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VÔLEI
Que coisa, hein!
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Quem poderia imaginar que
a Venezuela seria a campeã
no masculino e a República Dominicana no feminino? O vôlei
certamente foi o esporte com os
resultados mais surpreendentes
do Pan-Americano de Santo Domingo. O Brasil, com a seleção
campeã do mundo e da Liga
Mundial, foi a decepção do país.
Antes do início dos Jogos, havia
pelo menos a certeza de duas medalhas de ouro: a de Robert
Scheidt, o supercampeão do iatismo, e a da seleção masculina de
vôlei. Scheidt fez a parte dele. Já o
time de Nalbert e Giba tropeçou
na Venezuela na semifinal e teve
que se contentar com o bronze.
Ok, você pode argumentar: a
Venezuela até que deu uma evoluída e tem um time razoável, formado por uma geração que foi vice-campeã mundial juvenil. Ou
até que a tabela dos Jogos Pan-Americanos era absurda: o Brasil,
por exemplo, jogou três partidas,
descansou cinco dias e depois disputou a semifinal.
Mas as seleções participaram do
torneio sabendo do regulamento.
Mais: o Brasil, que neste ano já
conquistou o título da Liga Mundial, jogou com o time completo,
bem superior ao da Venezuela.
Quem viu a semifinal ainda vai
demorar algum tempo para entender como a equipe conseguiu
cometer tantos erros.
Fica uma lição: um time campeão mundial não pode participar de nenhum torneio se não estiver 100%. Caso contrário é expor à seleção a vexames.
A equipe, que na era Bernardinho ganhou oito títulos e tinha
chegado a todas as finais dos dez
torneios que havia disputado,
manchou o seu currículo.
A grande questão é: em um ano
como tantas competições como
Liga Mundial, Sul-Americano,
Copa dos Campeões, o Brasil precisaria disputar o Pan com o time
principal? O ideal seria concentrar a seleção nas competições
mais importantes e diminuir a
maratona de jogos dos atletas.
O melhor teria sido mandar
uma seleção B, sem grandes nomes, mas com força de vontade
para disputar um torneio com
baixo nível técnico.
Mas parece que prevaleceu a
política: na luta por mais medalhas para o país, o vôlei seria ouro
garantido. Não deu nada certo. E
quem mais perdeu foi a seleção.
Fica também uma lição para os
jogadores. Toda vez que entrarem
em quadra, precisam lembrar
que são os atuais campeões mundiais. E quem é campeão joga pra
vencer. Não importa qual será o
adversário: se o campeão olímpico ou a zebra da América do Sul.
A disposição deve ser a mesma.
A impressão é que o time foi disputar o torneio já contando com o
título. Resultado: o que se viu foi
uma equipe apática contra a Venezuela. Em uma entrevista publicada na Folha, na última sexta-feira, o técnico Bernardinho
definiu bem a situação: "Vi os jogadores de handebol com sangue
nos olhos, faca nos dentes, e o
meu time mesmo não tinha isso".
O que consola é que não foi só o
Brasil que fez feio. No feminino,
Cuba, renovada, mas com tanta
tradição, também perdeu o ouro
para a República Dominicana.
Pelo menos, nesse caso, valeu pela
festa das donas da casa.
Paulista
As equipes de Suzano e Mogi das Cruzes fazem, nesta quarta-feira, a
partida de abertura do Campeonato Paulista masculino. O torneio
terá a participação de oito equipes. No feminino, a primeira rodada
será no sábado com dois jogos: o atual campeão, BCN/Osasco, vai
enfrentar São José dos Campos e o São Caetano terá pela frente o
MRV-Minas, que defenderá a cidade de São Bernardo.
Itália
A seleção feminina italiana, atual campeã mundial, começa hoje o
treinamento para o Campeonato Europeu, que será disputado a partir de 20 de setembro, na Turquia, e vale vaga para a Copa dos Campeões. A Itália, quinta colocada no Grand Prix, terá o reforço de suas
principais estrelas, como Francesca Piccinini. O time está na chave de
Holanda, Bulgária, República Tcheca, Polônia e Ucrânia.
E-mail cidasan@uol.com.br
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