São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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Com atrito entre atletas e sem vencer há sete partidas no Brasileiro, equipe pega a Ponte Preta

Dividido, Palmeiras corre risco de amargar lanterna

Fernando Santos/Folha Imagem
O meia Zinho faz alongamento em treino do Palmeiras, que tenta hoje, contra a Ponte, quebrar a série de sete jogos sem vitória


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os palmeirenses tentam negar, mas vão enfrentar a Ponte Preta, hoje, às 20h30, em Campinas, pelo Brasileiro, divididos.
De um lado, o grupo dos "experientes", comandado pelo goleiro Marcos e pelos zagueiros Alexandre e César. De outro, a turma dos mais novos, que conta com os laterais Rubens Cardoso e Leonardo e os atacantes Dodô e Nenê.
Se o time não vencer, terá de depender dos resultados dos jogos de Paysandu e Goiás para não cair para a última posição do torneio.
O "racha" entre os dois grupos começou após críticas do goleiro Marcos aos atletas mais novos depois do empate com o Gama.
O mal-estar provocado pelas declarações foi abafado pelo técnico Levir Culpi, que proibiu seus comandados de darem entrevistas polêmicas.
Mas os jogadores ficaram com as bocas fechadas só por uma semana. Motivado pela sequência de maus resultados -o time não vence há sete jogos e está na zona de rebaixamento do Nacional em 24º lugar-, o zagueiro Alexandre novamente rompeu o silêncio e atacou os atletas que chegaram recentemente ao clube.
O desabafo ocorreu depois da derrota em casa para o Bahia, no último sábado. "Eu, em nome do Marcos e do César, assumo a responsabilidade pela derrota. Mas não posso dizer o mesmo dos mais novos. Quando vamos cobrá-los eles nos mandam tomar naquele lugar", disse o jogador, que durante a partida se desentendeu com Nenê.
A reação veio no dia seguinte. Rubens Cardoso, outro novato da equipe, pediu para Alexandre dar "nome aos bois".
O treinador, então, novamente interveio para tentar contornar a situação. Anteontem, na reapresentação do time no CT, se reuniu com os jogadores e propôs um novo pacto de silêncio.
Usou frases de efeito para tentar unir seus atletas: "Estamos todos com a água no pescoço, mas quem tentar se salvar sozinho vai acabar se afogando".
Ou ainda: "Eu não vejo um salvador da pátria aqui. Se nós nos unirmos fica muito mais fácil".
Até o presidente palmeirense, Mustafá Contursi, confidenciou a amigos que a má fase da equipe se deve aos problemas de relacionamento entre os jogadores.
Para o dirigente, tudo que cabia à diretoria já foi feito, como as contratações de reforços e de um técnico de peso. Só resta agora, segundo ele, que o time mostre bom desempenho em campo.
"Não há atitude disciplinar para ser tomada contra o grupo. O grupo é muito heterogêneo, vocês não têm noção. Não é fácil. É apenas uma questão de fechamento de grupo", afirmou Levir Culpi.
O goleiro Marcos, um dos pivôs da crise no clube, disse que os jogadores palmeirenses "precisam se conhecer melhor". "Temos um bom grupo, mas foi formado durante o campeonato. Ainda não nos conhecemos direito."
Ontem, um dia após nova lavagem de roupa suja, os jogadores palmeirenses tentavam disfarçar o "racha" na equipe.
Durante as entrevistas, negaram o atrito entre eles. Mas a maioria das declarações acompanhava o pedido de "união" da equipe.
"Estamos todos no mesmo barco. Se ele afundar, vamos todos juntos", disse Alexandre.


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