São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Contra arqui-rival, Dunga vira técnico dos sonhos

Diante de argentinos, treinador tem performance acima da média de sua gestão

Já Alfio Basile, comandante argentino, vai melhor que o do brasileiro no geral, porém é criticado por suas derrotas para a seleção brasileira

DOS ENVIADOS A BELO HORIZONTE

Contra a Argentina, a fama de retranqueiro e a pouca experiência do mal-humorado Dunga, 44, não pesam nada.
Diante do Brasil, o estilo de jogo ofensivo e a larga vivência no futebol do bonachão Alfio Basile, 63, de nada valem.
É assim a vida dos técnicos das duas principais seleções sul-americanas no maior clássico da região. Contra a Argentina, em dois confrontos, Dunga acumulou números e performances muito acima da média da sua gestão, em caminho inverso ao trilhado pelo rival.
Os dois treinadores assumiram seus cargos logo após a Copa de 2006. Sem contar os dois confrontos diretos, a Argentina tem aproveitamento, média de gols pró e contra melhores do que as do Brasil. Mas isso de nada valeu, por exemplo, na final da Copa América, quando os brasileiros dominaram totalmente os argentinos na decisão e venceram por 3 a 0, o mesmo placar de amistoso realizado em Londres dois anos atrás.
Só que hoje, no Mineirão, Dunga está mais pressionado. Ele foi chamado de burro pela torcida que foi ao Paraguai no último domingo. Corre o risco de fechar a rodada fora da zona de classificação nas eliminatórias. E terá pela frente, com um time quase sem preparação, os Jogos Olímpicos de Pequim.
Basile, por seu lado, viu ontem os principais jornais argentinos, incluindo o diário esportivo "Olé", criticarem a performance de sua equipe nos confrontos contra o Brasil.
Dunga admitiu que está pressionado, mas, ao seu estilo, atacou seus detratores. "Temos que conviver com as críticas. Todos querem mandar na casa, quero ver pegar a chave e organizá-la. Isso é difícil."
Basile também sentiu o golpe. Domingo, após o suado empate contra o Equador, em Buenos Aires, mandou seus jogadores de volta à concentração. Nas últimas duas rodadas duplas das eliminatórias, quando a Argentina também fez o primeiro jogo em seus domínios, os jogadores puderam passar a noite em suas residências. Detalhe: Basile é o tipo de técnico que agrada aos jogadores. Maradona, por exemplo, é um dos que sempre gostaram dele.
No seu pior momento na seleção, Dunga ao menos ganhou apoio de seu grupo de atletas.
"Os jogadores, neste momento, têm uma parcela de culpa maior do que a do treinador", disse o goleiro Júlio César.
"Não seria justo culpar o Dunga. Quando um time perde, todos são os derrotados", falou o volante Gilberto Silva.
"Vamos jogar pelo Dunga, mas também por nós e por nossa família. Ele é um grande treinador, está fazendo um bom trabalho, e, quando o resultado positivo não vem, todos sabem que é assim mesmo, a pressão vem", afirmou Robinho.
Para seguir tendo a Argentina com seu talismã, Dunga não deve abandonar sua escalação mais conservadora, com pelo menos dois volantes cuja marcação é a grande especialidade.
Bem diferente de Basile, que não vai abandonar o ataque. Na sua Argentina, ele não abre mão de criatividade -Mascherano é o mais recuado, e Riquelme e o lesionado Verón, que está lesionado, são os armadores. (PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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