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Dois clássicos para fazer o domingo feliz
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Tudo apontava para um jogo
morno no Morumbi: os dois times folgados na tabela do Paulistão e de olho em outras competições (o São Paulo na Copa
do Brasil e o Palmeiras na Libertadores).
Mas o que se viu foi uma festa, um banquete, uma fartura.
Oito gols, brigas, expulsões a
granel, defesas milagrosas, lances espetaculares.
O São Paulo foi melhor quase
o tempo todo. O "quase" fica
por conta do posicionamento
falho da defesa nas bolas altas
-o que ocasionou os quatro
gols verdes, todos de cabeça.
Pena que Serginho, o melhor
do São Paulo e da partida, tenha tido que sair antes da hora,
contundido. Foram dele os momentos mais bonitos e empolgantes da tarde, sobretudo a
perfeita cobrança de falta, no
ângulo, e o drible desconcertante em Roque Júnior, antes
do cruzamento preciso para o
segundo gol de Dodô.
Serginho é hoje no São Paulo
o que era Denílson um ano
atrás: o homem que faz o inesperado e o impossível, e que
sempre desequilibra em favor
de seu time.
Do lado do Palmeiras, desfalcado e cansado pela batalha de
quarta-feira com o Vasco, talvez Oséas e Jackson devessem
ter entrado mais cedo. O primeiro, para aproveitar a fragilidade aérea da defesa tricolor.
O segundo, para dar mais mobilidade e leveza à ligação do
meio-campo com o ataque alviverde, setor em que Alex, ontem, não se achou.
Foi, de todo modo, um espetáculo que merecia um público
muito maior que as pouco mais
de 30 mil pessoas que foram ao
Morumbi.
Por falar em público, há poucas coisas mais lindas no mundo que o Maracanã cheio num
domingo de decisão. Se bem
que lá, ao contrário do que
ocorreu no Morumbi, a torcida
é que merecia mais de Flamengo e Vasco.
Não que o jogo tenha sido
ruim. Houve belos gols, algumas boas jogadas, muito empenho. Mas foi um futebol truncado, de muitas faltas e poucas
jogadas trabalhadas.
Romário tocou pouco na bola, mas decidiu, ao mostrar
que, para ele, o menos vale
mais. A marcação implacável
de Nasa -que fazia lembrar
aqueles "fantasmas" frequentes nos televisores precários de
antigamente- não bastou para segurar o matador.
Na primeira bola que recebeu, Romário deixou na saudade o vascaíno com apenas
um toque. Um segundo toque,
de esquerda, jogou a bola no
outro canto de Carlos Germano: gol do Flamengo.
Aliás, o técnico Antonio Lopes que me desculpe, mas acho
uma bobagem colocar um trator para exercer "marcação
chiclete" sobre um craque como Romário. Seria muito mais
eficiente, a meu ver, designar
para a tarefa um jogador mais
técnico, ágil e inteligente, como
Mauro Galvão.
E o esplêndido Athirson, que
abriu o placar com um golaço e
desperdiçou a chance de ampliar a vantagem rubro-negra
no segundo tempo, vem reforçar a safra de bons laterais-esquerdos do futebol brasileiro.
Dá gosto assistir a uma transmissão de futebol pela ESPN
Brasil. Há informação, agilidade, ninguém fala besteira... e
não tem pagode no intervalo.
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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