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FUTEBOL
Melhor time do Brasil
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Qual é o melhor time do Brasil, Cruzeiro ou Santos? O
companheiro Marcos Augusto
Gonçalves acha que é o Santos. Os
dois têm ótimas credenciais. O
Santos foi campeão brasileiro do
ano passado, é vice-líder do atual
campeonato e tem grandes chances de se tornar finalista e campeão da Libertadores.
O Cruzeiro é campeão mineiro
e da Copa do Brasil, líder do Brasileiro, ficou 36 jogos invicto e 52
partidas sem deixar de marcar
pelo menos um gol e ainda venceu recentemente o Santos na Vila Belmiro.
O Santos é mais ofensivo e encantador, e o Cruzeiro mais equilibrado e regular. Individualmente, o Santos tem um número
maior de excelentes atletas, mas
não tem um razoável lateral-direito, um centroavante para substituir o Ricardo Oliveira e poucos
reservas à altura dos titulares.
Por ter um elenco maior e melhor e ser mais consistente e regular, acho o Cruzeiro mais eficiente
e com mais chances de ganhar
um campeonato longo, como o
Brasileiro deste ano.
O Santos agrada mais, quando
joga bem, porque marca a saída
de bola, domina a partida, tem
mais atacantes atrevidos, chega à
frente com mais jogadores e cria
mais chances de gols. Porém a
equipe de Leão deixa mais espaços na defesa.
O Cruzeiro arrisca menos e tem
mais equilíbrio entre os setores.
Marca mais atrás e contra-ataca
com muita velocidade e eficiência. Domingo, o São Paulo jogou
desta forma e muito bem contra o
Corinthians.
A análise técnica, tática, individual e racional do futebol nunca
retrata a realidade. Os fatores
desconhecidos, subjetivos e emocionais são às vezes mais importantes do que a técnica. O mesmo
acontece em qualquer atividade.
Improvisação e adaptação
Quem é melhor, Alex, Kaká ou
Diego? Hoje, escolho o Alex. Ele
está pronto. Aprendeu com o tempo, com erros e acertos. Alex é um
jogador muito consciente de suas
virtudes e deficiências. Isso é raro.
Diego e Kaká (mesmo sendo
campeão do mundo) estão em
formação e poderão suplantar o
meia do Cruzeiro. Só saberemos
daqui a alguns anos ou quando
os três encerrarem as suas carreiras. A história vai decidir.
Alex é mais criativo e surpreendente. Passa, finaliza e cruza com
grande eficiência. Conduz pouco
a bola e só dribla no momento
certo. Diego e Kaká têm mais mobilidade, correm muito com a bola, driblam com frequência e aparecem mais no jogo, mesmo
quando jogam mal. Possuem
também ótima técnica.
Os três são irregulares, e não
apenas o Alex, como se fala muito. Isso acontece porque eles dependem da atuação de suas equipes e são muito marcados. A diferença é que o Alex não joga mal
porque erra muito, e sim porque
aparece pouco. Há muito tempo
que isso não acontece.
Além dos três, o Brasil tem mais
dois excepcionais meias ofensivos,
de ligação com o ataque: Ronaldinho e Rivaldo. Há lugar, no
máximo, para dois na equipe titular da seleção. Não se pode confundi-los com os armadores habilidosos que atuam no meio-campo, como Ricardinho, Zé Roberto,
Felipe e Kleberson. Esses participam ativamente da marcação no
meio-campo e ajudam a proteger
os zagueiros.
Na última coluna, troquei os
nomes de Ricardinho e Ronaldinho. Ficou confuso. Para ser mais
claro, não afirmei que não existe
lugar para o Alex na seleção. Mas
para ele jogar, sem mudar o esquema tático, teria de sair o Ronaldinho, o craque do time.
Se o Alex entrar, Parreira terá
de adiantar o Ronaldinho e tirar
o Gil, acabando com o excelente
trio pela esquerda. Não sei se assim ficará melhor. Não podemos
esquecer que Ronaldinho e Alex
brilharam juntos no último torneio Pré-Olímpico. Se Rivaldo e
Ronaldinho se destacaram juntos
ao lado do Ronaldo na Copa, por
que o Alex não poderia substituir
o Rivaldo, pergunta um leitor.
Ótimo argumento.
Outro leitor me contesta quando por eu ter escrito que nem sempre se deve escalar os melhores e
cita como exemplo a Copa de 70
quando eu e Rivellino jogamos fora de nossas posições.
Mas a seleção precisava de um
terceiro armador pela esquerda
(Rivellino) com características diferentes das do Gerson e de um
centroavante mais técnico para
jogar de pivô à frente de dois atacantes excepcionais e bastante
agressivos (Pelé e Jairzinho).
Não houve improvisação, e sim
adaptação.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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