São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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JUCA KFOURI

Uma homenagem ao futebol


Sim, o Santos ainda não ganhou nada. E, vai ver, ainda não ganhou de ninguém. E nem jogou tão bem

OS MELHORES times do país estão na Libertadores, certo? Pois, nem tanto.
Porque dos cinco representantes brasileiros na competição continental, só o Inter segue vivo em seu pobre campeonato estadual.
O Santos, por exemplo, passou por dois deles, Corinthians e São Paulo, sem maiores dificuldades. Vai ver, de fato, têm razão os despeitados tricolores e corintianos que andaram dizendo que o Santos não ganhou de ninguém, além de não ter conquistado nada.
A segunda afirmação está por um triz, mas sempre algum chato, como este colunista, poderá dizer que o Paulistinha e nada é a mesma coisa, razão pela qual vamos aguardar o desfecho da Copa do Brasil.
Enquanto ele não vem, no entanto, olhemos para o que foi o jogo de ontem, apenas 3 a 0 na Vila Belmiro, sem que o Santos brilhasse.
Quem precisava vencer por dois gols era o São Paulo, que só não foi para o intervalo já perdendo de 2 a 0 porque no ataque do Santos estava Robinho e não André.
A maior estrela santista, mas certamente não seu melhor jogador, estava egoísta demais e, duas vezes, não passou para companheiros mais bem colocados fazer o gol no primeiro tempo. Além de ter ficado irritantemente em impedimento.
Primeiro tempo que ainda viu Rogério Ceni salvar um gol de Ganso e Alex Silva salvar outro de Neymar.
Os 3 a 0 do segundo tempo surgiram ao natural.
O Santos já tinha mostrado para quem quisesse ver que era maduro o suficiente para jogar com o regulamento na mão e que tinha sim defesa para sustentar um placar que lhe interessasse.
Tanto que o goleiro Felipe foi fazer sua primeira defesa quando já estava 1 a 0, depois do gol de Neymar que, ao ser empurrado na área, entrou de peixinho com ombro, braço, bola e tudo no gol são-paulino.
Sim, no primeiro tempo, o Santos, mesmo quando pressionado, não sofreu rigorosamente nenhum perigo de gol, porque sua zaga (e como jogou o Pará!) sempre chegou na hora agá.
A nova vitória santista é uma homenagem ao futebol e a um futebol no qual a bola é bem tratada e corre sem parar, como se os outros times andassem de Fusca e o Santos de avião, tamanha a diferença, algo assim como um disco em 78 rotações comparado ao de 33, coisa do passado, bem sei, como é coisa do passado aquele Santos dos anos 50 e 60.
A diferença está em que, além de não se poder cometer, ainda ao menos, tal heresia, aquele Santos tinha pela frente um Botafogo, um Palmeiras, depois um Cruzeiro, capazes de jogar na mesma dimensão, na mesma rotação, no mesmo patamar.
E, hoje, não tem time que, no Brasil, do Santos se aproxime.

CERTAS COISAS...
...só acontecem no Botafogo. Pois no dia em que morreu o botafoguense Armando Nogueira, o Botafogo entrou em campo para jogar à noite, coisa rara numa segunda-feira. E o Glorioso goleou. Ontem, parecia que o Botafogo, três vezes vice-campeão, queria o gol de empate do Flamengo, que até pênalti desperdiçou.
Mas se o Botafogo queria, mestre Armando não deixou. É campeão!

blogdojuca@uol.com.br


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