São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2006

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Leia trechos da autobiografia do Rei do Futebol

DE LONDRES

Leia abaixo trechos do livro "Pelé, a Autobiografia", publicado esta semana no Reino Unido pela Simon & Schuster e a ser lançado em junho no Brasil pela Sextante.

NAMORADA SUECA -
"As mulheres suecas nos amavam [na Copa de 58], especialmente os jogadores negros. Imagino que éramos algo novo, e todas as garotas de 14 e 15 anos me assediavam. (...) Essas garotas queriam apenas os "crioulinhos". Elas diziam que éramos belos! Eu mesmo tive um casinho com uma bela garota chamada Ilena, que ficou fascinada pela minha pele negra, assim como eu fiquei com seus olhos azuis e cabelos loiros. Tivemos também a chance de irmos juntos pescar, o que eu adorei. Era calmo e quieto, e meus pensamentos podiam soar... Sonhando com um joelho melhor [chegou machucado e se recuperou durante a Copa], sonhando em jogar..."

PSICÓLOGO PERTURBADO -
"Havia, porém, outro obstáculo [além da contusão]. Como parte de nossa preparação, o psicólogo do time, dr. João Carvalhaes, conduziu testes com todos os jogadores. (...) "Pelé é evidentemente infantil. Falta-lhe o necessário espírito de luta". Ele também deu conselho sobre Garrincha, que não era visto como responsável o bastante. Felizmente para mim e Garrincha, Feola sempre foi guiado por seus instintos, e ele apenas acenou ameaçadoramente para o psicólogo, dizendo: "Você pode estar certo. A questão é que você não entende de futebol. Se o joelho de Pelé está bom, ele jogará"."

QUASE DESCAMISADO EM 70 -
"Eu nunca esquecerei a famosa partida que joguei contra Bobby Moore na Copa de 70. (...) Nós trocamos camisas como lembranças. Durante o jogo, ladrões arrombaram meu quarto e levaram as camisas 10 que eu guardara para usar na Copa. Chegamos até a considerar pedir a Bobby para devolver a que eu havia lhe dado, para que eu tivesse uma para vestir contra a Romênia. Ao final não precisamos fazer isso, embora as camisas roubadas nunca tenham sido achadas."

O PESADELO DE EDINHO -
"Edinho (...) estava sendo tratado como um monstro, excluído da sociedade, como se fosse algum perverso que poderia machucar o mundo. Senti vergonha, medo, dúvida, tristeza e ódio e tive pensamentos malucos, querendo ter os poderes de um Homem-Aranha ou de um Super-Homem para mudar o curso dessa história horrível e vê-lo quando eu quisesse, falar com ele, contar-lhe um pouco mais sobre a vida e as pessoas. (...) Mas agora eu teria de defender meu filho. Tudo o que eu queria era me esconder, fugir ou chorar nos braços de minha mãe, descansar a cabeça nos ombros de minha mulher."


Tradução de Fábio Victor

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