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FUTEBOL
Jogador, destaque do time no inédito título do Brasileiro, quer "tranquilidade financeira'; clube diz que não é hora
Santos e Diego discordam sobre aumento
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Diego quer ficar no Santos. O
Santos quer ficar com Diego. Mas,
dois dias após a inédita conquista
do Brasileiro pelo clube do litoral,
começaram a surgir as primeiras
divergências entre as duas partes.
Em São Paulo, onde ontem participou da inauguração de uma
quadra na favela do Buraco
Quente, no Brooklin (zona sul), o
meia-atacante disse que vai pedir
aumento salarial à diretoria em
uma reunião na semana que vem.
Atualmente, o jogador, de 17
anos, ganha R$ 25 mil mensais. O
teto salarial da equipe é R$ 70 mil.
"Hoje, ninguém do time recebe
muito. Estou trabalhando para ter
uma vida tranquila financeiramente", afirmou Diego, vez ou
outra levando a mão à coxa esquerda, que está lesionada.
Seu pai, Djair Silvério da Cunha,
que detém 40% dos seus direitos
federativos -os 60% restantes
são do Santos-, foi mais incisivo.
"Na semana que vem, vou sentar com o Marcelo Teixeira [presidente do clube] para negociar. O aumento que ele recebeu durante
o Brasileiro foi simbólico. Sei da
política da diretoria de economizar, mas eles têm que entender
que o trabalho do Diego foi muito
benéfico no campeonato", disse.
"Meu filho evoluiu muito dentro de campo. E, financeiramente,
também precisa evoluir", completou, afirmando que o contrato
de Diego com o Santos termina
no dia 28 de fevereiro de 2005.
Nesse ponto está uma das divergências com o clube. "O pai do
Diego está equivocado. O contrato só termina no dia 31 de dezembro de 2006, tenho certeza", declarou à Folha Francisco Lopes,
diretor de futebol do Santos.
Lopes também é contrário a um
aumento salarial para o jogador
neste momento. "Essas coisas só
atrapalham. Outros jogadores podem reclamar. Como vai ficar o
Fábio Costa? E o Robinho? O Diego tem que esperar um pouco."
O dirigente criticou o pai do
atleta: "Ele tem que ser um pouco
mais inteligente e parar de falar.
No meio do Brasileiro, quando ele
começou a comentar muito sobre
propostas de clubes da Europa, o
futebol do Diego caiu muito".
A última divergência diz respeito à seleção brasileira sub-20. A
diretoria e o técnico Emerson
Leão eram contra a participação
de Diego e Robinho no Sul-Americano da categoria, de 5 a 20 de
janeiro, no Uruguai, e chegaram a
anunciar que pediriam a dispensa
dos dois para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A alegação seria que os dois estão esgotados, após uma campanha puxada no Brasileiro, e que precisam se recuperar para o início do Paulista, em 26 de janeiro.
Não foi necessário. Lesionados,
os dois terão que passar as próximas semanas em recuperação.
No entanto, Diego afirmou ontem que, se não fosse a contusão,
já estaria na Granja Comary. "Na
semana passada, eu liguei todos
os dias para a Granja para falar
com o pessoal, meus amigos que
estão lá. Minha vontade era ir. Seleção brasileira tem que servir
com muito amor, não importa se
é sub-17, sub-20 ou principal."
Apesar de todas essas diferenças
de opinião, os dois lados acreditam na permanência do jogador
para o Paulista e numa convivência tranquila no próximo ano.
A começar pelo próprio Diego.
"Eu só saio se o clube quiser. Não
tenho a mínima vontade de sair
do Santos. Não tem dinheiro que
pague o prazer de atuar para
aquela torcida. Quero muito jogar
o Paulista e a Libertadores."
A exemplo do colega Robinho,
o outro destaque do time na competição, ele diz ainda não estar
preparado para viver na Europa.
"Não sei se é medo de jogar lá fora... De qualquer forma, seria trocar o certo pelo duvidoso."
E certo, hoje, é o "boom" na popularidade de Diego após o título
em cima do Corinthians. Ontem,
no evento de inauguração da quadra, ele foi mais assediado por
crianças e pela imprensa do que o
são-paulino Ricardinho, pentacampeão com o Brasil em junho.
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