São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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OITAVAS/ ONTEM

Técnico mexe para manter placar, e time perde controle do jogo

Itália se retrai e é castigada com virada e eliminação

DO ENVIADO A DAEJEON

O pragmatismo tático, que antes culminava em bons resultados, dessa vez castigou a Itália.
Com a vantagem de só um gol, o técnico Giovanni Trapattoni deixou a ousadia, para os padrões de seu país, de começar com três atletas ofensivos e preferiu se defender melhor, o que o levou a ver a Coréia do Sul virar um jogo que parecia sob controle.
Disposto a buscar a vitória para evitar o fantasma dos pênaltis -a Itália havia sido eliminada assim nos três Mundiais anteriores-, o treinador, pela primeira vez nesta Copa, iniciou uma partida com Totti, Del Piero e Vieri juntos.
O plano só não fez água no início graças ao goleiro Buffon, que defendeu um pênalti, batido com pouca força por Ahn Jung-hwan.
Esse lance abalou a confiança sul-coreana. Com Del Piero recuado para armar e servir Vieri, a Itália passou a dominar. Os europeus abriram o placar aos 18min, após Totti cobrar escanteio e Vieri cabecear forte na pequena área. Foi o quarto gol dele no torneio.
A partir desse momento, a partida ficou violenta, com desleais cotoveladas dos dois lados, sem que o juiz, o equatoriano Byron Moreno, expulsasse alguém.
Na volta do intervalo, o panorama pouco mudou. A Coréia ficava com a bola na maioria do tempo, mas não achava espaço para finalizar e ainda era ameaçada pelos rápidos contra-ataques italianos.
Foi então que os dois treinadores começaram a fazer substituições que acabaram sendo cruciais para o destino da partida.
Quem iniciou tudo foi Trapattoni, ao tirar Del Piero e pôr o meia Gattuso, aos 21min do segundo tempo. Na sequência, o técnico holandês Guus Hiddink trocou Kim Tae-young, um marcador, pelo atacante Hwang Sun-hong.
Ainda na etapa final, mais dois atacantes entraram na Coréia.
Assim, como um time pequeno, a Itália se encolheu, enquanto o rival atacava como equipe grande.
O castigo para a covardia de um e a coragem de outro surgiu aos 43min, quando Panucci não conseguiu dominar na área uma bola, que sobrou para Seol Ki-hyeon chutar forte e superar Buffon.
"Seria melhor perder por mais gols do que não tentar", disse Hiddink sobre sua tática ousada.
Na prorrogação, mesmo com direito ainda a uma substituição, Trapattoni não alterou o time, apesar de ter os atacantes Inzaghi e Montella no banco de reservas.
A situação italiana piorou mais aos 13min do primeiro tempo da prorrogação. O árbitro entendeu que Totti, que já havia recebido o amarelo, simulou falta na área sul-coreana e o expulsou, o que deixou Vieri sozinho no ataque.
O golpe final na Itália aconteceu quando restavam apenas três minutos para o fim do tempo extra. Depois de um longo cruzamento, Ahn Jung-hwan subiu mais do que Maldini para marcar o gol que classificou seu time e eliminou a Itália em uma prorrogação pela primeira vez nas Copas.
Após o jogo, técnico e atletas da Itália apontaram o juiz como culpado pela derrota. Moreno teria errado ao expulsar Totti e dado impedimento em um gol legal.
"Quando estivermos de volta, em um ambiente idôneo, eu irei falar sobre a arbitragem", afirmou, revoltado, o presidente da Federação Italiana de Futebol, Franco Carraro. (PAULO COBOS)



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