São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

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TOSTÃO

Muitos gols e muito chororô


Palmeiras triunfará em SP? Acabou o chororô do Botafogo? São Paulo voltará a atuar bem? Flamengo ganha hoje? Não sei


E XISTEM VITÓRIAS e derrotas no futebol que se tornam um marco, o início de grandes ascensões e quedas, mesmo quando essas partidas não são decisivas e de pouca qualidade técnica.
A principal derrota do Botafogo no ano passado, que produziu enormes efeitos negativos, foi para o São Paulo, no final do primeiro turno do Brasileiro. Era a disputa pela liderança e pelo melhor futebol que se jogava no Brasil. A derrota do Botafogo para o River Plate, quando o time argentino perdia e tinha dois jogadores a menos em campo, foi vergonhosa, porém uma conseqüência da anterior.
A partida contra o São Paulo foi muito esperada, o confronto entre dois estilos, o do Botafogo, mais ofensivo, bonito, de mais riscos e de mais toque de bola, e o do São Paulo, mais pragmático, de mais cuidados defensivos, de mais força física e de mais jogadas aéreas. Venceu o estilo pragmático.
O Botafogo perdeu o jogo e a cabeça. O time, que já tinha sido derrotado em decisões da Copa do Brasil e do Campeonato Carioca, não suportou a frustração e caiu em depressão. Cuca saiu para curtir a tristeza e depois voltou.
Já o São Paulo, após esse jogo, ficou ainda mais forte e ganhou com facilidade o Brasileiro.
A vitória do último domingo sobre o Flamengo, mesmo contra um time misto e em uma partida que não decidia nada, pode trazer grandes benefícios ao Botafogo, já que não ganhava do rival havia sete jogos e passava por uma grande pressão emocional. A vitória pode acabar com o chororô pela perda da Taça Guanabara.
Botafogo e Cuca precisam trocar as lamentações, achar que o clube é perseguido e que certas coisas só acontecem com o Botafogo, por uma postura mais otimista e vitoriosa.
Pena que o time é hoje pior individualmente do que o do ano passado. Mas a equipe continua com a mesma vibração e com a mesma eficiente e inovadora maneira de jogar.
A goleada sofrida pelo São Paulo, que não perdia havia 11 anos no Estadual para o Palmeiras, seria uma constatação da prolongada e progressiva queda do time?
Seria também um marco desse declínio, já que só agora o clube, a comissão técnica, os jogadores e parte da imprensa aceitaram essa realidade? Ou essa derrota será o aviso, o forte ruído que faltava para o time iniciar uma recuperação?
Do outro lado, já começou o açodamento e os exagerados elogios ao Palmeiras.
Após a goleada, o time palmeirense passou a ser o melhor do Brasil, antes da hora. Kléber deveria ser punido pela agressão a André Dias.
Se Adriano tivesse tocado um pouco para o lado e não perdesse o gol poucos minutos antes de o Palmeiras fazer o segundo, quando a partida estava equilibrada e próxima do final, provavelmente o São Paulo venceria e os comentários seriam outros.
Diriam que o Tricolor vence quando precisa, que Muricy Ramalho é melhor que Vanderlei Luxemburgo e ainda fariam excelentes análises táticas para explicar a vitória do São Paulo.
Há, em uma partida de futebol, dezenas de possibilidades e, com freqüência, não existe relação direta, sintonia, entre o resultado e o que acontece durante o jogo.


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