São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Jogador, destaque do time no inédito título do Brasileiro, quer "tranquilidade financeira'; clube diz que não é hora

Santos e Diego discordam sobre aumento

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Diego quer ficar no Santos. O Santos quer ficar com Diego. Mas, dois dias após a inédita conquista do Brasileiro pelo clube do litoral, começaram a surgir as primeiras divergências entre as duas partes.
Em São Paulo, onde ontem participou da inauguração de uma quadra na favela do Buraco Quente, no Brooklin (zona sul), o meia-atacante disse que vai pedir aumento salarial à diretoria em uma reunião na semana que vem.
Atualmente, o jogador, de 17 anos, ganha R$ 25 mil mensais. O teto salarial da equipe é R$ 70 mil.
"Hoje, ninguém do time recebe muito. Estou trabalhando para ter uma vida tranquila financeiramente", afirmou Diego, vez ou outra levando a mão à coxa esquerda, que está lesionada.
Seu pai, Djair Silvério da Cunha, que detém 40% dos seus direitos federativos -os 60% restantes são do Santos-, foi mais incisivo.
"Na semana que vem, vou sentar com o Marcelo Teixeira [presidente do clube] para negociar. O aumento que ele recebeu durante o Brasileiro foi simbólico. Sei da política da diretoria de economizar, mas eles têm que entender que o trabalho do Diego foi muito benéfico no campeonato", disse.
"Meu filho evoluiu muito dentro de campo. E, financeiramente, também precisa evoluir", completou, afirmando que o contrato de Diego com o Santos termina no dia 28 de fevereiro de 2005.
Nesse ponto está uma das divergências com o clube. "O pai do Diego está equivocado. O contrato só termina no dia 31 de dezembro de 2006, tenho certeza", declarou à Folha Francisco Lopes, diretor de futebol do Santos.
Lopes também é contrário a um aumento salarial para o jogador neste momento. "Essas coisas só atrapalham. Outros jogadores podem reclamar. Como vai ficar o Fábio Costa? E o Robinho? O Diego tem que esperar um pouco."
O dirigente criticou o pai do atleta: "Ele tem que ser um pouco mais inteligente e parar de falar. No meio do Brasileiro, quando ele começou a comentar muito sobre propostas de clubes da Europa, o futebol do Diego caiu muito".
A última divergência diz respeito à seleção brasileira sub-20. A diretoria e o técnico Emerson Leão eram contra a participação de Diego e Robinho no Sul-Americano da categoria, de 5 a 20 de janeiro, no Uruguai, e chegaram a anunciar que pediriam a dispensa dos dois para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A alegação seria que os dois estão esgotados, após uma campanha puxada no Brasileiro, e que precisam se recuperar para o início do Paulista, em 26 de janeiro.
Não foi necessário. Lesionados, os dois terão que passar as próximas semanas em recuperação.
No entanto, Diego afirmou ontem que, se não fosse a contusão, já estaria na Granja Comary. "Na semana passada, eu liguei todos os dias para a Granja para falar com o pessoal, meus amigos que estão lá. Minha vontade era ir. Seleção brasileira tem que servir com muito amor, não importa se é sub-17, sub-20 ou principal."
Apesar de todas essas diferenças de opinião, os dois lados acreditam na permanência do jogador para o Paulista e numa convivência tranquila no próximo ano.
A começar pelo próprio Diego. "Eu só saio se o clube quiser. Não tenho a mínima vontade de sair do Santos. Não tem dinheiro que pague o prazer de atuar para aquela torcida. Quero muito jogar o Paulista e a Libertadores."
A exemplo do colega Robinho, o outro destaque do time na competição, ele diz ainda não estar preparado para viver na Europa. "Não sei se é medo de jogar lá fora... De qualquer forma, seria trocar o certo pelo duvidoso."
E certo, hoje, é o "boom" na popularidade de Diego após o título em cima do Corinthians. Ontem, no evento de inauguração da quadra, ele foi mais assediado por crianças e pela imprensa do que o são-paulino Ricardinho, pentacampeão com o Brasil em junho.


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