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BASQUETE
Bolo Califórnia
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Q ue ironias. A NBA jamais valorizou tanto o jogo individual. Mas a taça parou
nas mãos do time que praticou o
basquete coletivo com mais eficiência. O ano registrou o torneio mais equilibrado da história. Mas nunca uma equipe chegou tão facilmente ao título.
O Los Angeles Lakers demoliu
recordes e até entediou o torcedor tamanha a sua superioridade ao longo dos playoffs. Tem
tudo para estender o bicampeonato e formar a primeira dinastia do milênio. Saiba por quê:
1) Shaquille O'Neal e Kobe
Bryant são os dois melhores jogadores da NBA, simples e claro.
Aprenderam, enfim, a compartilhar seus talentos em quadra.
E estão garantidos juntos, por
contrato, pelo menos até 2004.
2) Tanto O'Neal como Bryant
têm potencial para anotar mais
de 30 pontos por jogo. Mas é na
marcação que ambos desequilibram nos momentos decisivos.
O primeiro, com 2,16 m e 140 kg,
entope o garrafão, inibe as infiltrações do adversário e libera
seus colegas para arriscar nos
desarmes. O segundo foi eleito já
aos 21 anos um dos cinco melhores defensores da liga -proeza
que Michael Jordan alcançou
somente aos 25 anos.
3) O zen-budista Phil Jackson
continua em ótima forma. Ignorou a histeria de parte da mídia,
que passou o primeiro semestre
cobrando que o técnico interviesse para apaziguar a rivalidade histórica entre O'Neal e
Bryant. Deixou que os dois se
acertassem sozinhos, o que de
fato ocorreu. Jackson aproveitou atletas desenganados, como
Ron Harper e Brian Shaw. Descobriu utilidade em novatos
desconhecidos, como Tyronn
Lue. Em 11 anos como técnico,
ostenta 8 troféus. Está a um título do recorde do legendário Red
Auerbach, do Boston Celtics que
dominou os anos 60.
4) Nunca o esquema de triângulos se encaixou tão bem. O
Chicago Bulls, que celebrizou essa tática, improvisava os versáteis Michael Jordan e Scottie
Pippen no vértice imaginário de
dentro do garrafão. Os Lakers
usam um pivô legítimo na posição, no caso o melhor da liga.
O'Neal pode tanto partir em direção da cesta como explorar os
colegas ignorados pela marcação -é ótimo passador.
5) Os triângulos engasgavam
em quase todas as partidas dos
Bulls. O hexacampeão da NBA
era frequentemente resgatado,
sobretudo no último quarto, pelo talento individual de Jordan.
Nos Lakers, a tática parece mais
fluida. As investidas do criativo
Bryant agora são mais raras,
menos necessárias. Pudera, os
Lakers só estiveram atrás no
placar em 3 dos 16 embates dos
playoffs. Nos demais, administraram a vantagem.
6) Todos os coadjuvantes tiveram seus momentos de superação nos mata-matas. Abastecidos por O'Neal, Robert Horry e
Derek Fisher alternaram-se com
sucesso na artilharia de longa
distância. Lue destacou-se na
defesa carrapato sobre Allen
Iverson, a estrela do Philadelphia, adversário nas finais. E
Rick Fox funcionou como argamassa, adaptando sua contribuição a cada rodada.
7) Os Lakers podem gastar até
US$ 4,5 milhões em reforços na
próxima temporada. É dinheiro
suficiente para melhorar o grupo que cumpriu a melhor campanha da história dos playoffs
(15 vitórias e só 1 revés), que não
tropeçou fora de seu ginásio
(uma façanha inédita na NBA),
que parece imbatível mesmo.
Até 2001/2002.
Título 1
Em 15 ocasiões nestes mata-matas da NBA, um atleta anotou
mais de 40 pontos. O recorde anterior era de 11 (1962, 1977 e
1995). Iverson, o dínamo do Philadelphia, foi o destaque, com
seis explosões. Somados, O'Neal e Bryant emplacaram quatro.
Título 2
Ron Harper e Horace Grant, que escoltaram Phil Jackson tanto
no Chicago como no Los Angeles, devem se aposentar. Mitch
Richmond (Washington) e Jerome Williams (Toronto) estão
na mira do clube angeleno para essas posições.
Título 3
Para a alegria californiana, o futuro não sorri aos adversários.
San Antonio e Utah estarão ainda mais envelhecidos. Sacramento, Portland, New York e o próprio Philadelphia vão ter de
se reconstruir. Só o Orlando, talvez o Dallas, poderão assustar.
E-mail: melk@uol.com.br
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