São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Absolvido, Muricy diz que vai "maneirar"

STJD livra são-paulino de punição por criticar pena suspensa de Dodô

Técnico evita polemizar e fala que não há patrulha do tribunal sobre profissionais, e sim "muito microfone" perto dos treinadores

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, foi absolvido ontem por unanimidade pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do processo em que era réu, por uma espécie de "delito de opinião" e, conciliador, prometeu "maneirar" ao expressar suas opiniões.
Muricy havia criticado o STJD por ter absolvido, em segunda instância, o atacante do Botafogo Dodô, antes condenado pela 2ª Comissão Disciplinar, primeira instância do órgão. Ele havia dito que "não se cumpre nada neste país" e que a decisão era "um mau exemplo" que o esporte dava.
Ontem, com discurso apaziguador e humilde, o treinador afirmou ser "leigo" e ter aprendido bastante com a situação. Disse ainda que, a partir de agora, vai "pensar mais e ter mais informação antes de opinar".
"Aprendi que é preciso falar com mais conhecimento de causa. A gente é leigo, só sabe de futebol, então reconheço isso, usei termos que não deveria, embora nunca tenha ofendido ninguém. Mas a gente tem de maneirar mesmo", disse, na saída do julgamento, no Rio.
O técnico se livrou de uma suspensão que variava de 60 a 720 dias. Era acusado pelo artigo 190 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): "Manifestar-se de forma desrespeitosa ou ofensiva contra ato ou decisão de entidade de administração do desporto e da Justiça Desportiva". Assim, ele poderá comandar sua equipe no jogo de amanhã, contra o Goiás, em Goiânia.
Ontem o técnico considerou a decisão que o perdoou "justa" e evitou mais polêmicas com o STJD, negando que a classe dos treinadores esteja sofrendo "patrulha". Joel Santana, do Flamengo, e Leão, do Atlético-MG, foram alvos do tribunal.
Preferiu criticar a imprensa e culpar os microfones, embora tenha reconhecido que os treinadores devem ser mais prudentes em suas declarações.
"Tem muito microfone. Não estamos sendo patrulhados pelo STJD, tem é muito microfone. Naquele momento [de jogo], não pensamos muito, às vezes temos de pegar duro com o jogador. Aparece no vídeo e vem a crítica. Mas temos realmente de maneirar um pouco mais. As pessoas têm de afastar um pouquinho mesmo o microfone senão vão ouvir o que não gostam", disse.
Muricy Ramalho afirmou desconhecer carta que o São Paulo teria enviado ao STJD em que o clube se eximia de qualquer responsabilidade sobre as declarações de seu treinador. Ele evitou fazer comentários sobre o assunto.
Fiel ao seu discurso sociológico, o são-paulino censurou o que chama de "cultura nacional", de culpar treinadores por todo tipo de problema.
Agora, quem está na mira do STJD são os meio-campistas Vampeta, do Corinthians, e Roger, do Flamengo, por infrações cometidas nas partidas de quarta-feira e anteontem.
Paulo Schmitt, procurador-geral do STJD, requisitou teipes das duas partidas, para denunciá-los por simulação, conduta caracterizada no artigo 258 do CBJD como "atitude antidesportiva", cuja pena varia de um a dez jogos de suspensão.


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