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Copa requer verba federal em arenas, diz arquiteto
BNDES tem pedido de AM, CE, BA e MT para estádios, mas nenhum é aprovado
Estudo de economistas do banco mostra os problemas para viabilizar a gestão de arena multiuso e as barreiras para ampliação da bilheteria
SÉRGIO RANGEL
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O governo federal terá de injetar mais recursos nos Estados
para viabilizar a construção de
arenas multiuso para a Copa.
Essa é a avaliação de José Roberto Bernasconi, presidente
do Sinaenco-SP (Sindicato da
Arquitetura e da Engenharia).
Segundo ele, apesar de ter liberado crédito com condições
especiais via BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), o governo
precisará estudar medidas adicionais devido à demora na
concessão de empréstimos.
O banco pode emprestar até
R$ 400 milhões ou 75% do valor de cada projeto. O BNDES
abriu linha de crédito de R$ 4,8
bilhões para os 12 estádios envolvidos na Copa-14. Os governos estaduais precisam respeitar seu limite de endividamento para obter o empréstimo.
Até agora, o BNDES recebeu
pedidos do Amazonas (R$ 400
milhões), Ceará (R$ 351,5 milhões), Bahia (R$ 400 milhões)
e Mato Grosso (valor não divulgado), mas eles não foram aprovados. Os demais Estados não
entraram com a carta-consulta,
a primeira etapa no trâmite de
financiamento no banco.
"Ninguém recebeu nada ainda, estão todos esperando. É
questão de tempo, necessariamente haverá aporte do governo federal para ajudar os Estados. O governo terá de analisar
caso a caso, é uma solução intermediária", falou Bernasconi.
O prazo para o início das
obras nas arenas já estourou
duas vezes. Pelo menos quatro
estádios terão de estar prontos
até dezembro de 2012 para a
Copa das Confederações, que
acontecerá no ano seguinte e
servirá de teste da Copa-14 para a Fifa. O tempo médio para
se erguer um novo estádio é de
cerca de dois anos e meio.
Dos três estádios privados
que abrigarão jogos do Mundial, só o São Paulo informou
que tem interesse no crédito do
banco. Atlético-PR e Internacional não querem a ajuda.
Para o presidente do Sinaenco-SP, um dos fatores que reduz o interesse do setor privado
é a dificuldade de administrar
as arenas multiuso após a Copa.
"Em algumas partes do país, o
tíquete médio é de R$ 10 a R$
15. Mesmo com shows, quantos
shows da Madonna você precisa fazer por ano para viabilizar
um estádio desses?"
Um estudo elaborado por Fabio Giambiagi e Luiz Antonio
Souto, do BNDES, identifica os
problemas para o êxito desse tipo de empreendimento. Com
base na experiência europeia
com arenas multiuso, os projetos só funcionam se, após a
obra, uma empresa especializada ampliar a bilheteria.
Isto pode ocorrer por meio
da venda antecipada de carnês,
ou com aumento do preço do
ingresso, ou de receitas complementares (shows, camarotes patrocinados, área VIP e espaço para conferências).
Além disso, é necessária a
existência de um clube grande
que use a arena para jogos e que
a capacidade do estádio seja
ajustada à demanda. Na Europa, os estádios viáveis ficam entre 35 mil e 45 mil lugares.
No Brasil, o banco identifica
como entraves o ambiente pouco profissional na administração dos clubes, as barreiras à
ampliação da bilheteria, a necessidade de recursos públicos
vultosos para viabilizar os projetos e um meio empresarial
pouco acostumado ao uso de
canais de marketing esportivo.
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