São Paulo, domingo, 19 de abril de 1998

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JUCA KFOURI
Lindo, lindo!

Linda Linda é o nome de fantasia dos laticínios da Agropecuária Santa Rosa Indústria e Comércio Ltda., de propriedade de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF.
Os produtos Linda Linda têm lugar de destaque na despensa da Granja Comary, em Teresópolis, local da concentração da seleção e de outras delegações esportivas brasileiras e estrangeiras.
Não são doações, porque, por mais atenção que o esporte mereça, benemerência também tem lugar e hora. Não seria mesmo o caso.
Os produtos nem sequer são vendidos a preço de custo, porque ter lucro também nunca foi pecado.
E, registre-se, as vendas dos produtos Linda Linda (de boa qualidade) são feitas com as devidas notas fiscais.
Pelo menos é o que se pode constatar por meio de 38 delas, entre 3 de agosto de 1994 e 3 de março de 1996.
Nesse período, apenas segundo a documentação que a coluna obteve, a CBF comprou 625 kg de queijo prato Linda Linda; de leite B foram 4.800 litros; queijo minas, um sucesso, mais de uma tonelada, precisos 1.044 kg; mussarela foram 444 kg; 267 kg de manteiga; 31 kg de doce de leite; 11 kg de requeijão e 136 kg de creme de leite; e, finalmente, 150 kg de queijo parmezão, tudo Linda Linda.
Estamos falando de 2.678 kg de laticínios Linda Linda diretamente da fábrica ao consumidor.
E, que tal, você também não gostaria de presidir uma entidade privada de utilidade pública, sem fins lucrativos, e vender para essa mesma entidade os produtos de sua fábrica, empresa privada de interesse particular e com fins lucrativos?
Eis aí uma das compensações, e das menores, pelo sacrifício de ocupar, há quase uma década, um cargo não remunerado.


Os bioquímicos protestaram contra o comentário feito aqui sobre o fato de só no Brasil uma comissão antidopagem, a da CBF, ser presidida não por um médico e sim por um deles.
Recebi mil explicações sobre a habilitação dos profissionais dessa área para tanto, e não tenho por que duvidar.
Constato, apenas, uma realidade -acrescida do desconforto dos médicos dos grande clubes com a situação.
Principalmente porque esses médicos não confiam nem no presidente da comissão nem nos métodos que têm sido utilizados depois que os frascos de urina são entregues à CBF.



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