São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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AUTOMOBILISMO
Arranjo da McLaren na Austrália provoca reação da entidade, preocupada com a imagem da categoria
FIA promete punir camaradagem na F-1

da Reportagem Local

O Conselho Mundial da FIA, a entidade que controla o automobilismo no planeta, decidiu ontem em Paris não mais tolerar arranjos como o protagonizado pela McLaren no último GP da Austrália.
Em 8 de março passado, David Coulthard, que liderava a corrida, deixou seu companheiro Mika Hakkinen passar nas voltas finais.
O piloto escocês justificou seu ato afirmando que havia selado um acordo com o finlandês antes da corrida -quem estivesse à frente na primeira curva após a largada não seria ultrapassado.
No decorrer da prova, Hakkinen, líder desde a pole, acabou perdendo a posição devido a um erro de comunicação com os boxes. Informado do fato pela equipe, Coulthard resolveu trocar de posições com o companheiro para respeitar o acordo estabelecido.
A partir de agora, no entanto, os comissários estão orientados a punir com severidade qualquer manobra que possa denegrir a lisura da competição. Segundo a FIA, atos dessa espécie devem passar a ser interpretados de acordo com o artigo 151, item c, do Código Esportivo Internacional, o compêndio de regras do automobilismo.
Esse artigo, que trata das infrações ao regulamento, classifica como tal "qualquer conduta fraudulenta ou ato prejudicial aos interesses de uma competição ou aos do esporte a motor em geral".
Um dia após a realização do GP em Melbourne, os organizadores da corrida solicitaram à FIA uma sanção contra a McLaren.
Até mesmo as tradicionais casas de apostas londrinas expressaram preocupação com o ato de Coulthard -algumas até passaram a aceitar apostas nos times.
A FIA, porém, recusou-se a punir a McLaren, prometendo colocar o assunto em discussão na reunião de ontem, que acabou por optar pelo endurecimento.
A decisão do Conselho Mundial, assim, demonstra que a entidade não aprovou o cavalheirismo de Coulthard. Mas mediu as consequências de uma punição à equipe inglesa, que aumentaria ainda mais a polêmica sobre o episódio.
E as declarações de Ron Dennis, chefe da equipe, de que o acordo seria mantido por seus pilotos no GP Brasil, dia 29, parece ter determinado o tom da advertência.
Indagado, um assessor da McLaren limitou-se a afirmar que o time esperava maior detalhamento da determinação -não se sabe, por exemplo, qual seria a pena.
A polêmica sobre arranjos entre companheiros de time está em alta desde o final do ano passado.
No GP do Japão, Eddie Irvine cedeu a liderança a Michael Schumacher e segurou Jacques Villeneuve.
No GP da Europa, em Jerez, foi a vez do canadense premiar a McLaren com a vitória. (JHM)


Com agências internacionais


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