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Comitê Olímpico teria acobertado três exames positivos de mito do atletismo antes de Seul-88
Dirigente afirma que EUA omitiram doping de Lewis
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Carl Lewis, maior nome da história do atletismo norte-americano, teve autorização do Usoc, o
Comitê Olímpico dos EUA, para
competir nos Jogos mesmo depois ser pego no antidoping.
A revelação foi feita por Wade
Exum, diretor de controle de drogas da entidade de 1991 a 2000, à
revista "Sports Illustrated", que
irá circular a partir do dia 21.
Segundo ele, cerca de cem americanos foram pegos no antidoping, mas muitos puderam competir nos Jogos de Seul-1988, Barcelona-1992, Atlanta-1996 e
Sydney-2000. Esses competidores
conquistaram 19 medalhas.
"O que muitos suspeitavam sobre o Usoc está sendo descoberto.
Havia rumores disso", contou
Dick Pound, presidente da Wada
(Agência Mundial Antidoping).
Lewis é o maior nome do atletismo dos EUA. Disputou quatro
Olimpíadas (1984, 88, 92 e 96) e
ganhou nove medalhas de ouro e
uma de prata. Em Mundiais, obteve oito ouros, uma prata e um
bronze. Bateu 11 recordes mundiais -duas vezes o dos 100 m.
Durante a seletiva para a Olimpíada de 1988, ele teve três exames
positivos para estimulantes proibidos encontrados em medicamentos contra a gripe. O Usoc aceitou o argumento do velocista,
de que não sabia que a droga que
tomara era doping. A argumentação é contestada por Pound.
"Quando isso aconteceu, Lewis
já ganhara quatro medalhas olímpicas. Nesse estágio, você sabe
muito bem que tem que ter cuidado com o que toma", disse Pound.
A "Sports Illustrated" não conseguiu entrevistar o velocista.
Liberado para competir, Lewis
ganhou mais dois ouros olímpicos: no salto em distância e nos
100 m. Nessa última prova, herdou o título após a eliminação de
Ben Johnson por uso de doping.
Outra atleta citada por Exum é a
tenista Mary Joe Fernandez. Ela
ganhou duas medalhas nos Jogos
de Barcelona: ouro nas duplas e
bronze no torneio individual.
Pouco antes de sua participação
olímpica, porém, teve exame positivo para pseudoefedrina, estimulante presente nos descongestionantes nasais. Ela disse que fez
uso do remédio para tratar de
uma gripe. Acabou liberada.
"Não queria revelar quem foram os atletas. Será que esses nomes podem ajudar a resolver o
problema e a mudar a situação?
Veremos", afirmou Exum.
Outros atletas conhecidos aparecem na lista de casos positivos.
Joseph DeLoach foi pego para as
mesmas substâncias de Lewis. Liberado para competir em Seul,
bateu seu compatriota na final
dos 200 m e levou o ouro.
Outro campeão olímpico em
1988, Andre Phillips, teve teste positivo para pseudoefedrina. Pouco depois, ganhou o ouro nos 400
m com barreiras em Seul.
Até o folclórico Alexi Lalas, da
seleção de futebol dos EUA, foi
flagrado no exame. Em 1992, foi
encontrado alto índice de testosterona epitetosterone ratio no
exame do zagueiro. A testosterona, hormônio masculino, é encontrado, na forma sintética, em
esteróides anabólicos. Lalas jogou
pelos EUA em Barcelona.
O médico denuncia que o programa antidoping do Usoc era, no
mínimo, ineficaz. A entidade teria
estimulado o uso de drogas proibidas, e os atletas pegos no antidoping não eram punidos. Exum
liberou 30 mil páginas de documentos à "Sports Illustrated", que
provariam suas acusações.
A documentação seria utilizada
pelo médico em um processo
contra o Usoc no qual também
acusava a entidade de discriminação racial. A ação foi recusada pela Corte Federal, na semana passada, que alegou falta de provas.
Colaborou Mariana Lajolo, da
Reportagem Local
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