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JUCA KFOURI
Não tem pequeno contra grande
Record x Globo, TV pública
x estatal, Justiça x crime, jogadores x clubes, é o
futuro que está em jogo
COMO JÁ é sabido, o Comitê
Olímpico Internacional bateu o martelo e a Rede Record
de Televisão ganhou o direito de
transmitir a Olimpíada de Londres,
em 2012. Por US$ 60 milhões, prejuízo na certa, mas isso é o de menos.
Beneficiada pela arrecadação do
dízimo, que não paga impostos ao
explorar a fé e a ignorância alheias, a
Record sinaliza para o corrupto
mundo do futebol que não está para
brincadeira e de burras abertas.
E a Globo Esporte, que a alimentou irresponsavelmente durante os
últimos anos, que se vire.
Para quem gasta R$ 250 milhões
por ano nas madrugadas de descarrego da rede da Igreja Universal do
Reino de Deus, seja lá o que isso for,
R$ 120 milhões por tamanha jogada
não representam quase nada.
A tendência natural é a de que se
torça para a Record derrubar o império, como se fosse Davi contra Golias, e até há quem se esforce para
convencer a opinião pública de que a
TV do bispo não vive mais das economias de seus evangélicos.
Só que não há luta alguma de pequeno contra grande.
O que há é um confronto entre a
hegemonia global e o fundamentalismo embutido nas ações da IURD.
A Globo Esporte, de fato, jamais se
preocupou em ser simpática ao torcedor e se aliou com o que há de pior
em nosso esporte para vencer.
Mas, muito mais que o esporte, o
futebol ou a audiência de TV, é o poder que está em jogo.
Jogo que, se a Igreja Católica,
aliás, pudesse jogar, também o faria.
TV pública
Ao contrário do que muitos
acham, se quisermos ter uma democracia de verdade, a TV pública
brasileira será uma necessidade.
Desde que seja, mesmo, pública.
Como a BBC.
Até o esporte se beneficiará, e, se
é difícil imaginar, hoje, uma TV
verdadeiramente pública no país,
que não seja correia de transmissão
dos poderosos da hora, um dia teremos que começá-la, como os britânicos fizeram, não sem crises e problemas. Para nossos filhos e netos.
Os russos chegaram
Hoje, no Gaeco, em São Paulo,
membros da Procuradoria Geral da
Rússia se reunirão com promotores públicos de São Paulo, os mesmos que fizeram o inquérito da
parceira formada entre MSI e Corinthians e concluíram que há fortes indícios de lavagem de dinheiro
no negócio.
O objetivo é o de estreitar relações no combate aos crimes internacionais, e o encontro coroa o esforço da embaixada russa no Brasil,
que vê no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado um dos principais obstáculos
às anunciadas pretensões de Boris
Berezovski no país.
Se bem que há quem jure que o
bilionário russo só pense em derrubar Vladimir Putin, o presidente da
fechada Rússia.
Portugal ensina
A Justiça portuguesa decidiu que
o jogador de futebol que quiser mudar de emprego não precisará mais
pagar multas contratuais. Bastará
que pague o que tem a receber do
clube até o fim do contrato. Uma
revolução do tamanho do caso Bosman (1995). E com imediato impacto na Comunidade Européia,
coisa que deverá chegar ao Brasil
nos próximos três anos, a julgar pelo espaço de tempo que separou o
caso do belga da Lei Pelé, de 1998.
E pensar que por aqui não são
poucos os que ainda vivem nostalgicamente esperando pela volta da
Lei do Passe, em vez de pensar em
se adequar aos novos tempos de
profissionalismo em todos os níveis do futebol. Porque, ao mesmo
tempo em que protestam contra a
decisão, os clubes portugueses, como o Benfica, tratam de ir para a
Bolsa de Valores e de incrementar
seu quadro de associados.
blogdojuca@uol.com.br
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