São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2010

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Copa requer verba federal em arenas, diz arquiteto

BNDES tem pedido de AM, CE, BA e MT para estádios, mas nenhum é aprovado

Estudo de economistas do banco mostra os problemas para viabilizar a gestão de arena multiuso e as barreiras para ampliação da bilheteria

SÉRGIO RANGEL
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O governo federal terá de injetar mais recursos nos Estados para viabilizar a construção de arenas multiuso para a Copa. Essa é a avaliação de José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco-SP (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia).
Segundo ele, apesar de ter liberado crédito com condições especiais via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o governo precisará estudar medidas adicionais devido à demora na concessão de empréstimos.
O banco pode emprestar até R$ 400 milhões ou 75% do valor de cada projeto. O BNDES abriu linha de crédito de R$ 4,8 bilhões para os 12 estádios envolvidos na Copa-14. Os governos estaduais precisam respeitar seu limite de endividamento para obter o empréstimo.
Até agora, o BNDES recebeu pedidos do Amazonas (R$ 400 milhões), Ceará (R$ 351,5 milhões), Bahia (R$ 400 milhões) e Mato Grosso (valor não divulgado), mas eles não foram aprovados. Os demais Estados não entraram com a carta-consulta, a primeira etapa no trâmite de financiamento no banco.
"Ninguém recebeu nada ainda, estão todos esperando. É questão de tempo, necessariamente haverá aporte do governo federal para ajudar os Estados. O governo terá de analisar caso a caso, é uma solução intermediária", falou Bernasconi.
O prazo para o início das obras nas arenas já estourou duas vezes. Pelo menos quatro estádios terão de estar prontos até dezembro de 2012 para a Copa das Confederações, que acontecerá no ano seguinte e servirá de teste da Copa-14 para a Fifa. O tempo médio para se erguer um novo estádio é de cerca de dois anos e meio.
Dos três estádios privados que abrigarão jogos do Mundial, só o São Paulo informou que tem interesse no crédito do banco. Atlético-PR e Internacional não querem a ajuda.
Para o presidente do Sinaenco-SP, um dos fatores que reduz o interesse do setor privado é a dificuldade de administrar as arenas multiuso após a Copa. "Em algumas partes do país, o tíquete médio é de R$ 10 a R$ 15. Mesmo com shows, quantos shows da Madonna você precisa fazer por ano para viabilizar um estádio desses?"
Um estudo elaborado por Fabio Giambiagi e Luiz Antonio Souto, do BNDES, identifica os problemas para o êxito desse tipo de empreendimento. Com base na experiência europeia com arenas multiuso, os projetos só funcionam se, após a obra, uma empresa especializada ampliar a bilheteria.
Isto pode ocorrer por meio da venda antecipada de carnês, ou com aumento do preço do ingresso, ou de receitas complementares (shows, camarotes patrocinados, área VIP e espaço para conferências).
Além disso, é necessária a existência de um clube grande que use a arena para jogos e que a capacidade do estádio seja ajustada à demanda. Na Europa, os estádios viáveis ficam entre 35 mil e 45 mil lugares.
No Brasil, o banco identifica como entraves o ambiente pouco profissional na administração dos clubes, as barreiras à ampliação da bilheteria, a necessidade de recursos públicos vultosos para viabilizar os projetos e um meio empresarial pouco acostumado ao uso de canais de marketing esportivo.


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