São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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Brasiliense pratica preço irregular para encher seu estádio na Série B

DANIEL BUARQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com pechincha de ingressos abaixo do permitido no regulamento, o Brasiliense, criado há apenas quatro anos, já tem o sexto maior público da Série B.
A forte torcida faz com que o clube do Distrito Federal não tenha perdido nenhum jogo em seu estádio, onde apresenta um aproveitamento de 80%. Nas partidas fora de Brasília, porém, o índice o índice cai para 47%.
Em Brasília, pesam a favor do Brasiliense os ingressos mais baratos da competição: R$ 2,86 em média (divisão da renda pelo público das partidas em Brasília).
O time, o único do Distrito Federal disputando um campeonato nacional, apresenta uma boa campanha na segunda divisão. É o terceiro colocado, um ponto atrás do líder Náutico.
O regulamento da Série B não permite que ingressos sejam vendidos por menos de R$ 10 "com exceção das meias-entradas para estudantes e dos ingressos para associados e similares, limitados ao valor mínimo de R$ 5".
Mas o Brasiliense oferece bilhetes a partir de R$ 2,50.
O desvio nos preços faz com que o clube seja o sexto em média de público nos confrontos em casa (7.713 pessoas por jogo). E apenas o 11º em renda acumulada (índice de R$ 22.116,25 por partida).
Enquanto a média dos preços dos ingressos cobrados na Série B é de R$ 7,52, os torcedores do Brasiliense podem apoiar seu time e assistir aos jogos por um valor que é quase um terço do que se paga em outros Estados.
Segundo Peter Silva, diretor-presidente da FBA (Futebol Brasil Associados -entidade que rege a Série B), o valor mais baixo que pode ser cobrado é R$ 5, para sócios ou estudantes. "Se ele estiver vendendo ingressos abaixo deste preço está descumprindo o regulamento e deve ser punido."
O regulamento afirma que o clube infrator deve complementar os valores correspondentes às diferenças verificadas. De acordo com o dirigente da FBA, a fiscalização é atribuição da CBF.
O diretor técnico da confederação, Virgílio Elísio da Costa Neto, afirma que se trata de uma infração a ser investigada.
"Vou procurar conversar com o presidente do clube para tentar mudar esta situação de forma civilizada. É óbvio que cobrar R$ 2,50 está errado. Pelo regulamento, ele não poderia vender nenhum ingresso nem por R$ 4,99."
O dirigente explicou que a fiscalização é feita na análise dos borderôs. "Mas só se fosse analisado cada borderô para perceber a irregularidade", declarou ele.
Os outros clubes da Série B, que conta hoje com 24 times, cobram valores médios acima dos R$ 5 permitidos pelo regulamento.
O Joinville tem a segunda mais baixa média de preços: R$ 5,19. É seguido pelo Santa Cruz, R$ 5,32.
O ingresso mais caro da competição é o dos jogos em Goiás. O Vila Nova cobra R$ 10 pela entrada, e o Anapolina tem bilhetes ao preço médio de R$ 10,75. Um dos reflexos do valor é que o time do interior goiano tem o quinto menor público do campeonato.
Entre os times da Série A, não existe nenhum desvio significativo entre os preços dos ingressos. Todos cobram média acima dos R$ 7 permitidos para meia-entrada de estudantes e associados.
O ingresso mais barato é o do Figueirense, R$ 8,37 , e o mais alto o do Botafogo, R$ 16,34. O time catarinense tem a terceira maior média de público, enquanto o carioca tem a menor.


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