São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010

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Time é orgulho da "Catalunha congolesa"

FÁBIO ZANINI
EDITOR DE MUNDO

Seria interessante ver a festa na República Democrática do Congo de uma improvável vitória do Mazembe hoje. Talvez seja a mesma de madrilenhos curtindo o Barcelona.
A equipe vem da província de Katanga (sudeste), que, mal comparando, é a Catalunha congolesa.
Uma região afastada da capital, Kinshasa, com sentimento de isolamento incrementado pela quase inexistência de estradas num país que é do tamanho da Europa ocidental.
No final do século 19, a área foi colonizada de forma separada por aventureiros belgas, e Katanga se manteve uma região autônoma até os anos 1930.
Em Katanga, fala-se suaíli, língua franca do leste africano, e seus habitantes sentem-se culturalmente mais próximos de quenianos e zambianos, assim como os catalães por vezes se reconhecem mais entre os franceses.
Em Katanga, nada mais distante que a elite francófona que habita a capital e fala o idioma lingala.
Mais importante, Katanga é a caixa-forte da vasta riqueza mineral do Congo.
Concentra depósitos fabulosos e ainda inexplorados de cobre, cobalto, zinco, urânio e diamantes (aqui, numa rara semelhança com o resto do país, quase nada dessa riqueza chegou à população em geral).
Não é de se estranhar, portanto, que um lugar assim tenha sentimentos separatistas, e Katanga chegou brevemente a declarar independência em 1960.
Como a Catalunha, é um local orgulhoso, e o "Todo Poderoso" Mazembe, um de seus maiores símbolos.


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