São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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"Se atrapalhar, eu saio", avisa Leão ao Santos

Em entrevista à Folha, treinador defende o criticado Betão, "o melhor da defesa"

Técnico afirma que reforços contratados são piores do que ele desejava, prega cumplicidade e acredita que time vai demorar a vencer

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Emerson Leão, 58, diz que "se estiver atrapalhando o time", deixa o Santos, que voltou à zona de rebaixamento do Paulista após perder para o lanterna Rio Preto (2 a 1).
Durante entrevista à Folha, ontem em um restaurante de São Paulo, ele e seu assessor tiveram de desmentir, quatro vezes, por telefone, boatos sobre sua demissão. O treinador diz acreditar que o time vai demorar para chegar às vitórias e defende o zagueiro Betão, "o melhor da defesa", segundo ele, e que teve, de novo, a cabeça pedida por parte da torcida após falhar no jogo de anteontem em São José do Rio Preto.

 

FOLHA - Se a situação continuar ruim, você pode pedir demissão?
LEÃO -
Tudo é possível no futebol, principalmente quando você é empregado. É a nossa cultura no futebol. Tem técnico que até com resultado sai.

FOLHA - Digo, se é possível sair partindo de você?
LEÃO -
Se eu achar que isso vai ajudar, sim. Se achar que estou atrapalhando, também.

FOLHA - Você vê jeito para tirar o time dessa situação, sem reforços?
LEÃO -
Acho que tem que ter a cumplicidade de todos para um único objetivo: tirar a vergonha de perto da gente porque estamos em uma linha vermelha e isso é desagradável.

FOLHA - Falta essa cumplicidade?
LEÃO -
Não digo que está faltando agora porque nós estamos nos conhecendo. Você se irrita quando a coisa não sai. Cumplicidade é reagir, não ficar passivo.

FOLHA - Acha que essa situação no Paulista pode tirar o foco do principal, que é a Libertadores?
LEÃO -
Eu não sei se a Libertadores é o objetivo. Antes disso, o objetivo é formar um novo grande time. Eu penso assim: o grande time não precisa ter objetivos. O objetivo é sempre a vitória. Qual passou a ser a fonte mais perigosa: o Paulista ou a Libertadores? Então eu não penso no objetivo, eu penso no time, no que ele pode me dar.

FOLHA - Esse time está preparado para ser grande?
LEÃO -
Não é aquilo que esperávamos. Por isso essa instabilidade. Ainda não está preparado para vitórias. Há atletas que não estão jogando o que já jogaram e outros precisamos descobrir o que podem dar.

FOLHA - Qual o grande problema?
LEÃO -
Você trabalhar com vitória é muito mais fácil, com o time definido, é muito mais fácil. Não temos uma coisa nem outra. Essa é a nossa dificuldade. Primeiro a manutenção de um time, depois de uma qualificação mais alta para conseguir as vitórias. Isso vai demorar.

FOLHA - As contratações foram feitas da melhor forma possível dentro do que o clube poderia gastar?
LEÃO -
Eu não sei qual é a real situação do Santos. Agora foram tentados jogadores de um padrão muito mais alto do que conseguimos. Então, você vai naquele chavão: contrata de acordo com o que pode.

FOLHA - E o Betão?
LEÃO -
Estou satisfeito com o Betão. Ele teve um momento de infelicidade, no jogo com o Rio Preto, mas nos outros ele foi o melhor da defesa. Em todos os jogos. Ele tem uma regularidade maior do que ele tinha quando jogava no Corinthians.

FOLHA - Nos últimos anos você tem treinado equipes que sempre estão brigando para não cair...
LEÃO -
Isso me dá muito prazer. Eu estou longe de conquistar título. Mas por outro lado, tenho muito prazer em tirar um time do rebaixamento. É como se fosse um título.


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