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Pela primeira vez na história, Nacional adota modelo europeu e, contra os interesses da TV, premiará com o título o clube de melhor campanha
Clubes vetam o mata-mata, e Brasileiro terá pontos corridos
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Pela primeira vez na história, o
Campeonato Brasileiro será disputado em sistema de turno e returno, pontos corridos.
Em decisão surpreendente, o
Clube dos 13 contrariou a posição
da Globo, maior investidora do
futebol brasileiro, e resolveu adotar o modelo europeu, extinguindo o mata-mata e as finais em reunião do Conselho Técnico do torneio, ontem à tarde, no Rio.
Constantemente influenciados
pelos interesses da emissora, que
defendeu o fim dos regionais e o
prolongamento do Nacional para
oito meses e meio, os clubes acreditam ter conquistado força na
negociação sobre os direitos de
transmissão do Brasileiro-2003.
A Globo não quer pagar o valor
pedido pelos clubes, que pleiteiam no mínimo R$ 200 milhões
e já contam com o interesse da
concorrente SBT para pressionar
a tradicional parceira -um novo
encontro aborda o tema hoje.
Promessa de campanha de Ricardo Teixeira nas eleições de
1989, o Brasileiro com pontos corridos só foi defendido com firmeza pelo presidente da CBF neste
ano. "É o que eu sempre quis. Ficou consolidado o nosso calendário, com 46 datas. O regulamento
do Brasileiro deste ano foi respeitado, não houve virada de mesa,
apesar de todas as pressões. Estou
satisfeito", disse Teixeira à Folha
de Madri, onde participa da reunião do Comitê Executivo da Fifa.
A decisão interna do Clube dos
13 sobre o regulamento da Série A
do Brasileiro, que terá 24 clubes e
será o mais longo da história, foi
apertada. Sem o apoio de Santos,
Corinthians e Palmeiras e dos clubes cariocas, o sistema mata-mata
foi derrotado por dois votos.
Na reunião da entidade, pela
manhã, foi o São Paulo quem
apresentou a proposta de pontos
corridos. Dizendo-se o maior prejudicado pelo mata-mata, o líder
da primeira fase do Brasileiro-02
acabou sendo eliminado pelo
Santos nas quartas-de-final.
"Não ignoramos o risco, mas temos que experimentar. No próximo ano, o time que tiver o melhor
planejamento vai ser campeão",
disse Juvenal Juvêncio, que representou o São Paulo na reunião.
Fábio Koff, presidente do C13,
preferiu elogiar o fato de a decisão
ter sido oficialmente unânime.
"Saímos fortalecidos."
Já a Globo, que teve no narrador
Galvão Bueno o principal garoto-propaganda do Nacional com finais, resignou-se. "Acreditamos
que os clubes tomaram uma decisão equivocada, mas ela é soberana. Esperamos que, por ser uma
novidade, o sistema de pontos
corridos traga atratividade ao
campeonato", disse ontem Julio
Mariz, diretor da Globo Esportes.
A principal argumentação dos
clubes que se opuseram ao modelo europeu era que os times poderiam amargar um diminuição na
arrecadação por causa da falta dos
mata-matas. ""O campeonato com
uma fase decisiva seria o melhor
para todos, porque poderíamos
arrecadar mais. Agora, torço muito para que dê certo", disse o flamenguista Hélio Ferraz.
A única voz dissonante após o
encontro era o vascaíno Eurico
Miranda, que ameaçou recorrer à
Justiça comum para anular a reunião, alegando que o contrato de
transmissão com a TV Globo foi
desrespeitado -segundo ele, o
acordo com a emissora prevê a
competição com os mata-matas.
"Esse sistema é um suicídio para o futebol brasileiro. A CBF tem
a idéia, mas quem vai pagar a conta no final nunca é ela."
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