São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2001

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FUTEBOL

Senador faz requerimento para investigar negócio entre a MB Consultoria e a AmBev, que dará US$ 8 mi a amigo de Teixeira

CPI quer que CBF prove intermediação

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), membro da CPI do Futebol, quer exigir da MB Consultoria, da CBF e da AmBev provas de que a empresa trabalhou na intermediação do contrato milionário firmado entre a Confederação Brasileira de Futebol e a multinacional de bebidas.
A MB, empresa de Renato Tiraboschi, ex-sócio e amigo de Ricardo Teixeira, vai ganhar quase US$ 8 milhões nos próximos 18 anos -US$ 500 mil por ano- pela intermediação de um contrato que estava quase fechado.
Quando o presidente da CBF deu à MB uma carta autorizando a empresa a intermediar o acordo, em 12 de abril, o próprio dirigente já havia revelado, na Câmara, as bases do negócio com a multinacional dois dias antes.
O senador tucano apresentará requerimento convocando Tiraboschi na primeira reunião da CPI do Futebol após o fim do recesso parlamentar -que deve ocorrer em 1º de agosto.
"A MB vai ter que comprovar a realização de trabalhos e gestões na intermediação do contrato. Eu acho muito esquisito alguém ganhar tanto dinheiro por nada. Vamos investigar o caso", afirmou.
Além do proprietário da MB, o senador quer convocar Carlos Dolabella Peixoto, parceiro de Tiraboschi, dois executivos da AmBev e os empresários Carlos Eduardo Jardim e José Roberto Torres Neves Osório, que receberão US$ 1,35 milhão no negócio.
Segundo o congressista, a idéia é ouvir todos os que teriam participado da negociação do acordo antes do segundo depoimento de Teixeira no Senado, marcado para o dia 30 de agosto.
"O presidente da CBF vai ter que explicar ponto por ponto."
Além de tentar esclarecer o negócio, a iniciativa de Paes de Barros é mais um passo da CPI do Senado para investigar a suspeita de que a empresa esteja sendo usada como "laranja".
Em um primeiro momento, de acordo com o senador, não será pedida a quebra dos sigilos bancário e fiscal da MB, empresa que foi comprada por Tiraboschi em 10 de abril e conta com uma sede fantasma no Rio.
"Mas o pedido de quebra, depois dos depoimentos, não está descartado", completou.
A CPI também tenta derrubar no STF (Supremo Tribunal Federal) liminar obtida por Tiraboschi que impede os parlamentares de terem acesso a suas contas e declarações de Imposto de Renda.
O presidente da CBF afirma que não houve favorecimento ao empresário e que o fato de ser a AmBev a responsável pelo pagamento o isenta de qualquer irregularidade. Segundo ele, as suspeitas dos senadores são infundadas.
A AmBev, por seu lado, diz que pagou a comissão por indicação da CBF e que o contrato é regular. Tiraboschi se nega a falar com a Folha há mais de um mês.



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