São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2001

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Dida, Antônio Carlos, Serginho e Rivaldo são problemas para treinador

Era Scolari vive pane logo no primeiro dia

Suspensão, contusão, problemas pessoais e desavenças com clube tumultuam a estréia e inviabilizam a estratégia do técnico da seleção para o jogo contra o Uruguai

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

Em seu primeiro dia de trabalho à frente da seleção brasileira, o técnico Luiz Felipe Scolari viu ruir seu plano e o da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) de uma preparação impecável para o jogo contra o Uruguai, no próximo dia 1º, em Montevidéu, pelas eliminatórias da Copa do Mundo.
O lateral-esquerdo Serginho, do Milan (ITA), pediu dispensa, alegando problemas pessoais. O goleiro Dida, também do Milan, deve ser suspenso pela Fifa por ter atuado com passaporte falso. Antônio Carlos, zagueiro da Roma (ITA), se machucou anteontem.
Por fim, o meia-atacante Rivaldo só deve ser liberado pelo Barcelona (ESP) cinco dias antes da partida de Montevidéu, o que contraria promessa da CBF.
Além dos problemas com os "estrangeiros", Scolari também será obrigado a liberar por três dias os convocados de clubes que disputam a partir de sábado a Copa dos Campeões, no Nordeste.
O Cruzeiro quer contar com o zagueiro Cris, assim como o São Paulo espera ter o lateral Belletti, e o Corinthians não abre mão do atacante Ewerthon.
Para complicar ainda mais, o zagueiro Lúcio, do Bayer Leverkusen (ALE), também sente dores em um dos pés e é dúvida.
A apresentação dos "estrangeiros" está marcada para amanhã, na Granja Comary, em Teresópolis, região serrana do Rio, onde Scolari e os demais jogadores estão desde ontem pela manhã.
Apesar dos problemas, Antônio Carlos, Lúcio e Dida são aguardados amanhã pelo treinador. Os dois primeiros serão submetidos a exames médicos.
"Eu imaginava fazer um determinado trabalho, mas vou ter que mudar. Terei que realizar treinos diferentes do que imaginava", disse Scolari ontem.
O técnico, no entanto, manteve o discurso confiante que adota desde que assumiu o cargo, terça-feira passada. "A gente vai superar isso. Vamos chegar lá."
Na comissão técnica da seleção, Dida já está praticamente descartado. O goleiro teve sua suspensão de dois anos pedida por um fiscal da Federação Italiana que investigou o passaporte do brasileiro.
Dida, segundo a investigação, está na Itália com um documento falsificado, que o permite atuar como jogador comunitário.
Se a Comissão Disciplinar da federação decidir, a partir de hoje, pela suspensão, a Fifa, entidade máxima do futebol, deve estendê-la para todos os continentes, o que impossibilitaria Dida de atuar contra o Uruguai.
Para o lugar dele deve ser chamado o goleiro Júlio César, do Flamengo, que se destacou no Estadual do Rio de Janeiro.
A vaga de Serginho na seleção de Scolari deve ser preenchida por Júnior, do Parma (ITA), que se recupera de contusão no joelho, ou por Felipe, do Palmeiras.
A situação de Rivaldo coloca por terra a promessa feita pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de que os "estrangeiros" estariam no Brasil pelo menos dez dias antes do jogo contra o Uruguai. A seleção está na quarta posição das eliminatórias. Os quatro melhores se classificam. O quinto disputará repescagem contra o campeão da Oceania.
Segundo a CBF, a diretoria do Barcelona descumpriu acordo acertado com Teixeira.
Pelas regras da Fifa, os clubes só são obrigados a liberar os jogadores cinco dias antes dos jogos válidos pelas eliminatórias.
Sobre os jogadores "brasileiros" da seleção, Scolari declarou ontem que deve liberá-los para jogar a primeira rodada da Copa dos Campeões, no sábado.
Em seguida, eles seriam reintegrados em Teresópolis aos demais jogadores convocados para o duelo contra o Uruguai.


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