São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 2006

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BASQUETE

Em busca de redenção, país assedia astros da NBA, que hoje atuam no All-Star Game, para defender seleção até 2008

EUA escalam estrelas para voltar ao topo

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

MELCHIADES FILHO
ENVIADO ESPECIAL A HOUSTON

O fiasco nos últimos torneios internacionais ligou o sinal de alerta. A partir de agora, os EUA querem retomar sua hegemonia e formar novo "Dream Team".
Para isso, assediam as maiores estrelas da NBA. Dos 24 atletas que participam hoje do All-Star Game, em Houston, só um norte-americano, Rasheed Wallace, não aparece nos planos da seleção.
Para convencê-los a firmar acordo de três anos, do Mundial do Japão, em agosto, aos Jogos de Pequim-08, a USA Basketball (federação dos EUA) escalou alguém próximo aos atletas, Jerry Colangelo, presidente do Phoenix. "Minha missão é incentivar os jogadores ao compromisso. Precisamos retomar nosso lugar de líder neste esporte, que foi inventado aqui, e do qual temos orgulho de nossas conquistas", disse à Folha Jerry Colangelo.
Para montar um elenco capaz de assustar países como Argentina, campeã olímpica, Colangelo tem aproveitado as viagens do Phoenix para manter reuniões com astros de todas as franquias.
Suas principais conquistas foram arregimentar destaques como Kobe Bryant, LeBron James, Shawn Marion e Allen Iverson.
"Quando me encontrei com o LeBron, discutimos meia hora antes de confirmar tudo. Ele então me perguntou o que deveria falar aos jornalistas. Eu respondi: "Diga que você vai, porque foi isso o que decidimos'", contou Colangelo.
Alguns vêem o projeto da seleção nacional como um apêndice de seu trabalho na NBA. "A liga estendeu o basquete para o mundo. Possui hoje mais de 80 estrangeiros. O Mundial ou a Olimpíada são uma extensão desse projeto multicultural e multiétnico, do qual tenho prazer em participar", destacou o astro do LA Lakers.
Entre 35 e 38 atletas passarão pelo crivo de Colangelo, que pretende encerrar em breve as entrevistas. Segundo a USA Basketball, a lista final, com 20 jogadores, será divulgada no início de março.
O grupo inicia treinos no dia 18 de julho, em Las Vegas. Doze serão escolhidos para o Mundial-06.
"O problema é que entre o fim da temporada da NBA e o início dos nossos treinos há um intervalo de só três a quatro semanas. Os jogadores que atuarem nas finais estarão fatigados. Vamos levar isso em conta quando abrirmos exceções", comenta Colangelo.
Convencer jogadores que disputam cerca de cem partidas duríssimas por temporada a abrirem mão de suas férias de verão, porém, não é tarefa fácil. Alguns negaram interesse logo de cara.
"Pelo que ouvi dizer, o time está cheio. E eu também", ironizou o armador Vince Carter, que pretende passar o verão na Flórida.
Tim Duncan, outro ausente, quer se recuperar das temporadas desgastantes na liga. "Achei que era mais sensato me preservar."
Questionado pela Folha por que, diante de sua rotina cheia de compromissos, decidiu participar do Jogo das Estrelas, brincou: "Não sou tão sensato assim".
Outro problema é a questão das grávidas. Shaunie, mulher de Shaquille O'Neal, espera filho para maio. Já Piper, esposa de Chauncey Billups, terá seu rebento até agosto. "Teremos que ser flexíveis com esses casos", diz Colangelo.
Outros agradecem não enfrentar tal problema. "Sou jovem, forte e, obviamente, não estou grávido", diverte-se Shawn Marion.


O jornalista Melchiades Filho viajou a Houston a convite do portal Globo.com

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