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LEGISLAÇÃO
Governo e oposição interferem em ponto de cisão, o clube-empresa
Câmara costura acordo e aprova finalmente a MP79
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo e a oposição entraram em acordo, e o projeto de
conversão em lei da medida provisória 79, que trata da fiscalização de clubes e federações, foi
aprovado ontem na Câmara com
poucas alterações no texto do relator Gervásio Silva (PFL-SC).
Com o objetivo de destrancar a
pauta da Câmara -o que ocorria
desde a terça passada- e a expectativa de conseguir modificar o
projeto no Senado, para onde ele
foi encaminhado, a base governista aceitou preservar um dos dois
incisos que induziam os clubes a
se transformar em empresas,
principal ponto de discórdia.
Por esse parágrafo, segundo o
deputado Rodrigo Maia (RJ), interlocutor do PFL na questão, os
dirigentes dos clubes que virarem
empresa deixarão de colocar seus
bens particulares à disposição da
Justiça caso apliquem créditos ou
bens dos mesmos em proveito
próprio ou de terceiros. Como
empresas, embora sujeitos a uma
fiscalização mais rigorosa, eles
poderão perder "apenas" suas cotas acionárias nos clubes.
A sujeição dos bens dos dirigentes é especificada em texto do próprio parágrafo, de acordo com
dispostos do Código Civil. É uma
das novidades em relação à MP
original, editada em novembro,
poucos dias após a derrubada de
outra medida, a 39, conhecida como de "moralização do futebol".
Em contrapartida, a oposição
permitiu que fosse retirado o outro parágrafo que induzia a transformação dos clubes em empresas, via dinheiro público, ou seja,
que vetaria a cessão de verba do
governo a quem não mudasse.
No texto aprovado ficou ainda o
parágrafo que equipara clubes e
federações, independentemente
da forma jurídica, às empresas
para efeitos tributário, previdenciário e contábil, entre outros.
Permaneceram ainda outros artigos que tratam de fiscalizar os
dirigentes. Presente na redação
original, está o que determina o
afastamento imediato de dirigentes que incorram em inadimplência na prestação de contas de recursos públicos, da própria entidade ou de contribuições previdenciárias e trabalhistas.
Na quarta passada, PFL e PSDB
haviam conseguido mudar o projeto de conversão, com a volta de
artigos que constavam da MP original e que induziam clubes a se
transformarem em empresas e os
enquadravam ao Código Civil.
A base governista alegava que
essa indução pode ser interpretada como inconstitucional na Justiça, o que a oposição negava.
Após o acordo, dois pontos polêmicos foram colocados em votação em separado. O primeiro
sujeita o desporto à fiscalização
do Ministério Público e foi aprovado, apesar de o PTB ser contra.
O segundo autorizava e regulava a concessão de incentivos fiscais a quem investisse no desporto, em moldes semelhantes ao da
Lei Rouanet, que hoje é exclusiva
à cultura. A base governista obteve a maioria e excluiu o artigo.
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