetros para se avaliar um atleta. A maior parte dos times é ruim.
O futebol do Felipe já me encantou e desencantou várias vezes. Preciso de mais tempo para ficar novamente encantado.

Rótulos
No clássico paulista, o Corinthians confirmou que tem um time fraquíssimo, ainda mais sem os seus dois melhores jogadores, Rogério e Gil. O São Paulo mostrou que o grande reforço do time é o Cicinho, embora tenha jogado menos do que no Atlético.
Grafite foi uma boa contratação. Ele é alto, forte, veloz e faz uma boa dupla com Luis Fabiano. Porém tinha grandes esperanças nos jovens Kléber e Diego Tardelli, que já atuaram bem no ano passado. Kléber foi embora, e Cuca esqueceu do Tardelli.
O São Paulo contratou bons armadores, mas o melhor continua sendo o Fábio Simplício. Ele não é excepcional, mas é um bom volante. Nesse jogo, como em várias ocasiões, Fábio Simplício deu ótimos passes que os atacantes não aproveitaram.
Diferentemente da maioria dos volantes brasileiros, que atua numa pequena faixa de campo, que somente desarma ou faz faltas e toca a bola para o lado e que raramente chega à frente, Fábio Simplício marca, apóia e participa bem do ataque.
No início de sua carreira, Fábio Simplício foi rotulado de grosso, de brucutu. Ele passou a jogar bem, cada vez melhor, mas não perdeu o rótulo. Depois de carimbado, é difícil perder a marca.

Pouco mudou
Se o Cruzeiro não jogasse nesse meio de semana pela Libertadores, Rivaldo atuaria hoje contra a Irlanda, no lugar do Kaká. Após quase dois anos da Copa, a única modificação na seleção foi a troca de um zagueiro (Edmilson) por um armador (Zé Roberto). Dida entrou no lugar do Marcos, porém não faz diferença, já que os dois são excepcionais.
Zé Roberto atuou em todas as partidas amistosas e pelas eliminatórias. Ele não tem substituto. Como há excelentes meias ofensivos na reserva, um deles poderia ser experimentado na posição do Zé Roberto, pelo menos como opção tática.
Mesmo se não contundisse, Juninho Pernambucano seria hoje reserva do Kléberson, que nunca foi um craque (é um excelente jogador), que não fez uma única partida brilhante depois do Mundial e que é reserva do Manchester United. Juninho Pernambucano e Renato do Santos continuam muito bem nos seus clubes.
Parece também que Edmilson, Roque Júnior, Lúcio e Juan sempre foram excepcionais zagueiros e que estão em grande forma, já que nunca perdem os seus lugares na seleção.
Rivaldo deve recuperar no Cruzeiro o seu excepcional futebol.
Mas, mesmo se isso não acontecer e Kaká e Alex continuarem brilhando no Milan e no Cruzeiro, Rivaldo será o titular nas eliminatórias.
Não se justifica trocar vários jogadores, porém é necessário, aos poucos, experimentar novos atletas, mesmo que seja para escolher os reservas e/ou para concluir que os preferidos mereçam ser titulares da seleção.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


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