São Paulo, domingo, 19 de abril de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O PERSONAGEM 2

Paulo Nunes passou fome
da Reportagem Local

"É bom que saia alguma coisa. O pessoal em Pontalina diz que eu não falo nada da cidade."
A frase é do atacante Paulo Nunes, que ilumina o rosto para responder sobre o município onde nasceu, há 26 anos.
Como o rival França, ele veio de uma cidade perdida nos confins do país.
Localizada no sul de Goiás, a 120 km de Goiânia, Pontalina tem cerca de 20 mil habitantes, entre os quais os pais e familiares do jogador.
Adolescente, foi para o Rio, onde iniciou carreira profissional no Flamengo.
Com um salário mensal de aproximadamente R$ 90 mil, o atacante conta que passou fome na infância.
Co-artilheiro do Paulista, Paulo Nunes considera o São Paulo favorito hoje, mas diz que o Palmeiras está com "mais garra". (FV)

Folha - Como foi seu início de carreira em Pontalina?
Paulo Nunes -
Eu tinha de 12 para 13 anos e jogava em um time de várzea, o Real Esporte Clube. Pagava R$ 1,00 para entrar num caminhão que nos levava para jogar em municípios a 40 km de distância.
Folha - A caçamba era a única dificuldade?
Paulo Nunes -
Não, eu às vezes não tinha o que comer, cheguei a passar fome. Não tinha nem um tênis para jogar bola.
Folha - Você acha que, de certa maneira, esses obstáculos podem ter sido estímulos para sua carreira?
Paulo Nunes -
Quando você não tem nada, tem que arriscar tudo. Larguei o colégio pelo futebol. O cara que vem de fora tem mais vontade de vencer; ele é obrigado a isso.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.