CARLOS AURELIO MIRANDA
da Sucursal do Rio

O presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, anunciou ontem a aprovação, pelo Conselho Diretor do clube, da proposta de parceria com a empresa suíça de marketing esportivo ISL (International Sports Licensing).
O acordo ainda precisa ter a aprovação final da maioria dos 1.510 membros do Conselho Deliberativo, que analisarão o contrato dentro dos próximos 60 dias.
A proposta prevê um investimento de US$ 80 milhões (R$ 133 milhões) no futebol e nos esportes olímpicos, num prazo de 15 anos.
Estão previstas também a criação da Flamengo Licenciamento S.A., empresa que gerenciará o marketing esportivo e a marca Flamengo. Se o contrato for assinado, ainda em 99, serão investidos US$ 28 milhões, sobretudo no pagamento das dívidas do clube, que hoje estão estimadas em R$ 70 milhões.
Metade do total dos recursos seria usada para construir um centro de treinamento (o Ninho do Urubu), em Vargem Grande (zona oeste do Rio), adquirir o Fla-Barra (atual centro de treinamento, cujo terreno é alugado) e sanear as dívidas, adaptando o time à Lei Pelé e proporcionando a criação da FlaPar (Flamengo Participações S.A.), para a gestão do futebol.
O controle do departamento de futebol permanecerá com o clube, segundo Silva.
A outra metade do dinheiro seria investida na contratação de jogadores, começando pela compra dos passes dos atacantes Caio e Leandro e dos meias Beto e Jorginho, que já estão no clube, avaliados em um total de US$ 10 milhões.
O dirigente evitou comentar outros possíveis reforços, mas lembrou os nomes dos jogadores Aldair (Roma) e Leonardo (Milan), campeões mundiais em 94 e formados pelo clube carioca.
A ISL estuda ainda a viabilização da construção de um estádio para 60 mil pessoas, na Barra da Tijuca ou na Baixada Fluminense. Esse investimento está orçado em US$ 100 milhões, mas a ISL não arcaria com a despesa.
Segundo o presidente do Flamengo, nos 15 anos da parceria, os lucros com venda de produtos da marca Flamengo, cotas de amistosos e por participação em competições, contratos publicitários e direitos de TV serão divididos meio a meio entre o Flamengo e a ISL. Até a multinacional amortizar o investimento no clube, o que deve levar cerca de cinco anos, não haverá distribuição de lucros.
"Os atuais patrocinadores do Flamengo (Petrobrás e Umbro) terão que acompanhar nosso avanço na parceria do marketing esportivo", disse.
Segundo o presidente do clube, poderão ser estudadas novas propostas de patrocínio, a serem apresentadas pela ISL.
Edmundo Silva disse também que, se o governo do Estado anunciar a terceirização ou a privatização do complexo esportivo do Maracanã (estádio de futebol Mário Filho, estádio de atletismo Célio de Barros e parque aquático Júlio Delamare), a provável parceria Flamengo-ISL teria interesse em participar da concorrência.
A empresa é a atual gerenciadora do marketing da Fifa (entidade que dirige o futebol mundial) e detentora dos direitos da Copa do Mundo, da Eurocopa e dos torneios Super 9 da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
A proposta de parceria com a empresa norte-americana Hicks, Muse, Tate & Furst, que acertou com o Corinthians, por intermédio da Traffic, foi descartada pelo Conselho Diretor do Flamengo.
"Eles propuseram investir US$ 32 milhões em um prazo de dez anos, mas pediram mais 45 dias para encontrar patrocinadores", explicou Edmundo Silva.


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