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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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BASQUETE

Fogão a lenha

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Recuperado de problema no púbis, Valtinho voltou a colecionar atuações magníficas. Anteontem, na casa do Flamengo, encerramento do primeiro turno do Brasileiro, ficou à beira do triplo-duplo: 16 pontos (71% de aproveitamento nos arremessos), 15 assistências e 9 rebotes.
Melhor armador do Brasil há pelo menos meia década, estrela o grupo mais solidário do torneio. Ele, com média de 9,1, e o time, com 20,6, lideram os rankings de passes perfeitos.
Podia-se esperar que um estilo de jogo tão agudo, amparado na alta velocidade de transição defesa-ataque e no "um contra um" à NBA, ajudasse a multiplicar os erros na condução da bola. Mas não foi o que se viu.
A equipe registra a melhor relação entre assistências e "turnovers": 1,6. O segundo colocado, Casa Branca, aparece com 1,3. Valtinho, sozinho, ostenta índice de Primeiro Mundo: 3,6.
Além disso, em média por dez minutos por partida, Espiga é escalado para escoltá-lo na criação de jogadas. Se o brasileiro não sabe neutralizar um armador, que dirá dois ao mesmo tempo? Perde-se ante o contragolpe, erra o bote e se abre, sobretudo aos tiros de longa distância. (O êxito no campeonato, até certo ponto inesperado, do Franca de Matheus e Helinho comprova isso.)
No perímetro, o brilho fica por conta, principalmente, da explosão e da criatividade dos alas Tony Harris e Brent Merritt. O melhor par de norte-americanos nas quadras brasileiras confirma sua vocação para a cesta.
São os artilheiros do time, respondendo por 37,5 pontos por jogo. E, combinados, alcançam 56% de pontaria nos arremessos, um percentual excelente, dado que cabem aos dois os ataques de risco, de desafogo (a equipe, como um todo, listando outros chutadores de renome como Farofa e Juliano, exibe uma precisão de 62% nos tiros de dois pontos).
Sob a cesta, o conjunto também prevalece. Se nenhum deles sobressai neste ano, Estevam, Maozão, Edu Mineiro e Rappa se unem para assegurar o melhor rebote defensivo do Nacional: o time recupera 72% das bolas que sobram em seu garrafão.
O equilíbrio no ataque evita surpresas na marcação. Fechadinha e bem balanceada, a defesa é a segunda menos vazada da competição, 84,4 pontos por jogo.
Pelo número de atletas citados até aqui neste texto (dez), percebe-se que a qualidade do elenco representa outro diferencial. Do banco saem 43,2% dos pontos, recorde do campeonato.
Assim, com critério e talento na concepção das jogadas e muito poder de fogo para executá-las, tudo cozido como um trivial feijão-com-arroz pelo técnico Zé Boquinha, o Uberlândia silenciosamente construiu a melhor campanha do Nacional: 14 vitórias em 16 rodadas, com 10,8 de saldo de pontos por partida.
Só o Ribeirão Preto mostrou um jogo tão completo, tão redondo. Mas o campeão paulista acaba de perder justamente aquele que arredonda as coisas, o ala Renato, com fratura na mão esquerda.
O basquete brasileiro pode avançar uma fronteira em 2003.

Minas Gerais
A Federação Mineira, cujo vice-presidente é o ex-jogador Marcelo Vido, deu exemplo ao divulgar pela internet suas contas de 2002.

Goiás
Também seria divertido se, no ano da renovação da seleção, o título nacional caísse nas mãos dos "masters" do Ajax. Ratto, Rogério, Janjão & Cia. aparecem em segundo lugar na competição (13v e 3d).

Rio de Janeiro
A batata de Hélio Rubens já está assando no Vasco (7v e 9d).

São Paulo
Começa na quinta-feira, com apenas seis times, o Estadual feminino.

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