UOL


São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Melhor time do Brasil

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Qual é o melhor time do Brasil, Cruzeiro ou Santos? O companheiro Marcos Augusto Gonçalves acha que é o Santos. Os dois têm ótimas credenciais. O Santos foi campeão brasileiro do ano passado, é vice-líder do atual campeonato e tem grandes chances de se tornar finalista e campeão da Libertadores.
O Cruzeiro é campeão mineiro e da Copa do Brasil, líder do Brasileiro, ficou 36 jogos invicto e 52 partidas sem deixar de marcar pelo menos um gol e ainda venceu recentemente o Santos na Vila Belmiro.
O Santos é mais ofensivo e encantador, e o Cruzeiro mais equilibrado e regular. Individualmente, o Santos tem um número maior de excelentes atletas, mas não tem um razoável lateral-direito, um centroavante para substituir o Ricardo Oliveira e poucos reservas à altura dos titulares.
Por ter um elenco maior e melhor e ser mais consistente e regular, acho o Cruzeiro mais eficiente e com mais chances de ganhar um campeonato longo, como o Brasileiro deste ano.
O Santos agrada mais, quando joga bem, porque marca a saída de bola, domina a partida, tem mais atacantes atrevidos, chega à frente com mais jogadores e cria mais chances de gols. Porém a equipe de Leão deixa mais espaços na defesa.
O Cruzeiro arrisca menos e tem mais equilíbrio entre os setores. Marca mais atrás e contra-ataca com muita velocidade e eficiência. Domingo, o São Paulo jogou desta forma e muito bem contra o Corinthians.
A análise técnica, tática, individual e racional do futebol nunca retrata a realidade. Os fatores desconhecidos, subjetivos e emocionais são às vezes mais importantes do que a técnica. O mesmo acontece em qualquer atividade.

Improvisação e adaptação
Quem é melhor, Alex, Kaká ou Diego? Hoje, escolho o Alex. Ele está pronto. Aprendeu com o tempo, com erros e acertos. Alex é um jogador muito consciente de suas virtudes e deficiências. Isso é raro.
Diego e Kaká (mesmo sendo campeão do mundo) estão em formação e poderão suplantar o meia do Cruzeiro. Só saberemos daqui a alguns anos ou quando os três encerrarem as suas carreiras. A história vai decidir.
Alex é mais criativo e surpreendente. Passa, finaliza e cruza com grande eficiência. Conduz pouco a bola e só dribla no momento certo. Diego e Kaká têm mais mobilidade, correm muito com a bola, driblam com frequência e aparecem mais no jogo, mesmo quando jogam mal. Possuem também ótima técnica.
Os três são irregulares, e não apenas o Alex, como se fala muito. Isso acontece porque eles dependem da atuação de suas equipes e são muito marcados. A diferença é que o Alex não joga mal porque erra muito, e sim porque aparece pouco. Há muito tempo que isso não acontece.
Além dos três, o Brasil tem mais dois excepcionais meias ofensivos, de ligação com o ataque: Ronaldinho e Rivaldo. Há lugar, no máximo, para dois na equipe titular da seleção. Não se pode confundi-los com os armadores habilidosos que atuam no meio-campo, como Ricardinho, Zé Roberto, Felipe e Kleberson. Esses participam ativamente da marcação no meio-campo e ajudam a proteger os zagueiros.
Na última coluna, troquei os nomes de Ricardinho e Ronaldinho. Ficou confuso. Para ser mais claro, não afirmei que não existe lugar para o Alex na seleção. Mas para ele jogar, sem mudar o esquema tático, teria de sair o Ronaldinho, o craque do time.
Se o Alex entrar, Parreira terá de adiantar o Ronaldinho e tirar o Gil, acabando com o excelente trio pela esquerda. Não sei se assim ficará melhor. Não podemos esquecer que Ronaldinho e Alex brilharam juntos no último torneio Pré-Olímpico. Se Rivaldo e Ronaldinho se destacaram juntos ao lado do Ronaldo na Copa, por que o Alex não poderia substituir o Rivaldo, pergunta um leitor. Ótimo argumento.
Outro leitor me contesta quando por eu ter escrito que nem sempre se deve escalar os melhores e cita como exemplo a Copa de 70 quando eu e Rivellino jogamos fora de nossas posições.
Mas a seleção precisava de um terceiro armador pela esquerda (Rivellino) com características diferentes das do Gerson e de um centroavante mais técnico para jogar de pivô à frente de dois atacantes excepcionais e bastante agressivos (Pelé e Jairzinho).
Não houve improvisação, e sim adaptação.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Tênis - Régis Andaku: O menino e o homem
Próximo Texto: Futebol: Pressionada, CBF levará seleção ao Pan
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.