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HÓQUEI
Dono de 60 recordes na liga profissional norte-americana, o canadense Wayne Gretzky, 38, encerra a carreira
"Maioral" despede-se dos rinques hoje
da Reportagem Local
"Mais um ano, mais um ano."
Por cinco minutos consecutivos,
durante a prorrogação, os torcedores presentes na última quinta no
ginásio Corel Centre, do Ottawa
Senators, no Canadá, gritaram freneticamente a frase para ele -o
número 99 da equipe adversária.
Durante o mesmo período de
tempo, o placar eletrônico reprisou os grandes lances, os gols mais
bonitos, os títulos e boa parte de
sues recordes ofensivos.
E os alto-falantes tocavam "Nobody Does It Better" (Ninguém faz
isso melhor), de Carly Simon.
Mas nada disso adiantou.
Ele já havia tomado sua decisão
e, ao fim da partida, acenou demoradamente para o público, pois fora seu último jogo profissional em
seu país. Em retribuição, aplausos.
O canadense Wayne Gretzky, 38,
considerado o melhor jogador de
hóquei sobre o gelo de todos os
tempos, "pendura o taco" esta tarde, após o jogo de seu time, o New
York Rangers, contra o Pittsburgh
Penguins, no Madison Square Garden, em Nova York (EUA).
Se forem considerados os recordes individuais registrados, é possível até gerar uma discussão:
Gretzky não poderia ser considerado o melhor atleta da história?
Com 60 marcas em seu poder, ele
está à frente de todos os seus rivais
em outras modalidades.
Entre os recordes em sua carreira
de 21 anos na NHL (National Hockey League), Gretzky detém o de
mais gols (1.016), assistências
(2.221) e pontos (gols e assistências
somados, 3.237).
A diferença para os vice-líderes é
grande em gols (147), enorme em
assistências (984) e ultrapassa o
milhar em pontos (1.227).
Não à toa, Wayne Gretzky é chamado de "Great One" (o maioral)
pela mídia norte-americana.
Comparações
Os títulos de Gretzky na NHL, a
liga de hóquei mais disputada do
planeta, porém, não foram tantos.
Em 21 temporadas, ele ganhou a
Stanley Cup quatro vezes (84, 85,
87 e 88), todas com o Edmonton
Oilers. Na América do Norte, astros de outros esportes tiveram
igual ou mais sucesso.
Para citar alguns exemplos:
1) O armador Michael Jordan, no
basquete, levou seis vezes o título
da NBA pelo Chicago Bulls;
2) O quarterback Joe Montana
conduziu o San Francisco 49ers a
quatro vitórias no Super Bowl (a
decisão do futebol americano);
3) O tenista Pete Sampras, ainda
em atividade, já tem 11 conquistas
em torneios do Grand Slam.
Mas todos são nascidos nos EUA.
No Canadá, não há atleta em nenhum esporte com mais reconhecimento do que Gretzky.
Lá, ele é o ícone.
Apelos
"Tudo o que tenho feito na vida, e
tudo o que ganhei nela, devo à
NHL", afirmou Gretzky ao anunciar sua aposentadoria, em uma
entrevista, anteontem.
Desde o início da semana, havia
rumores de que hoje seria o último
jogo da carreira profissional dele.
Apesar de o jogador manter o
suspense ("quero estar 100% certo,
pois não é uma decisão para se arrepender"), amigos asseguravam
que ele não continuaria.
O técnico dos Rangers, John
Muckler, apelou: "Estou certo de
que este time será melhor no próximo ano se você continuar".
O primeiro-ministro canadense,
Jean Christien, fez coro. Até a mulher de Gretzky tentou influenciá-lo para que continuasse.
Em vão.
"Estou sendo corajoso para fazer
isso, mas acredito que esteja certo.
Meu coração me diz que esta é a
melhor decisão", afirmou ele, que
recusará uma oferta de US$ 5 milhões dos Rangers para seguir com
o time por mais um campeonato.
"Queríamos que continuasse para sempre. É um pouco triste",
concluiu o técnico Muckler. "Um
pouco não. Muito triste."
Da família, apoio. "Ele tinha que
parar algum dia", disse a mãe,
Phyllis, que, ao lado do marido,
Walter, estará hoje na despedida
no Madison Square Garden.
Dois de seus irmãos estarão presentes. A irmã, idem. Ausente, só o
irmão mais novo: também jogador
de hóquei, estará em Winnipeg
(Canadá) defendendo o Chicago
Wolves na Liga Internacional.
O filho de Gretzky, que tem seis
anos, ainda está sendo convencido
por sua mulher, Janet.
"Você vai assistir ao meu jogo de
domingo (hoje)?", perguntou
Gretzky. "Não, tenho uma partida
de beisebol", foi a resposta.
"Não devo voltar no próximo
ano", continuou Gretzky. "Não me
importo. Tenho um jogo de beisebol", retrucou o menino.
Último recorde
A NHL reconhece 60 recordes de
Wayne Gretzky (19 na carreira, 17
em uma única temporada, 4 em
um único jogo, 15 em playoffs e 5
em All-Star Games).
O último, contudo, ficará em
seus arquivos pessoais.
Foi batido no final do mês passado, quando marcou contra o rival
local, New York Islanders, e ultrapassou a marca de gols combinados -na NHL e na WHA (World
Hockey Association), onde jogara
uma temporada.
Chegou a 1.072 gols e deixou o
lendário Gordie Howe, que jogou
26 temporadas, cinco a mais do
que ele, para trás.
"Obviamente, será um recorde
difícil de ser superado por qualquer um", comentou Gretzky.
A marca não é considerada pela
NHL, que não reconhece a WHA.
Mas sim por Gretzky.
"Creio que (o recorde) não estará
nos livros. "Mas as pessoas, quando se reunirem, irão falar nele."
Com as agências internacionais
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