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manso
"Se atrapalhar, eu saio", avisa Leão ao Santos
Em entrevista à Folha, treinador defende o criticado Betão, "o melhor da defesa"
Técnico afirma que reforços contratados são piores do que ele
desejava, prega cumplicidade e acredita que time vai demorar a
vencer
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Emerson Leão, 58,
diz que "se estiver
atrapalhando o time", deixa o Santos, que voltou à
zona de rebaixamento do Paulista após
perder para o lanterna Rio Preto (2 a
1).
Durante entrevista à Folha, ontem em
um restaurante de
São Paulo, ele e seu
assessor tiveram de
desmentir, quatro
vezes, por telefone, boatos sobre
sua demissão. O
treinador diz acreditar que o time vai
demorar para chegar
às vitórias e defende o zagueiro
Betão, "o melhor da
defesa", segundo
ele, e que teve, de
novo, a cabeça pedida por parte da
torcida após falhar
no jogo de anteontem em São José do
Rio Preto.
FOLHA - Se a situação continuar ruim, você pode pedir
demissão?
LEÃO - Tudo é possível no futebol,
principalmente
quando você é empregado. É a nossa
cultura no futebol.
Tem técnico que até
com resultado sai.
FOLHA - Digo, se é possível
sair partindo de você?
LEÃO - Se eu achar que
isso vai ajudar,
sim. Se achar que
estou atrapalhando, também.
FOLHA - Você vê jeito para tirar o time dessa situação,
sem reforços?
LEÃO - Acho que tem
que ter a cumplicidade de todos para
um único objetivo:
tirar a vergonha de
perto da gente porque estamos em uma
linha vermelha e
isso é desagradável.
FOLHA - Falta essa cumplicidade?
LEÃO - Não digo que
está faltando agora
porque nós estamos
nos conhecendo. Você se irrita quando
a coisa não sai.
Cumplicidade é reagir, não ficar passivo.
FOLHA - Acha que essa situação no Paulista pode tirar o
foco do principal, que é a Libertadores?
LEÃO - Eu não sei se a
Libertadores é o
objetivo. Antes
disso, o objetivo é
formar um novo
grande time. Eu
penso assim: o
grande time não
precisa ter objetivos. O objetivo é
sempre a vitória.
Qual passou a ser a
fonte mais perigosa: o Paulista ou a
Libertadores? Então eu não penso no
objetivo, eu penso
no time, no que ele
pode me dar.
FOLHA - Esse time está preparado para ser grande?
LEÃO - Não é aquilo
que esperávamos.
Por isso essa instabilidade. Ainda
não está preparado
para vitórias. Há
atletas que não estão jogando o que já
jogaram e outros
precisamos descobrir o que podem
dar.
FOLHA - Qual o grande problema?
LEÃO - Você trabalhar com vitória é
muito mais fácil,
com o time definido, é muito mais fácil. Não temos uma
coisa nem outra.
Essa é a nossa dificuldade. Primeiro a
manutenção de um
time, depois de uma
qualificação mais
alta para conseguir
as vitórias. Isso
vai demorar.
FOLHA - As contratações foram feitas da melhor forma
possível dentro do que o clube poderia gastar?
LEÃO - Eu não sei qual
é a real situação do
Santos. Agora foram
tentados jogadores
de um padrão muito
mais alto do que
conseguimos. Então, você vai naquele chavão: contrata de acordo com
o que pode.
FOLHA - E o Betão?
LEÃO - Estou satisfeito com o Betão.
Ele teve um momento
de infelicidade, no
jogo com o Rio Preto, mas nos outros
ele foi o melhor da
defesa. Em todos os
jogos. Ele tem uma
regularidade maior
do que ele tinha
quando jogava no
Corinthians.
FOLHA - Nos últimos anos você tem treinado equipes que
sempre estão brigando para
não cair...
LEÃO - Isso me dá muito prazer. Eu estou
longe de conquistar
título. Mas por outro lado, tenho
muito prazer em tirar um time do rebaixamento. É como
se fosse um título.
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