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Leia trechos da autobiografia do Rei do Futebol
DE LONDRES
Leia abaixo trechos do livro
"Pelé, a Autobiografia", publicado esta semana no Reino
Unido pela Simon & Schuster e
a ser lançado em junho no Brasil pela Sextante.
NAMORADA SUECA - "As
mulheres suecas nos amavam
[na Copa de 58], especialmente
os jogadores negros. Imagino
que éramos algo novo, e todas
as garotas de 14 e 15 anos me
assediavam. (...) Essas garotas
queriam apenas os "crioulinhos". Elas diziam que éramos
belos! Eu mesmo tive um casinho com uma bela garota chamada Ilena, que ficou fascinada pela minha pele negra, assim como eu fiquei com seus
olhos azuis e cabelos loiros. Tivemos também a chance de irmos juntos pescar, o que eu
adorei. Era calmo e quieto, e
meus pensamentos podiam
soar... Sonhando com um joelho melhor [chegou machucado e se recuperou durante a
Copa], sonhando em jogar..."
PSICÓLOGO PERTURBADO
- "Havia, porém, outro obstáculo [além da contusão]. Como parte de nossa preparação,
o psicólogo do time, dr. João
Carvalhaes, conduziu testes
com todos os jogadores. (...)
"Pelé é evidentemente infantil.
Falta-lhe o necessário espírito
de luta". Ele também deu conselho sobre Garrincha, que não
era visto como responsável o
bastante. Felizmente para mim
e Garrincha, Feola sempre foi
guiado por seus instintos, e ele
apenas acenou ameaçadoramente para o psicólogo, dizendo: "Você pode estar certo. A
questão é que você não entende de futebol. Se o joelho de Pelé está bom, ele jogará"."
QUASE DESCAMISADO EM
70 - "Eu nunca esquecerei a famosa partida que joguei contra
Bobby Moore na Copa de 70.
(...) Nós trocamos camisas como lembranças. Durante o jogo, ladrões arrombaram meu
quarto e levaram as camisas 10
que eu guardara para usar na
Copa. Chegamos até a considerar pedir a Bobby para devolver a que eu havia lhe dado, para que eu tivesse uma para vestir contra a Romênia. Ao final
não precisamos fazer isso, embora as camisas roubadas nunca tenham sido achadas."
O PESADELO DE EDINHO -
"Edinho (...) estava sendo tratado como um monstro, excluído da sociedade, como se
fosse algum perverso que poderia machucar o mundo. Senti vergonha, medo, dúvida,
tristeza e ódio e tive pensamentos malucos, querendo ter
os poderes de um Homem-Aranha ou de um Super-Homem para mudar o curso dessa história horrível e vê-lo
quando eu quisesse, falar com
ele, contar-lhe um pouco mais
sobre a vida e as pessoas. (...)
Mas agora eu teria de defender
meu filho. Tudo o que eu queria era me esconder, fugir ou
chorar nos braços de minha
mãe, descansar a cabeça nos
ombros de minha mulher."
Tradução de Fábio Victor
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