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GINÁSTICA
Romena Nadia Comaneci credita à vontade de vencer a principal razão da conquista na Olimpíada de Montreal
Primeiro dez do esporte completa 25 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem muita festa nem grandes
comemorações oficiais, a ginástica celebra hoje 25 anos de um feito histórico. Aos 14 anos de idade,
nos Jogos Olímpicos de Montreal-1976, uma pequena romena,
de 1,54 m e 35 kg, encantou o
mundo e os jurados e conseguiu o
que atualmente é tido como impossível no esporte: a nota dez.
Ao todo foram sete notas dez,
que renderam a Nadia Comaneci
três medalhas de ouro, uma de
prata e uma de bronze e a tornaram uma legenda do esporte.
Ao voltar à Romênia, depois de
ter pedido ao governo de seu país
uma bicicleta nova ("A minha está com o pedal quebrado, e não
gosto da cor dela"), a jovem romena da cidade industrial de
Onesti ganhou carro, apartamento e até medalha de honra.
Atrelado a todo o sucesso, porém, veio o assédio do filho do ditador Nicolae Ceausescu -em
1984, ele invadiu sua festa de noivado com a polícia secreta, espancou os convidados e a violentou.
Pupila do técnico Bela Karoly
-famoso por dar aos EUA o primeiro título por equipe em Atlanta-96-, nos Jogos de Moscou-1980 Nadia ainda obteve dois ouros e duas pratas, mas, já atormentada por problemas diversos
-controle de peso, idade e assédios-, não teve o mesmo brilho.
Após encerrar a carreira em
1984, ela deu início a uma odisséia, que inclui a fuga a pé da Romênia em 1989, o refúgio nos
EUA e o casamento com Constantin Panait, outro refugiado, de
quem se separaria em 1993, acusando-o de tortura e de fazê-la
prisioneira em casa por três meses. Em 1996, após morar no Canadá, voltaria aos EUA e se casaria com o ginasta Bart Connor.
Reconhecida recentemente como cidadã americana, Nadia, 39,
comanda hoje, ao lado do marido,
uma academia em Oklahoma
(EUA), faz apresentações, ações
filantrópicas e realiza palestras.
Mesmo sem manter à risca a
dieta imposta por Bela Karoly em
1976 -quatro horas diárias de
treino, sem pão e açúcares-, ela
diariamente destina 35 minutos
de seu tempo para alongamentos
e exercícios. E garante: "A fome
de sucesso e a ética profissional de
Montreal, responsáveis pela nota
dez, ainda norteiam minha vida".
"Eu era de uma cidade pequena.
Meu pai andava 20 km para chegar ao serviço. Aquela situação
me motivou. Venci porque não
fui rebelde nos treinos, tive um
técnico qualificado e, para a época, inovei nos exercícios. Aprendi
a superar dificuldades."
E, indiferente ao fato de o sonho
de criança de se tornar médica
não vingar, Nadia diz que merece
nota dez por ter conduzido bem a
carreira -ela se tornaria a campeã mais jovem da Romênia, com
11 anos. "Por 20 anos, eu me dediquei à ginástica. Isso era a coisa
mais importante, e aceitei bem o
fato de que um dia isso acabaria."
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