São Paulo, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL O Shrek do futebol
RODRIGO BUENO DA REPORTAGEM LOCAL NÃO FOI anteontem que Rooney entrou para o seleto clube dos melhores do mundo. O "Shrek" joga no mais alto nível desde o segundo semestre de 2008. No ano em que Cristiano Ronaldo foi eleito o número 1 da Fifa, Rooney foi o melhor do Manchester United entre agosto e dezembro. Ele não começou a decidir, portanto, após a saída do badalado português. Faz isso há anos, desde o início da carreira, quebrando a incrível série invicta do Arsenal de Henry com um gol pelo Everton, seu time de coração e criação. Ele tinha na ocasião 16 anos. Bateu quase todos os recordes de precocidade do futebol inglês na época em que a terra da rainha virava o novo eldorado da bola. E ganhou todos os prêmios possíveis oferecidos aos jovens jogadores, inclusive o da FIFPro, o sindicato mundial de atletas. Sua carreira nunca entrou de fato em baixa, apesar da justa fama de bad boy. Driblou escândalos sexuais com prostitutas e se casou com a mulher de sua vida, Coleen (a famosa história do caro anel de compromisso que ela jogou no parque perto de onde viviam é só fábula, segundo a hoje mãe do Kai Wayne Rooney). E é na temporada em que virou papai que Rooney mais balança a rede. Chegou a fazer quatro gols num jogo ante o Hull City, algo que não tinha feito. E olha que ele estreou no Manchester em 2004 com um hat-trick em jogo da Copa dos Campeões contra o Fenerbahce, aos 18 anos. Com os dois gols contra o Milan anteontem, o "Shrek" chegou a 25 tentos na temporada, superando sua melhor marca. Na temporada 2006/ 2007, ele fez 23 gols em 55 partidas. Agora, são 25 em só 33 jogos (a temporada em que menos atuou foi sua primeira, em 2002/2003, quando marcou oito vezes em 37 jogos). Na Premier League, Rooney chegou à casa dos cem gols na história e já superou os 20 tentos nesta edição. Se o Manchester for campeão, será o primeiro tetra genuíno da história inglesa e o maior ganhador de troféus sozinho. Muito devido a Rooney, vital em todos os títulos recentes do clube de Sir Alex Ferguson. Não é à toa que o técnico cobra do mundo um tratamento melhor para Rooney, tratamento que o ponha no nível de Messi e Cristiano Ronaldo. "Devastador" e "imarcável" são alguns dos adjetivos recentes dados a Rooney, que só terá chance de ser finalista do melhor do mundo da Fifa se a Inglaterra brilhar na Copa. Talvez por não ser tão artista quanto os rivais, ou por não ser latino (na cabeça de Blatter pode ser assim), Rooney nem é convidado para a festa de gala no castelo da Fifa. Ele é mesmo o Shrek, não o príncipe Encantado. Ninguém joga mais que ele nesta temporada, mas sua presença na corte no fim do ano não é certa. Porém, se a banda favorita (Stereophonics) de Rooney é vista como rock alternativo, ele não chorará se for "só" o melhor atleta alternativo.
rodrigo.bueno@grupofolha.com.br |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |