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FUTEBOL
Em carta a Platini, dirigente faz defesa de inchaço do Mundial de 2006
Sul-Americana apela por
"galinha dos ovos de ouro"
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Antes convicta de que a proposta de inchar a Copa seria aprovada, a América do Sul decidiu mudar a estratégia para tentar emplacar seu projeto na Copa de 2006.
O medo da derrota no Comitê
Executivo da Fifa fez a Conmebol
apelar a um tom emocional para
evitar que os europeus matem a
"galinha dos ovos de ouro" ao rechaçar o aumento do número de
seleções de 32 para 36.
A Folha teve acesso a uma correspondência enviada pelo argentino Julio Grondona, sucessor
imediato de Joseph Blatter em caso de impedimento do atual presidente da Fifa, ao francês Michel
Platini, que dirige o Comitê Técnico da entidade. Cópia da carta,
datada de 6 de maio, foi enviada
também a Franz Beckenbauer,
presidente do Comitê Organizados da Copa da Alemanha.
Os dois ex-craques posicionaram-se contra a proposta da Sul-Americana, que quer cinco vagas
no próximo Mundial. Os comitês
presididos pelos ex-atletas reprovaram a alteração e deram fôlego
a Blatter, que defende a manutenção da Copa com 32 seleções.
Apelando a um tom "paternal",
como ele próprio definiu na carta,
o presidente da Associação de Futebol Argentino, um dos homens
fortes da Sul-Americana, disse a
Platini que, se a Europa mantiver
seu projeto "mesquinho" de Copa, aniquilará o torneio.
"Peço que atue com grandeza.
Quem fala de muito tempo ou de
algum transtorno econômico não
sabe o que diz. Não há competição mais esperada que o Mundial.
Não matemos a galinha dos ovos
de ouro pretendendo defendê-la
com argumentos equivocados e
mesquinhos. Peço que reconsidere", escreveu Grondona a Platini.
O principal articulador do inchaço vai além. "O Mundial é de
todos e para todos, não um torneio mesquinho da Europa x Resto do Mundo. Reclamo consideração, respeito pelo trabalho, pela
tradição e pela história."
Em outro trecho da carta, de
cinco páginas, Grondona insinua
que a Conmebol não ajudará a
Europa se, em 2010, com a Copa
na África, o continente pedir mais
vagas. "A intransigência de hoje
pode ser a necessidade de amanhã. Falo com todas as letras. Hoje por mim e amanhã por ti."
O ato de Grondona evidencia o
racha existente na cúpula da Fifa.
Em 29 de junho, o Comitê Executivo da Fifa se reunirá em Paris
para colocar em votação a proposta da América do Sul.
Para que o inchaço saia do papel, a Conmebol idealizou um regulamento que prevê, pela primeira vez em Copas, a disputa de
uma repescagem com a competição já em andamento.
As 36 seleções seriam divididas,
na primeira fase, em nove grupos
de quatro times cada um. Ganhariam vaga para as oitavas os campeões de cada chave e os cinco
melhores segundo colocados. As
outras duas vagas para a segunda
etapa sairiam da repescagem. O
sexto melhor segundo colocado
enfrentaria o nono, em jogo único. O sétimo pegaria o oitavo.
Para obter a aprovação, são necessários 12 dos 24 votos do comitê, já que Blatter só é chamado se
houver empate. A Conmebol contabiliza dez votos. Se convencer
Platini, que também tem direito a
voto, acredita que sairá de Paris
com cinco vagas.
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