São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011 |
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Xeque árabe agenda jogos do Brasil SELEÇÃO Saudita com passado polêmico apresenta rivais à CBF RODRIGO MATTOS DE SÃO PAULO Os amistosos do Brasil são controlados pela empresa de um bilionário saudita, dono de banco, negócios de mídia e um passado controverso. O xeque Saleh Kamel detém o conglomerado Dallah Albaraka, o que inclui a ISE (International Sports Events). A empresa assinou contrato com a CBF em 2006 para explorar os jogos do Brasil. Desde então, a ISE escolhe parte dos rivais da seleção, paga antecipado e organiza as partidas. A confederação avaliza ou não as decisões. A sede da empresa é nas ilhas Cayman, paraíso fiscal. É gerida por um executivo na Europa, que é contato da CBF. Mas o lucro dos amistosos e os pagamentos à confederação saem, de fato, dos cofres sauditas. A fortuna do xeque é avaliada em US$ 1,7 bilhão (R$ 2,17 bilhões). Seus negócios se estendem por países com população muçulmana no Oriente Médio e na África. Essa atuação gerou controvérsia na biografia do xeque Kamel. Famílias de vítimas do 11 de Setembro, em 2001, acusam o xeque e sua empresa de financiar a Al Qaeda e Osama bin Laden no episódio. Há processos de 6.500 pessoas que pedem indenizações e punições contra supostos financiadores dos terroristas, entre eles o grupo Albaraka. A empresa é acusada de ter empregado um dos articuladores do atentado, e Kamel, de prestar ajuda a Bin Laden. "Deve demorar anos para haver uma decisão", disse à Folha Donald Migliori, um dos advogados das famílias. "Foram 243 réus. Não tenho a capacidade de te dizer por que incluímos Kamel." O xeque tem sido absolvido pelas cortes americanas até agora. Foi o que festejou seu advogado, Martin McMahon, depois da sentença de um tribunal de Nova York que o isentou no atentado. "Isso mostra que está correta a posição do xeque ao dizer não ter nada a ver com terrorismo", disse ao site Arab News o advogado, que não retornou uma ligação da Folha. Os negócios e a influência política do xeque Kamel não sofreram abalo com as ações. A CBF afirma que não negocia com Kamel nem sabe o que ele faz fora do futebol. Para a assessoria da confederação, só haveria problema no contrato caso Kamel fosse condenado pela Justiça. A CBF recebe mais de US$ 2 milhões (R$ 3,18 milhões) por data Fifa, mesmo se não for realizado o amistoso. O acordo é por pacote de jogos, e o pagamento, antecipado. A reportagem não conseguiu localizar representantes da ISE ou da Dallah Albaraka. Texto Anterior: Vôlei: Brasileiras pegam cubanas no GP Próximo Texto: Confederação troca Egito por Gana Índice | Comunicar Erros |
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