São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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Morre Puskas, o "Major Galopante"

Ex-jogador, de 79 anos, sofria de mal de Alzheimer e estava internado na UTI, em Budapeste, havia mais de dois meses

Mito do Real Madrid e da seleção húngara, Puskas era considerado um dos maiores da história e o melhor europeu canhoto


PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Morreu ontem, aos 79 anos, Ferenc Puskas, o maior jogador húngaro de todos os tempos, um dos maiores da história do futebol. Vítima do mal de Alzheimer, o ex-atacante da Hungria dos anos 50 e do mítico Real Madrid dos 60 não resistiu a uma pneumonia e a uma febre alta que causaram falência cardiovascular e respiratória, às 2h (horário de Brasília).
A saúde de Puskas já estava debilitada há tempos. Desde 2000, o ex-jogador estava internado no hospital Kutvolgyi, em Budapeste, onde morreu. Desde o dia 12 de setembro, ele estava internado na UTI.
A morte de Puskas causou reações de pesar em todo o mundo do futebol. De dirigentes do Real Madrid a técnicos famosos, muitos fizeram questão de lamentar publicamente a morte do húngaro, considerado o maior europeu canhoto da história do futebol -no mundo, talvez apenas Maradona, que rivaliza com Pelé como o melhor de todos, seja considerado melhor do que ele com a perna esquerda.
Não à toa a reação ao falecimento de Puskas foi tão abrangente. Ele foi o ícone de dois times que entram fácil em quaisquer rankings que apontem os maiores esquadrões da história: a Hungria dos anos 50 e o Real Madrid da década seguinte. Em ambas as equipes, Puskas ocupava lugar de destaque.
Na seleção nacional, era líder de uma linha ofensiva responsável por revolucionar a forma com que as defesas adversárias eram armadas.
Ao lado de Czibor, Koczis, Hidekguti e Tóth, ele fez com que o sistema WM, popular à época, fosse questionado e aos poucos substituído, por usar apenas três defensores.
Foi esse time o responsável por quebrar uma das maiores escritas da história do futebol. Os húngaros foram os primeiros a derrotar a Inglaterra em casa, em 1953, um ano depois de conquistarem o ouro na Olimpíada de Helsinque.
E não foi uma vitória casual do "esquadrão dourado". Com um 6 a 3, a Hungria derrubou em Wembley os até então imbatíveis ingleses. A atuação de Puskas encantou os adversários, que o apelidaram de "Major Galopante" -ele era militar.
""Eles eram a melhor seleção do mundo. Eu joguei contra um time maravilhoso, que tinha uma tática que nós jamais havíamos visto", relata Tom Finney, integrante daquela seleção inglesa derrotada.
Mas a trajetória vitoriosa em seu país, que começara no Honved (então chamado de Kispest), em 1943, terminaria em 1956. Com a invasão da União Soviética à Hungria, Puskas decidiu não retornar ao país depois de uma excursão com o time nacional e quase encerrou a carreira. Ficou na Espanha e, em 1958, aos 31 anos, foi contratado pelo Real Madrid. Mas começou sob desconfiança.
"Quando Puskas chegou, a imprensa espanhola dizia que havia sido um erro contratá-lo. Mas bastaram alguns treinos para ele mostrar sua condição física e provar que talento não se perde", relembra Kopá, companheiro de Puskas na equipe.
Lá, formou um dos maiores ataques do futebol mundial, ao lado do argentino Di Stéfano, entre outros, e ajudou o clube a conquistar três vezes a Copa dos Campeões (1959, 1960 e 1966). Seu sucesso no Real o levou a se naturalizar espanhol e a jogar pela Espanha, inclusive na Copa de 1962. A carreira dentro de campo foi até 1967.
O enterro de Puskas só ocorrerá no dia 9 de dezembro, para que o ex-jogador possa ser homenageado por seus fãs.


Com agências internacionais

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