São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

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FUTEBOL

Estava tão bom...

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Quando Parreira experimentou, insistiu e foi inegavelmente bem-sucedido com o "quarteto ofensivo", vi ruir a esperança (que mal havia) do meia Alex ter mais oportunidades na equipe. É incrível como algumas pessoas nascem na era errada...
O Brasil tem atletas excepcionais que não brilharam na seleção -por implicância ou teimosia dos técnicos, por problemas físicos, pelo excesso de boas alternativas, até por azar. Alex está fadado a ser um deles. Pra mim, é brilhante -habilidoso, técnico, aplicado, inteligente. Foi decisivo em títulos importantes de clubes brasileiros; em passagens pela seleção, foi reluzente ou "apenas" eficaz, mas não adiantou. E agora, com o formato consolidado, a vaga dele no meio-campo parecia inapelavelmente deletada (desculpe o estrangeirismo, mas "apagar" não significa tudo que está contido em "deletar", que decreta o sumiço de algo que nunca teve existência material de fato...).
Mas eis que Parreira, por força das circunstâncias -a suspensão de Ronaldinho- tem de mudar a formação do ataque. E, tendo Ronaldo de volta, ele dificilmente deixaria o Fenômeno no banco (se nem ao menos o substitui quando poderia, ou deveria...). Só que o técnico não mudou só as peças, ele mexeu bastante no formato do quarteto. Adriano e Ronaldo gostam de espaço, de ter chão pra "comer". Nessas condições, têm força, velocidade e tirocínio (!) difíceis de conter. Resisto à idéia dos dois juntos porque entendo que o jogo difícil para um seria também para o outro; não acho que sejam atletas que se complementem. Kaká é Kaká (não diga!), e Ricardinho não tem quase nada a ver com Ronaldinho e, principalmente, com Robinho (a quem, logicamente, ele substituiu ontem; a vaga de Ronaldinho não está em disputa).
Enfim -no lugar dos meias-atacantes habilidosos, leves, imprevisíveis-, entrou um meia que cadencia, distribui, cria jogadas, faz assistências. Adoro ter alguém com essa função, cansei de pedir um atleta assim na seleção do Felipão, vibrei com a convocação e a breve participação do próprio Ricardinho na Copa, mas agora não era o que eu queria -não à custa de tirar o Robinho.
E, se Ricardinho pode ser titular, por que Alex não teria outra chance? Deixa pra lá, vamos analisar o jogo. Ricardinho -não surpreende- jogou muito bem. Lúcido, criativo, à vontade. Adivinhe quem saiu no intervalo! Tudo bem que no amistoso o importante não é ganhar o jogo, e sim testar alternativas; o problema é não concordar com elas. Parreira poderia, no segundo tempo, abrir mão da dupla R-A -não pelos gols incrivelmente perdidos pelos dois, mas para aproveitar o entrosamento de Ricardinho e Robinho (que pode ser decisivo nas eliminatórias). A defesa também cometeu erros -e, de novo, não por causa deles, Luisão poderia ter mais tempo. E (o outro) Alex!
Como disse antes, Parreira costuma ser conservador demais, mas às vezes muda muito o que está funcionando. Insista no formato anterior, professor!

Fim de semana gordo
Foram duas lindas jogadas do Vasco -uma terminou em gol; a outra parou nas mãos do goleiro. Tevez e Roger esmerilharam em Campinas. A Ponte apresentou lances bonitos! Um gol do Santos arrematou fabulosa linha de passe. Pode ser que os ataques produzam tanto porque as defesas são fracas, mas é gostoso ter coleção de melhores lances como essa.

Coragem
Muito legal Pelé dizer a Maradona, no camarim, que o anfitrião poderia perguntar o que quisesse. O próprio apresentador ficou tocado.
Registre-se A punição do STJD a um árbitro (Marcio Rezende de Freitas) por ter ofendido jogadores.


E-mail: soninha.folha@uol.com.br

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