UOL


São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÔLEI

Que coisa, hein!

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Quem poderia imaginar que a Venezuela seria a campeã no masculino e a República Dominicana no feminino? O vôlei certamente foi o esporte com os resultados mais surpreendentes do Pan-Americano de Santo Domingo. O Brasil, com a seleção campeã do mundo e da Liga Mundial, foi a decepção do país.
Antes do início dos Jogos, havia pelo menos a certeza de duas medalhas de ouro: a de Robert Scheidt, o supercampeão do iatismo, e a da seleção masculina de vôlei. Scheidt fez a parte dele. Já o time de Nalbert e Giba tropeçou na Venezuela na semifinal e teve que se contentar com o bronze.
Ok, você pode argumentar: a Venezuela até que deu uma evoluída e tem um time razoável, formado por uma geração que foi vice-campeã mundial juvenil. Ou até que a tabela dos Jogos Pan-Americanos era absurda: o Brasil, por exemplo, jogou três partidas, descansou cinco dias e depois disputou a semifinal.
Mas as seleções participaram do torneio sabendo do regulamento. Mais: o Brasil, que neste ano já conquistou o título da Liga Mundial, jogou com o time completo, bem superior ao da Venezuela.
Quem viu a semifinal ainda vai demorar algum tempo para entender como a equipe conseguiu cometer tantos erros.
Fica uma lição: um time campeão mundial não pode participar de nenhum torneio se não estiver 100%. Caso contrário é expor à seleção a vexames.
A equipe, que na era Bernardinho ganhou oito títulos e tinha chegado a todas as finais dos dez torneios que havia disputado, manchou o seu currículo.
A grande questão é: em um ano como tantas competições como Liga Mundial, Sul-Americano, Copa dos Campeões, o Brasil precisaria disputar o Pan com o time principal? O ideal seria concentrar a seleção nas competições mais importantes e diminuir a maratona de jogos dos atletas.
O melhor teria sido mandar uma seleção B, sem grandes nomes, mas com força de vontade para disputar um torneio com baixo nível técnico.
Mas parece que prevaleceu a política: na luta por mais medalhas para o país, o vôlei seria ouro garantido. Não deu nada certo. E quem mais perdeu foi a seleção.
Fica também uma lição para os jogadores. Toda vez que entrarem em quadra, precisam lembrar que são os atuais campeões mundiais. E quem é campeão joga pra vencer. Não importa qual será o adversário: se o campeão olímpico ou a zebra da América do Sul. A disposição deve ser a mesma.
A impressão é que o time foi disputar o torneio já contando com o título. Resultado: o que se viu foi uma equipe apática contra a Venezuela. Em uma entrevista publicada na Folha, na última sexta-feira, o técnico Bernardinho definiu bem a situação: "Vi os jogadores de handebol com sangue nos olhos, faca nos dentes, e o meu time mesmo não tinha isso".
O que consola é que não foi só o Brasil que fez feio. No feminino, Cuba, renovada, mas com tanta tradição, também perdeu o ouro para a República Dominicana. Pelo menos, nesse caso, valeu pela festa das donas da casa.

Paulista
As equipes de Suzano e Mogi das Cruzes fazem, nesta quarta-feira, a partida de abertura do Campeonato Paulista masculino. O torneio terá a participação de oito equipes. No feminino, a primeira rodada será no sábado com dois jogos: o atual campeão, BCN/Osasco, vai enfrentar São José dos Campos e o São Caetano terá pela frente o MRV-Minas, que defenderá a cidade de São Bernardo.

Itália
A seleção feminina italiana, atual campeã mundial, começa hoje o treinamento para o Campeonato Europeu, que será disputado a partir de 20 de setembro, na Turquia, e vale vaga para a Copa dos Campeões. A Itália, quinta colocada no Grand Prix, terá o reforço de suas principais estrelas, como Francesca Piccinini. O time está na chave de Holanda, Bulgária, República Tcheca, Polônia e Ucrânia.


E-mail cidasan@uol.com.br


Texto Anterior: Santos perde segundo atacante em 20 dias
Próximo Texto: A rodada
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.