|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Agência do país revela nova droga e acusa empresa que tem como clientes ídolos do atletismo
EUA descobrem doping que pode esvaziar Atenas
ADALBERTO LEISTER FILHO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os EUA anunciaram a descoberta de um escândalo de doping
que pode enfraquecer consideravelmente sua equipe de atletismo
nos Jogos de Atenas-2004.
Ainda não foram divulgados os
nomes dos envolvidos, mas já se
sabe que o número de atletas pegos é grande e que pode ficar
maior, atingindo outros esportes.
O caso é importante ainda por
trazer à luz um novo tipo de doping, que até então estava passando imune aos exames.
A Usada (a agência antidoping
norte-americana) anunciou que
flagrou um grande número de
competidores do último campeonato nacional de atletismo, em junho, usando uma substância até
então desconhecida -o THG,
um esteróide anabólico.
Segundo a entidade, os envolvidos, em caso de comprovação de
doping na amostra B, serão suspensos por dois anos, período que
engloba a próxima Olimpíada.
A Usada não divulgou o número exato de atletas (a imprensa
norte-americana fala em até 40
envolvidos) nem o nome dos acusados, mas, pelos detalhes públicos do caso, as punições podem
resvalar em alguns dos nomes
mais famosos do atletismo.
Segundo a agência, a Balco, empresa sediada na Califórnia e propriedade de Victor Conte, uma espécie de guru do corpo atlético
nos EUA, é a responsável pela
produção da nova droga.
Na sua lista de clientes, a Balco
tem nomes como Marion Jones,
primeira mulher a ganhar cinco
medalhas em uma Olimpíada no
atletismo, e Tim Montgomery, recordista mundial dos 100 m.
Kelli White, que foi pega no antidoping e deve perder os ouros
nos 100 m e 200 m que conquistou
no Mundial de Paris, neste ano,
também é cliente de Conte.
Astros de outras modalidades,
como Barry Bonds, do beisebol,
também usam produtos da Balco.
"Estamos certos de que a droga
vem de Conte", diz Terry Madden, o chefão da Usada, que, no
entanto, aponta outros culpados.
"É uma conspiração envolvendo químicos, técnicos e atletas,
que usam esteróides de estrutura
modificada esperando que, com
isso, não sejam pegos", diz ele,
que considera esse um dos maiores casos de doping do esporte
dos EUA em todos os tempos.
Em e-mail enviado para um jornal dos EUA, o dono da Balco refutou a acusação. "Na minha opinião, isso é só um caso de ciúme
de treinadores e atletas", escreveu
o empresário, apontando para
um detalhe inusitado do caso.
A Usada só descobriu o novo esteróide por meio de um denúncia
anônima de um treinador, que
mandou ao órgão uma seringa
com uma amostra da droga. O denunciante também apontou a
Balco como produtora da droga.
De posse da seringa, a agência a
enviou para um laboratório de
Los Angeles, que desenvolveu a
técnica para detectar o THG.
Apesar de até agora a droga só
ter sido encontrada no atletismo,
a Usada acredita que praticantes
de outras modalidades também
devem fazer uso dela, assim como
atletas não-americanos.
Potência
Se perder estrelas para os Jogos
de Atenas, os EUA ficarão fragilizados no esporte que é um dos
carros-chefes da maior potência
olímpica do planeta. O atletismo
já ganhou quase 300 medalhas de
ouro, ou um terço de todas as premiações desse tipo do país na história olímpica até o momento.
Nos Jogos de Sydney, em 2000,
não fossem os dez ouros na modalidade, a mais tradicional da
Olimpíada, os EUA ficariam atrás
da Rússia no quadro de medalhas.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Saiba mais: Droga descoberta é equivalente a outro esteróide Índice
|