São Paulo, Segunda-feira, 19 de Abril de 1999
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Dois clássicos para fazer o domingo feliz

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

Tudo apontava para um jogo morno no Morumbi: os dois times folgados na tabela do Paulistão e de olho em outras competições (o São Paulo na Copa do Brasil e o Palmeiras na Libertadores).
Mas o que se viu foi uma festa, um banquete, uma fartura. Oito gols, brigas, expulsões a granel, defesas milagrosas, lances espetaculares.
O São Paulo foi melhor quase o tempo todo. O "quase" fica por conta do posicionamento falho da defesa nas bolas altas -o que ocasionou os quatro gols verdes, todos de cabeça.
Pena que Serginho, o melhor do São Paulo e da partida, tenha tido que sair antes da hora, contundido. Foram dele os momentos mais bonitos e empolgantes da tarde, sobretudo a perfeita cobrança de falta, no ângulo, e o drible desconcertante em Roque Júnior, antes do cruzamento preciso para o segundo gol de Dodô.
Serginho é hoje no São Paulo o que era Denílson um ano atrás: o homem que faz o inesperado e o impossível, e que sempre desequilibra em favor de seu time.
Do lado do Palmeiras, desfalcado e cansado pela batalha de quarta-feira com o Vasco, talvez Oséas e Jackson devessem ter entrado mais cedo. O primeiro, para aproveitar a fragilidade aérea da defesa tricolor. O segundo, para dar mais mobilidade e leveza à ligação do meio-campo com o ataque alviverde, setor em que Alex, ontem, não se achou.
Foi, de todo modo, um espetáculo que merecia um público muito maior que as pouco mais de 30 mil pessoas que foram ao Morumbi.

Por falar em público, há poucas coisas mais lindas no mundo que o Maracanã cheio num domingo de decisão. Se bem que lá, ao contrário do que ocorreu no Morumbi, a torcida é que merecia mais de Flamengo e Vasco.
Não que o jogo tenha sido ruim. Houve belos gols, algumas boas jogadas, muito empenho. Mas foi um futebol truncado, de muitas faltas e poucas jogadas trabalhadas.
Romário tocou pouco na bola, mas decidiu, ao mostrar que, para ele, o menos vale mais. A marcação implacável de Nasa -que fazia lembrar aqueles "fantasmas" frequentes nos televisores precários de antigamente- não bastou para segurar o matador.
Na primeira bola que recebeu, Romário deixou na saudade o vascaíno com apenas um toque. Um segundo toque, de esquerda, jogou a bola no outro canto de Carlos Germano: gol do Flamengo.
Aliás, o técnico Antonio Lopes que me desculpe, mas acho uma bobagem colocar um trator para exercer "marcação chiclete" sobre um craque como Romário. Seria muito mais eficiente, a meu ver, designar para a tarefa um jogador mais técnico, ágil e inteligente, como Mauro Galvão.
E o esplêndido Athirson, que abriu o placar com um golaço e desperdiçou a chance de ampliar a vantagem rubro-negra no segundo tempo, vem reforçar a safra de bons laterais-esquerdos do futebol brasileiro.

Dá gosto assistir a uma transmissão de futebol pela ESPN Brasil. Há informação, agilidade, ninguém fala besteira... e não tem pagode no intervalo.


E-mail: jgcouto@uol.com.br

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