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Absolvido, Muricy diz que vai "maneirar"
STJD livra são-paulino de punição por criticar pena suspensa de Dodô
Técnico evita polemizar e fala que não há patrulha do tribunal sobre profissionais, e sim "muito microfone" perto dos treinadores
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, foi absolvido ontem por unanimidade pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do processo em
que era réu, por uma espécie de
"delito de opinião" e, conciliador, prometeu "maneirar" ao
expressar suas opiniões.
Muricy havia criticado o
STJD por ter absolvido, em segunda instância, o atacante do
Botafogo Dodô, antes condenado pela 2ª Comissão Disciplinar, primeira instância do órgão. Ele havia dito que "não se
cumpre nada neste país" e que
a decisão era "um mau exemplo" que o esporte dava.
Ontem, com discurso apaziguador e humilde, o treinador
afirmou ser "leigo" e ter aprendido bastante com a situação.
Disse ainda que, a partir de agora, vai "pensar mais e ter mais
informação antes de opinar".
"Aprendi que é preciso falar
com mais conhecimento de
causa. A gente é leigo, só sabe
de futebol, então reconheço isso, usei termos que não deveria,
embora nunca tenha ofendido
ninguém. Mas a gente tem de
maneirar mesmo", disse, na
saída do julgamento, no Rio.
O técnico se livrou de uma
suspensão que variava de 60 a
720 dias. Era acusado pelo artigo 190 do Código Brasileiro de
Justiça Desportiva (CBJD):
"Manifestar-se de forma desrespeitosa ou ofensiva contra
ato ou decisão de entidade de
administração do desporto e da
Justiça Desportiva". Assim, ele
poderá comandar sua equipe
no jogo de amanhã, contra o
Goiás, em Goiânia.
Ontem o técnico considerou
a decisão que o perdoou "justa"
e evitou mais polêmicas com o
STJD, negando que a classe dos
treinadores esteja sofrendo
"patrulha". Joel Santana, do
Flamengo, e Leão, do Atlético-MG, foram alvos do tribunal.
Preferiu criticar a imprensa e
culpar os microfones, embora
tenha reconhecido que os treinadores devem ser mais prudentes em suas declarações.
"Tem muito microfone. Não
estamos sendo patrulhados pelo STJD, tem é muito microfone. Naquele momento [de jogo], não pensamos muito, às vezes temos de pegar duro com o
jogador. Aparece no vídeo e
vem a crítica. Mas temos realmente de maneirar um pouco
mais. As pessoas têm de afastar
um pouquinho mesmo o microfone senão vão ouvir o que
não gostam", disse.
Muricy Ramalho afirmou
desconhecer carta que o São
Paulo teria enviado ao STJD
em que o clube se eximia de
qualquer responsabilidade sobre as declarações de seu treinador. Ele evitou fazer comentários sobre o assunto.
Fiel ao seu discurso sociológico, o são-paulino censurou o
que chama de "cultura nacional", de culpar treinadores por
todo tipo de problema.
Agora, quem está na mira do
STJD são os meio-campistas
Vampeta, do Corinthians, e Roger, do Flamengo, por infrações
cometidas nas partidas de
quarta-feira e anteontem.
Paulo Schmitt, procurador-geral do STJD, requisitou teipes das duas partidas, para denunciá-los por simulação, conduta caracterizada no artigo
258 do CBJD como "atitude antidesportiva", cuja pena varia
de um a dez jogos de suspensão.
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