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VÔLEI
Times recorrem ao trabalho de profissionais para traçar perfis individuais e instigar espírito de grupo nos atletas
Psicólogas vão à quadra na Superliga
JOSÉ ALAN DIAS
da Reportagem Local
Disseminada no futebol, a ponto
de a seleção brasileira incluir uma
profissional da área em sua comissão técnica, a psicologia aplicada à
área esportiva se expande nas
equipes da Superliga de vôlei.
É o retorno do recurso que esteve
sob evidência, na modalidade,
com a equipe campeã olímpica em
Barcelona-92 -orientada pela
psicóloga Regina Brandão, hoje
prestando serviço ao futebol dos
rivais gaúchos Inter e Grêmio.
Olympikus, o líder invicto, Ulbra-Pepsi, campeão da última
temporada, Unincor, sexto colocado, e Coop/Santo André, décimo
no geral -entre 12 concorrentes- são, no masculino, os que
trabalham com o recurso. Leites
Nestlé, não com psicólogo, mas via
dois consultores empresariais,
marca o feminino.
O que norteia essas incursões é a
criação ou a ampliação do chamado ""espírito de grupo", indispensável em esportes coletivos.
"Rescaldado" -o termo é usado
por Renan dal Zotto- pela campanha fracassada em 98, o técnico
do Olympikus trabalha pela primeira vez com uma psicóloga. "Fui
atleta e sei que o emocional muitas
vezes faz a diferença entre botar a
bola no chão ou não", diz.
O treinador não mais esconde
que as dificuldades para controlar
um grupo de estrelas como Carlão,
Nalbert, Milinkovic, Maurício e
Giba, no ano passado, foram decisivas para a busca do apoio.
Na preparação para a atual temporada, a psicóloga Paula Almeida
aplicou aos 14 atletas, mais comissão técnica, um teste de 180 perguntas -o exame é usual em empresas-, a partir do qual pôde traçar perfis individuais dos atletas.
Com jargões da área, refere-se ao
sujeito que perde o controle facilmente (colérico), que se mantém
calmo (fleumático) etc.
Depois, com observação de partidas e treinos e de posse dos testes,
elabora o perfil do grupo.
""Lidar de forma superficial com
uma pessoa no dia-a-dia é uma
coisa. Saber até que ponto ela pode
chegar está muito distante. Há
atletas que, quando erram, aceitam o palavrão bem. Outros, em
vez de aumentarem o rendimento,
se apagam", diz Almeida.
""O Marcos (Milinkovic, remanescente do antigo elenco) é um
exemplo de atleta com o qual você
pode ser incisivo. Ele rende bem
quando cobrado. Com o Nalbert, o
tratamento deve ser outro."
Metodologia
Reuniões e dinâmicas de grupo
-nas quais são ""trabalhadas",
com ajuda de exercícios, atitudes
como concentração e controle da
ansiedade- se incorporaram aos
times que apelam à psicologia.
Mas os profissionais afirmam que
a influência não chega ao veto ou à
escalação de jogadores.
""Se o relacionamento fora da
quadra for bom, tanto melhor,
mas não tenho obrigação de ser
amigo de todo mundo. Dentro de
quadra, sim, temos de nos relacionar o melhor possível", diz Nalbert, capitão do Olympikus e da seleção brasileira.
Há dois meses no Ulbra-Pepsi,
Maria Alice Targa, psicóloga com
especialização em grupos humanos, preferiu não traçar perfis individuais (""o elenco não precisava,
ele é muito coeso"), embora também priorize os chamados ""grupos de sentimentos" -reuniões
com atletas e comissão técnica.
"O trabalho não é só de motivação. Nesses encontros, os jogadores apresentam as queixas, discutimos por que determinadas coisas
não deram certo", diz Targa.
De acordo com ela, é característico do ser humano, quando acossado ou proibido de se expressar,
apresentar reações como o boicote
a um parceiro ou ao grupo. Em outros casos, há desvios psicossomáticos (reações orgânicas produzidas por influências psíquicas), como predisposição a contusões.
"Se eu não falo com o guri ao
meu lado, dificilmente vou passar
a bola para ele", declara Targa.
Inscrito na Superliga somente no
dia final do prazo, com 3 vitórias
em 14 jogos, o Coop/Santo André
retoma nesta semana o acompanhamento iniciado em 98, quando
era patrocinado pela Philco.
""O mérito desse trabalho é que
os jogadores suportam melhor a
pressão. Ficamos sem patrocínio,
só recebemos quatro reforços já na
quinta rodada, e, mesmo assim, o
grupo não rachou", diz o técnico
Wagner Coppini, o Wagão.
A equipe mineira do Unincor
tem uma psicóloga para a equipe e
outra só para o meio-de-rede Bocão -que teve a carreira afetada
por envolvimentos com drogas.
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